Um questionamento sobre os impactos da gravidez no trabalho de mulheres pesquisadoras tem sido debatido amplamente com foco em uma questão específica, mas precisamos colocar o tema em um debate mais amplo: a condição da mulher pesquisadora em um contexto que não leva em consideração as particularidades da condição feminina.
O caso já está sendo acompanhado pela coordenação do programa de pós-graduação envolvido e pelas instâncias superiores há dois meses, quando a questão foi julgada. O assunto continua em pauta e o conselho superior relacionado ao tema deve ser acionado para avaliar a situação.
Contudo, esse caso específico revela os desafios pelos quais muitas mulheres, na UFOP e em todas as universidades brasileiras, passam diariamente. Os prazos estabelecidos para a conclusão das pesquisas de mestrado e doutorado são estabelecidos nacionalmente, não sendo facultada às instituições a possibilidade de definir prazos ou de oferecer condições diferenciadas para estudantes devido a fatores ou circunstâncias que possam interferir em seus processos de formação.
A concessão de bolsas também segue a mesma lógica isonômica, sendo a maior parte delas provindas de órgãos de fomento federais e estaduais, que seguem prazos rígidos e demandam comprovação por meio de relatórios e resultados de pesquisa.
O prejuízo dessa lógica para as pesquisadoras levou à criação do grupo Andorinhas - Rede de Mulheres da UFOP, que tem como objetivo diminuir as assimetrias de gênero e parentalidade na vida universitária das estudantes, técnicas administrativas e docentes.
Além das questões de prazo e financiamento, também afetam as pesquisadoras a falta de creches para abrigar seus filhos nos momentos de dedicação acadêmica e a outras demandas relacionadas ao seu cotidiano. Essa temática foi abordada em uma
entrevista com a professora Patrícia Valim, integrante da Rede Andorinhas, publicada no site institucional no início do mês de maio.
Uma das conquistas recentes de apoio a esse grupo foi a disponibilização da possibilidade de que as mães estudantes levem seus filhos para usufruírem do benefício da
alimentação nos restaurantes universitários, com o valor reduzido devido ao subsídio desembolsado pela Universidade.
Solidarizamo-nos nas discussões sobre a necessidade de que o campo da pesquisa tenha maior sensibilidade para com as mulheres que se dispõem a fazer pesquisa no Brasil, oferecendo contribuições excepcionais em todas as áreas. Este debate é urgente e não afeta somente a nós mesmas! É primordial para toda a sociedade!
Profª. Cláudia Aparecida Marliére de Lima
Reitora da Universidade federal de Ouro Preto
Profª. Renata Guerra de Sá Cota
Pró-Reitora de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação