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Pesquisa da UFOP de uso do ora-pro-nóbis na extração artesanal de ouro é selecionada para mostra Fapemig

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Arquivo Pessoal Daiana Rocha
A pesquisa de mestrado "Emprego de subprodutos da folha de ora-pro-nóbis (Pereskia Aculeata Miller) como metodologia alternativa ao uso de mercúrio na extração artesanal de ouro", do Programa de Pós-Graduação em Química (PPGQUIM), foi um dos trabalhos selecionados para apresentação na 4ª Mostra Inova Minas Fapemig, que acontece de sexta (4) a domingo (6), na Praça da Liberdade, em Belo Horizonte.
 

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Arquivo Pessoal Daiana Rocha
"Baba" do ora-pro-nóbis empregada na extração
 
A pesquisa tem como objetivo principal o desenvolvimento e aprimoramento de uma metodologia para extração de ouro artesanal limpa, ecológica e com viabilidade social e econômica na região de Antônio Pereira — distrito de Ouro Preto —, empregando folhas de ora-pro-nóbis como prática alternativa à extração feita com amalgamação por mercúrio. 
 
A professora do Departamento de Química (Dequi) da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) e orientadora do trabalho, Roberta Fróes, conta que a pesquisa surgiu a partir de "uma conversa com famílias que atuam no garimpo em Antônio Pereira há muitos anos atrás, em outro projeto que desenvolvia na região, e elas falaram 'olha, nós trabalhamos com garimpo e não usamos mercúrio, nós usamos essa folha aqui', e mostraram o ora-pro-nóbis no quintal". Segundo ela, famílias do distrito empregam a "baba" das folhas de ora-pro-nóbis e consideram a extração eficiente. A partir daí, foram feitas simulações de extração do mineral com o uso da planta, com coletas que usaram o processo artesanal de bateamento em locais de garimpo efetivo e também em caixas d'água na Universidade.
 
SUSTENTABILIDADE - Prática semelhante ocorre nas minas de Chocó, na Colômbia, onde há o emprego de folha de balsa (Ochroma pyramidale) na separação do ouro. Tal prática visa à melhoria da qualidade de vida dos garimpeiros, já que não há a contaminação direta causada pela queima do amálgama, além de não provocar contaminação ambiental e valorizar do ouro obtido em torno de 15%, por ser uma extração sustentável.
 
Roberta destaca que "embora se reconheça toda a polêmica relacionada ao garimpo artesanal de ouro, transformar culturalmente pessoas e comunidades que vivem, ou melhor dizendo, sobrevivem do garimpo é um desafio considerável." Ela explica que a pesquisa se mostra indispensável por oferecer uma alternativa segura e sustentável, que respeita as tradições locais, mas que também visa proteger a saúde dos garimpeiros e o meio ambiente.
 

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Arquivo Pessoal Daiana Rocha
Simulação de garimpo em Antônio Pereira, Ouro Preto
 
Para a mestranda Daiana Rocha, a seleção de sua pesquisa para a Mostra é motivo de grande alegria e orgulho, por se tratar de um tema relevante para a região. "Nosso foco tem sido transformar um conhecimento ancestral, enraizado na cultura popular de Ouro Preto, em ciência aplicada, com o objetivo de propor alternativas sustentáveis e ambientalmente seguras, como a eliminação do uso de mercúrio no beneficiamento do ouro", assinala.
 
A utilização de plantas no processo de extração de ouro aluvionar é uma prática que tem origem no continente africano e foi trazida ao Brasil por pessoas escravizadas. Daiana ressalta que "resgatar e valorizar esse saber tradicional é uma grande responsabilidade, que carrega consigo não somente inovação tecnológica, mas também reparação histórica e respeito à ancestralidade."
 
Atualmente, a pesquisa está em fase de conclusão, mas novas possibilidades têm surgido, como a aplicação da mucilagem do ora-pro-nóbis no beneficiamento de minerais ferrosos. Daiana acrescenta que o trabalho "abre caminhos promissores para a continuidade dos estudos e amplia o potencial de impacto socioambiental positivo da proposta."
 
MOSTRA INOVA MINAS: A Mostra de Ciência, Tecnologia e Inovação - Inova Minas convida o público a conhecer pesquisas financiadas pelo Governo de Minas por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) e entender como a ciência está presente em nosso cotidiano. O evento tem apoio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado de Minas Gerais (Sede - MG) e do Circuito da Liberdade. 

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