Três anos, dois meses e vinte dias depois, outra tragédia com barragens de rejeitos de mineração em Minas Gerais nos deixa chocados e perplexos. O sentimento de dor, novamente, é imenso. A devastação humana — trágica e de grande dimensão — e a destruição ambiental ocorridas em Brumadinho no último dia 25 nos lembram que ainda não acordamos do pesadelo de Mariana.
Tragédias como as de Mariana e Brumadinho expõem as questões técnicas e legais que precisam ser urgentemente aprimoradas para garantir a segurança das comunidades vizinhas às minas, do meio ambiente e da biodiversidade. É imprescindível reavaliar as políticas de licenciamento ambiental e de fiscalização. O Estado, representado pelas agências ambiental e nacional de mineração, deve ser forte e protagonista. Não é recomendável que a empresa causadora do dano contrate especialistas para elaborar o laudo técnico do acidente. É responsabilidade do Poder Executivo garantir recursos financeiros, de infraestrutura e de logística para o cumprimento das políticas públicas formuladas pelo Legislativo. Também o Judiciário deve zelar pela segurança social e pelo cumprimento da lei em um prazo que minimize a sensação de impunidade por parte da comunidade.
A UFOP se solidariza com os familiares e amigos das vítimas em Brumadinho neste momento de profunda dor. E, como instituição federal de ensino, pesquisa e extensão, coloca-se à disposição para colaborar para que o conhecimento gerado em suas unidades e departamentos possa atender à demanda da sociedade por um país mais justo e seguro e que respeite a vida e o meio ambiente.
Ao longo dos anos a UFOP vem oferecendo subsídios técnicos, sociais e econômicos para um desenvolvimento ambientalmente sustentável, equânime e de qualidade para a sociedade e, em especial, para a região onde está inserida. Na indústria da mineração, a participação da UFOP é pioneira no Brasil. Historicamente, suas atividades de ensino, pesquisa e extensão têm contribuído qualitativa e quantitativamente para o desenvolvimento de técnicas de geologia e mineração, em conformidade com as melhores práticas ambientais e com responsabilidade social. A empregabilidade dos egressos é alta devido não apenas a sua reconhecida capacidade técnica, mas também a sua responsabilidade social, forjada no universo acadêmico único de Ouro Preto, onde o respeito às pessoas, às comunidades, à cultura e aos costumes é prática comum. Neste momento, compartilhamos a dor dos familiares e amigos pela perda de tantas vidas, entre elas as de ex-alunos da Universidade.
Cláudia Aparecida Marliére de Lima
Reitora da UFOP
Hermínio Nalini Júnior
Vice-reitor da UFOP