Em meio aos cortes de bolsas de pós-graduação impostos pelo Governo Federal, Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) liberou duas bolsas de mestrado e duas bolsas de doutorado para o Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas da UFOP. O objetivo é financiar pesquisas que de alguma forma contribuam para o conhecimento científico no enfrentamento à Covid-19.
O pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, Sérgio Aquino, destaca o papel que as Universidades têm neste momento. “A academia pode contribuir gerando conhecimento em vários aspectos, desde logística, distribuição de materiais e equipamentos, ao desenvolvimento de vacinas e técnicas para remediar a doença”.
A UFOP tem contribuído para o combate à doença, seja se credenciando para realizar exames de detecção do Coronavírus, doando EPIs para o sistema de saúde de Ouro Preto ou mesmo fabricando esse tipo de material.
CNPQ - Outra boa notícia neste cenário de contingenciamento é que a Universidade chega a 2020 com mais bolsistas de produtividade do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) do que tinha há três anos. No último edital, seis docentes da Universidade conseguiram novas bolsas e/ou renovaram sua bolsa com ascensão de nível.
A UFOP vem continuamente melhorando seus indicadores, tanto em quantidade como em qualidade. Atualmente, são 72 bolsistas de produtividade, sendo 68 na modalidade Produtividade em Pesquisa (PQ) e quatro na modalidade Produtividade em Desenvolvimento Tecnológico e Extensão Inovadora (DT).
Em 2017 a UFOP tinha 67 bolsistas de produtividade do CNPq, sendo 62 na modalidade PQ e 5 na modalidade DT. Dos bolsistas PQ, a distribuição nos níveis de bolsa era: 74% PQ-2 (nível 2); 19% PQ-1D, 5% PQ-1C e 2% de PQ-1B (nível 1, que decresce de A a D).
Apesar de o aumento quantitativo ser de apenas 7% em relação a 2017, houve crescimento dos estratos mais qualificados na modalidade PQ. A percentagem de bolsistas do nível 1 aumentou 20% em relação a 2017, de forma que hoje a UFOP tem oito bolsistas PQ-1D, sete PQ-1C e quatro PQ-1B.
Dentro da Universidade, bolsistas PQ-2 estão distribuídos da seguinte forma:
57,1% no Instituto de Ciências Exatas e Biológias (Iceb)
24,5% na Escola de Minas
16,3% no Instituto de Ciências Humanas e Sociais
2,1% na Escola de Direito, Turismo e Museologia
Dos bolsistas PQ-1 a distribuição é mais homogênea: ICEB e Escola de Minas com 36,8% cada, 15,8% na Escola de Farmácia e 10,6% na Escola de Medicina. Por sua vez, os bolsistas DT estão alocados na Escola de Farmácia (2), Escola de Minas (1) e ICEB (1).
SALDO NEGATIVO - No âmbito geral, mo entanto, não há muito o que se comemorar sobre o investimento em pesquisas. As universidades vêm sofrendo diversos cortes e, no balanço total, o número de bolsas da pós-graduação tem caído. No dia 18 de março, por exemplo, a Capes publicou a Portaria 34, que dispõe sobre as condições para fomento a cursos de pós-graduação stricto sensu. Com a publicação da portaria, bolsas foram cortadas ou remanejadas para programas de conceitos maiores.
No início de 2019, a UFOP tinha 249 bolsas de mestrado e 148 de doutorado. Hoje, são 191 bolsas de mestrado e 142 bolsas de doutorado, ou seja, em relação o início do ano passado, foram retiradas da Universidade 58 bolsas de mestrado (23% do total de bolsas Capes) e seis de doutorado (4% do total de bolsas da Capes).
O resultado geral é o comprometimento da possibilidade de consolidação de programas promissores mais recentes e fora dos centros e das áreas de conhecimento mais tradicionais, segundo Sérgio Aquino. “Muito trabalho de qualidade em condições adversas está sendo jogado fora, principalmente neste momento de enfrentamento da pandemia, pois vários pós-graduandos que atuam em programas da área de Ciências da Saúde ficaram sem bolsa”, afirma.
Entre os programas de pós-graduação com boa qualificação que perderam bolsa está o de Ciências Biológicas, que tem nota 5 e, apesar de receber duas bolsas de doutorado e duas de mestrado hoje, já perdeu 14 bolsas de doutorado e seis de mestrado. O Programa de Engenharia Civil, que havia recebido nota 4 da Capes no final do ano passado, perdeu oito bolsas de mestrado.