Ir para o conteúdo

Música de origem africana é tema de palestra do maestro Nestor Lombida

Twitter icon
Facebook icon
Google icon
Mariana Borba

Para explicar de onde vêm as referências musicais da América Latina, o maestro e arranjador Nestor Lombida trouxe para a UFOP a palestra: “A Influência Africana na Música Popular das Américas”, organizada pelo Departamento de Música (Demus), na última quarta-feira, 14. O maestro, formado na Escola Nacional de Arte em Cuba, veio para o Brasil em 1994 após ser convidado para abrir a Casa da Cultura em Belo Horizonte. Foi um dos criadores da Big Band do Palácio das Artes e trabalha, atualmente, como professor e regente na Universidade Federal de Minas Gerais.

Os alunos presentes na palestra tiveram a oportunidade de acompanhar o recorte histórico da música a partir da fala do maestro, que intercalou obras que representavam os primeiros ritmos da África, até que se transformassem em gêneros consagrados mundialmente, como o jazz, soul, salsa, entre outros. Lombida explica que a intenção da palestra era fazer refletir. De acordo com ele, em todo o continente africano, a palavra arte não existe. “Se não existe a palavra arte, qual é a estética?”. Por isso, a representação da música é de função social. “O cantar e dançar é pra fazer cair a chuva, dança-se dessa forma porque as mulheres estão prontas para acasalar, dança-se também porque conseguiram uma boa colheita, então, resta agradecer a quem pediu”.

O maestro entende a representação própria do negro na África como cerimonial ou ritual e acredita que o papel da universidade é de ampliar o conceito da música para que chegue às escolas primárias. “Para isso, precisamos dos jovens que transmitam novas experiências e que não vejam o aspecto musical, de origem africana, como um aspecto retrógrado”. Lombida enxerga a conexão musical entre as Américas muito forte, já que a música norte-americana faz parte do gosto dos brasileiros. Por isso temos mais ligação com a América do que com a Europa, mas devemos entender a origem de sons que imaginamos ser característicos. Quando entendemos isso, retornamos à África”, conclui.