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Ato do (R)existir é Preciso traz diálogo sobre tristeza e depressão

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Thiago Barcelos
Solidão. Opressão. Racismo. Estupro. Desigualdade. Política. Vaidade. Esses foram alguns dentre os tantos medos e tristezas explicitados em cartas e bilhetes de alunos, professores e marianenses. As inquietações foram lidas na roda de conversa “Tristeza e Depressão no meio acadêmico” realizada no 4º ato do coletivo (R)existir é preciso. O evento, com o tema “O que nos entristece?”, ocorreu na quinta (16) no Instituto de Ciências Sociais Aplicadas (ICSA). 
 
A mesa sobre tristeza e depressão contou com a participação da psicóloga da UFOP, Sandra Augusta, e os professores do Mestrado em Educação, Erisvaldo dos Santos e Claudia Itaborahy, também psicóloga. O diálogo foi mediado pelo mestrando em Comunicação e Temporalidades, Saulo Rios. 

Sandra enumerou alguns fatores que podem contribuir para a tristeza, e, em casos mais profundos, a depressão. Entre as causas apresentadas estão a baixa tolerância à frustração, o individualismo e a crença de que tudo que se conquista não é mais que obrigação da própria vida, inibindo o sentimento de gratidão. 

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Thiago Barcelos
Esse é o quarto ato promovido pelo coletivo.
Para Cláudia, além das tristezas que sabemos as origens e motivos, como ocorre com todo sujeito, devemos nos atentar àquelas que não sabemos a motivação. “Quando você tem uma falta de significantes para dizer o que sofre é um pouco mais complicado. Por isso, a necessidade de verbalizar é importante. Verbalizar pode ser escrever, ler, dar sentido a essas coisas muito soltas”, ensina. 

Ela observa também que o índice de suicídio é maior entre os homens. O fator está relacionado também a questões culturais; assim, o homem demora ou não busca ajuda e, às vezes, não tem espaço para verbalização. As mulheres procuram mais auxílio com psicólogos ou mesmo em diálogos com pessoas próximas. Por outro lado, as mulheres se deprimem mais, o que, segundo Cláudia, além das questões subjetivas, pode estar relacionado ao machismo. 

A psicóloga afirma também que pesquisas recentes apontam o adoecimento de travestis e transexuais, sendo que 80% deles já pensaram em suicídio. “Não podemos desconsiderar que cada um tem um motivo próprio para a depressão. Se pensarmos na direção dos LGBT, a maioria dos casos está ligada à questão da autoaceitação e da aceitação social”, assinala.  

Já o professor Erisvaldo compartilhou seus conhecimentos como Sacerdote e a formação em Filosofia para construir um diálogo entre filosofia e religião. De acordo com ele, a religião entra na vida do indivíduo na expectativa de preencher um vazio do existir, gerado a partir de um pensamento filosófico e religioso que enxerga o ser humano como “um ser inacabado e infeliz”. O professor destaca que “toda relação religiosa é uma relação que visa o preenchimento do vazio, do empoderamento, em termos de força, do existir. O indivíduo existe cada vez mais forte, se conseguir existir com esse outro, que é cada um presente na sua divindade, e na natureza”. 

(R)EXISTIR - O (R)existir é preciso é um coletivo composto por professores e estudantes de Jornalismo. Criado em 2016, o (R)existir surgiu das inquietações de seus membros à crise política que o Brasil enfrenta, tendo surgido pouco antes do Impeachment da presidente Dilma Rousseff, tida como Golpe pelo coletivo. Segundo um dos idealizadores da ação, professor Cláudio Coração, "essa resistência vai do sentido mais abrangente, passando pelo estado de exceção, ao golpe, e aos golpes decorrentes do golpe".

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