Ideias inovadoras e que mudam o mundo são uma motivação para a estudante de mestrado da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) Bárbara Gosziniak Paiva. Ela criou a Aqualux, uma garrafa portátil para esterilização de água por radiação com filtro carregado por luz solar, que permite deixar o líquido potável sem precisar de energia elétrica convencional. Em um país como o Brasil, onde 35 milhões de pessoas ainda não possuem água limpa para o consumo, o projeto Aqualux vem para contribuir para que sejam garantidas as necessidades básicas da população. O projeto rendeu a Bárbara o primeiro lugar na etapa brasileira do Red Bull Basement Brasil 2021, em que ela concorreu com outras 443 equipes do país.
A trajetória da estudante até a fase final na Turquia não foi fácil! Vários meses de estudos e pesquisas marcaram a vida da cientista, que vem se dedicando integralmente ao projeto. Na fase brasileira, o Aqualux concorreu com outros 10 projetos e o resultado mudou o destino da pesquisa da mineira. Participaram do júri nomes importantes, como Tallis Gomes, Runiet Skoberg e Isabela Matte, jovens empreendedores reconhecidos por conquistaram sucesso com seus empreendimentos no Brasil.
Com o feito alcançado, a brasileira teve a oportunidade de participar da final mundial do Red Bull Basement, que aconteceu no domingo (27) na Turquia. Bárbara não levou o prêmio final, mas no primeiro dia do evento em Istambul ganhou a medalha de campeã mundial do desafio de storytelling da Red Bull Basement. A disputa ocorreu com outros 4.041 projetos de diversas partes do mundo.
A mestranda relembra os diversos momentos em que sentiu medo de participar e palestrar em um evento internacional e passa a dica para outros jovens que estão no mesmo caminho: "Tente. O 'não' você já tem! Saí de lá do evento transformada, eu mesma não acreditava que conseguiria, então venci a mim mesma".
Para chegar onde chegou, ela diz que o apoio de seu orientador, o professor Rodrigo Bianchi, foi essencial, e que ele sempre a estimulou a ir além. O professor, que é do Departamento de Física da UFOP, ressalta que "Bárbara é um exemplo! As pessoas vão olhar para ela e pensar: 'ela conseguiu, eu consigo também'."
AQUALUX - A ideia da Aqualux surgiu no mestrado do Programa de Engenharia de Materiais (Redemat), no qual Bárbara Paiva estuda a esterilização de parasitas via radiação. Mas o insight de Bárbara sobre a preservação ambiental se deu quando ela estava fazendo um intercâmbio em Nova York, nos Estados Unidos. Lá ela observou que as pessoas tomavam água direto da torneira e descobriu que a cidade possui a água mais pura do planeta. Quando retornou ao Brasil, ela foi estudar os efeitos da radiação azul na água. A proposta da estudante era aplicar os conhecimentos adquiridos para ajudar as pessoas de uma forma simples. Com esse projeto seria possível levar água limpa e potável de forma acessível para a população mais necessitada. Além disso, outra intenção é comercializá-la para esportistas e montanhistas que enfrentam dificuldade em encontrar água potável durante as trilhas.
A tecnologia presente na Aqualux é capaz de tratar águas de nascentes, rios e lagos. O processo de tratamento da água ocorre da seguinte forma: ao ser colocada na garrafa, a água passa por um processo composto de três etapas para se tornar potável e fresca para o consumo: microfiltragem, esterilização por radiação e refrigeração, só a partir desses passos é que ela estará apta para ser ingerida. A pesquisa, que contou com a ajuda de uma equipe de pesquisadores da UFOP, vem para democratizar o acesso a uma água de qualidade para a população. O passo seguinte é avaliar quais serão os melhores processos de fabricação que possibilitem custos reduzidos e contribuam para que mais pessoas tenham acesso a água adequada para o consumo.