A segunda edição do curso Abordagens do Suicídio, que visa promover reflexão, debate e treinamento de métodos de como agir diante de situações relacionadas ao suicídio, começou nesta terça (4) e vai até quarta (6). Trata-se de uma iniciativa do projeto de extensão "Abordagens do Suicídio: cuidado, acolhimento e prevenção", coordenado pelo professor Aisllan Assis, do Departamento de Medicina de Família, Saúde Mental e Coletiva da Escola de Medicina da UFOP.
O evento conta com conferências públicas com especialistas convidados, espetáculos artísticos, atos públicos e treinamento. Os convidados para as conferências são o professor Alexandre Vicente da Silva, da Uerj, e o major Kleber Silveira de Castro, do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais.
Diferentemente da primeira edição, realizada em 2019, o curso deste ano traz uma formação com abordagens práticas, para além da sensibilização e do combate ao silenciamento. Ou seja, trata de quais palavras ou modos de agir, por exemplo, são aconselhados ao abordar pessoas em sofrimento mental. Esta foi uma demanda requisitada pela primeira turma.
Nesta edição de 2023, foram abertas 350 vagas, número mais de duas vezes superior ao de quatro anos atrás. "Nós convidamos pessoas que representam toda uma amplitude de grupos, instituições e movimentos que por ventura ou fazem ou precisam ser capacitados para realizar essas abordagens do suicídio", afirma Aisllan.
O professor ressalta a importância de as pessoas não se calarem quando forem "convocadas ao cuidado", uma vez que há certa resistência em abordar "situações, condições e histórias, que, por vezes, mexem muito com os nossos sentimentos. Isso explica, em parte, por que que as abordagens do suicídio são tão difíceis de se fazer". O treinamento prático para as abordagens do suicídio se faz necessário justamente para ensinar as pessoas como agir.
O treinamento é feito com técnicas. Conforme explica Aisllan, existe uma política nacional de humanização e acolhimento no Sistema Único de Saúde e em outras políticas sociais. Ainda assim, o acolhimento "pode ser oferecido com o recurso mais sensível que as pessoas têm". É possível "oferecer, se não uma boa palavra, uma boa escuta", explica. Isso pode ser muito significativo e evitar mortes.