Criado por Mayara Portugal em qui, 03/11/2016 - 10:46 | Editado por Patrícia Pereira há 8 anos.
O 5 de novembro de 2015 fica marcado como o dia de uma das maiores tragédias socioambientais dos últimos anos. O desastre, que completa um ano no próximo final de semana, ocorreu na região do entorno da Universidade Federal de Ouro Preto. Nos meses que sucederam à tragédia, começaram a ocorrer encontros e reuniões, acordos e parcerias, debates e eventos. Muitos envolvendo boa parte da comunidade acadêmica disposta a colaborar com projetos, pesquisas, trabalhos e ações em prol dos atingidos e da recuperação do Rio Doce.
Em setembro deste ano, a assinatura de um protocolo de intenções entre a UFOP, UFMG e Ufes, resultou na criação do Observatório Interinstitucional Mariana - Rio Doce, uma parceria que visa unir esforços das três universidades no âmbito da pesquisa, ensino e extensão.
Entre outras ações, a UFOP conta ainda com uma pesquisa própria, nos mesmos moldes, que será agregada também à ação conjunta das três instituições de ensino. Além de incentivar o desenvolvimento de pesquisas e projetos de extensão voltados às comunidades atingidas, a ação tem como principal objetivo disponibilizar informações e conhecimento técnico para a população, políticas públicas, pesquisadores e outras instituições, de forma a diminuir a dispersão de estudos sobre a região.
A professora Carolina Maranhão, do departamento de Administração da UFOP, faz parte desse projeto e ressalta a importância da parceria entre as instituições para o desenvolvimento de ações. "A ousadia desse projeto é tentar quebrar as barreiras geográficas e da Universidade para fazer valer o papel dela na sociedade em que está inserida e, a partir disso, produzir conhecimento e tecnologia, cumprindo com nossa missão nesse espaço.", afirma.
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Rio da Gente
Nos últimos dias, uma série de eventos e debates vem acontecendo em Mariana e região, com a proposta de lembrar o desastre e debater as consequências do primeiro ano após a tragédia. Um deles foi o Seminário Rio de Gente, realizado pelo Greenpeace em parceria com o projeto Rio de Gente e apoio da UFOP.
O Seminário reuniu pesquisadores independentes de universidades brasileiras, especialistas e representantes de comunidades atingidas, que apresentaram resultados parciais de estudos realizados após seis meses de análises de campo. No primeiro dia de evento, após a cerimônia de abertura, realizada por Carlos Eduardo Ferreira Pinto, promotor de justiça do Meio Ambiente do Ministério Público de Minas Gerais, a programação seguiu com apresentação e debates que abordaram temas como água, fauna, flora, impactos sociais e direitos dos atingidos.
Na mesa sobre água, o convidado André Almeida, mestrando da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), ressaltou a importância do investimento em técnicas e recursos para o desenvolvimento da pesquisa, além da necessidade de levar esse conhecimento para fora do meio acadêmico. “É preciso que haja interesse em criar um socorro voltado ao tratamento de água. A conscientização de que todos precisamos dessas pessoas, pois são elas que produzem 70% do que nós consumimos. Precisamos pensar na questão da água como um meio de sobrevivência”, afirma.
Em outra mesa, Maria Rita Pires, professora da UFOP, reforçou a necessidade do investimento e da pesquisa realizada nas áreas atingidas. “Nesse momento pós-acidente, ficamos desolados e não conseguimos pensar em ações. O melhor resultado alcançado será a volta da própria fauna”, ressalta.
Consultada acerca das ações realizadas pela UFOP em prol da assistência aos atingidos e às pesquisas realizadas, a convidada Malu Ribeiro, coordenadora do Setor das Águas da Fundação SOS Mata Atlântica, evidenciou a importância acadêmica e social da universidade para o ocorrido. “Nosso primeiro contato com a UFOP foi através de um grupo, formado também por outras instituições, que nos acompanhou e auxiliou na coleta de materiais até determinado ponto. Já na leitura de dados coletados, acredito que faltou uma participação mais ativa da instituição. Seria legal haver uma junção de tudo que está sendo realizado para apresentar o conteúdo produzido.”, completa.
No último dia do evento aconteceu uma visita de campo guiada à Bento Rodrigues. Após a visita, um diálogo livre foi promovido para discutir como impulsionar a recuperação do Rio Doce.
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