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Fóssil humano de mais de 10 mil anos faz parte do acervo do Museu de Ciência e Técnica da UFOP

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Clara Lamacie
Fóssil humano de mais de 10 mil anos exposto no Museu de Ciência e Técnica da UFOP.
O fóssil humano, supostamente datado de 10 a 12 mil anos e que faz parte do acervo do Museu de Ciência e Técnica (MCT) da Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), foi coletado por alunos da Sociedade Excursionista e Espeleológica (SEE) dos alunos da Escola de Minas de Ouro Preto, durante expedição de campo na região de Lagoa Santa (MG). O achado tem suscitado crescente interesse acadêmico dentro e fora da Universidade, dado seu potencial vínculo com outros fósseis históricos encontrados na região, como Luzia, um dos mais antigos esqueletos humanos de que se tem conhecimento nas Américas. 
 
A coleta, realizada em 1939, se deu a partir de escavações na chamada Gruta da Pontinha. Dentre as peças encontradas, que não necessariamente podem pertencer a um mesmo indivíduo, o crânio dolicocéfalo (mais longo do que largo, basicamente) completo é a principal delas. Todo o material foi trazido  inicialmente para o Museu de Paleontologia do MCT e, desde então, permanece sob os cuidados da Instituição, mas agora no setor de História Natural. 
 

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Clara Lamacie
Em plano detalhe, o crânio coletado na expedição de campo de 1939.
Dentre os materiais encontrados a partir de escavações na chamada Gruta da Pontinha, o crânio dolicocéfalo completo foi o principal
 
De acordo com o artigo "Contribuição ao estudo do homem fóssil de Lagoa Santa", de autoria da professora Áurea Duarte Pereira Pinto, publicado na edição de 1983 da Revista Escola de Minas, o crânio em questão estaria em um adiantado estado de fossilização. O texto ainda destaca que, apesar de ter sido encontrado com alguns ossos quebrados, ele foi restaurado com cera de abelha, motivo pelo qual não evidencia sua conformação original. Os dentes encontram-se em perfeito estado de conservação e a arcada dentária superior apresenta-se com a mesma conformação parabólica encontrada no gênero Homo. Trata-se de um indivíduo jovem, pois seus dentes mostram sinais de pouca usura e não se observa diastema nas arcadas.
 
Como mencionado pela vice-coordenadora do MCT, Daniela de Oliveira Pereira, o fóssil é mais um dos tesouros dentro do rico acervo do MCT. Com o passar dos anos e com novos estudos, sua importância e raridade começaram a ser consideradas, o que o coloca como destaque e valioso material de estudo. Neste sentido, por se tratar de um assunto extremamente complexo por diversas questões, como o tempo transcorrido e a consequente dificuldade no acesso às informações, que cada vez mais estão sendo buscadas, muitas lacunas seguem abertas e aos poucos vão sendo preenchidas. Suposições, incertezas e dúvidas se fazem bastante presentes, o que implica em um maior cuidado na abordagem do assunto. 
 
O geólogo e atual curador do acervo do MCT, Anderson Vital Sales, que ocupa o cargo desde 2017 e conhece o museu como poucos, enfatiza sua felicidade e animação diante do renovado interesse pelo fóssil. Apesar disso, ele ressalta a necessidade de redobrar os cuidados na divulgação de qualquer informação. Anderson menciona que, entre as linhas de pesquisa em desenvolvimento, uma possível relação com Luzia — encontrada em 1974 (quase 40 anos depois do "Homem de Santa Luzia") e pertencente ao acervo do Museu Nacional do Rio de Janeiro — é uma das principais. Embora o fóssil de Luzia tenha aproximadamente 15 mil anos, o fato de terem sido encontrados na mesma região geográfica sugere uma possível contemporaneidade. Esse vínculo, caso confirmado através de técnicas de datação, como Carbono – 14, seriam de grande relevância para a continuidade dos estudos, especialmente considerando que o fóssil possui histórico limitado de pesquisa.
 
Segundo Daniela, essa falta de informações também tem um lado positivo, já que constitui uma grande oportunidade para novos estudos e descobertas. Ela ressalta que o Museu também está implicado no tripé ensino, pesquisa e extensão da Universidade e, portanto, pensando especialmente no contexto da UFOP, há essa chance para que os próprios membros da comunidade acadêmica interessados pelo assunto possam contribuir. "Saber sobre o nosso passado, para entender o nosso presente e tentar, quem sabe, projetar o nosso futuro é super necessário", avalia.
 

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Clara Lamacie
Daniela, vice-coordenadora do MCT, posa junto ao fóssil.
Vice-coordenadora do MCT, Daniela de Oliveira Pereira

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Clara Lamacie
Anderson, geólogo e atual curador do MCT, posa junto ao fóssil.
Geólogo e curador do MCT, Anderson Sales

O MUSEU DE CIÊNCIA E TÉCNICA DA UFOP - Ao longo da sua história, a Escola de Minas reuniu um valioso acervo constituído por amostras mineralógicas, maquetes didáticas, aparelhos de topografia, física, objetos da construção civil, metalurgia, mineração, amostras da antropologia, paleontologia, zoologia, além de equipamentos para estudo e observação astronômicos. Em 1995, o Museu de Ciência e Técnica (MCT) da UFOP foi inaugurado, tendo como missão atuar na preservação, pesquisa, documentação e divulgação da memória científica e técnica nacional, contribuindo decisivamente em ações educativas direcionadas para a formação de visitantes, estudantes e pesquisadores.

Com planta do engenheiro José Fernandes Pinto Alpoim e obras de Manoel Francisco Lisboa, pai de Aleijadinho, o Museu está localizado na Praça Tiradentes, significativo pólo histórico e turístico do país. A edificação já abrigou também o antigo Palácio dos Governadores, e, após a mudança da capital para a cidade de Belo Horizonte, passou a abrigar a Escola de Minas.
 
Sendo uma importante unidade museológica universitária, o MCT é por natureza um museu interdisciplinar, uma vez que abriga coleções de várias áreas do conhecimento científico e tecnológico (Ciências Exatas e da Terra, Biológicas, Humanas e Aplicadas). Seu acervo conta com mais de 30 mil peças, sendo o de Mineralogia considerado um dos maiores e mais representativos da América Latina. Com formação iniciada no final do século XIX, possui exemplares de características únicas, como cristais de diamante, topázio imperial (explorado economicamente apenas na região de Ouro Preto), ouro paladiado (que deu origem ao nome da cidade de Ouro Preto), minerais de urânio e amostras curiosas, como a coleção de meteoritos e outros minerais raros.
 
O circuito expositivo do Museu é dado a partir dos seguintes setores: História Natural, Mineração, Mineralogia I e II, Metalurgia, Química, Física, Topografia, Desenho e Astronomia, todos localizados no prédio do centro histórico. Há dois setores expositivos externos ao edifício: Siderurgia, localizado no Centro de Artes e Convenções da UFOP e Transporte Ferroviário, localizado na Estação Ferroviária de Ouro Preto. Além do acervo em exposição, uma considerável parcela de objetos encontra-se armazenada nas reservas técnicas. Para além destes, complementam o circuito de memória da Escola de Minas: a Biblioteca de Obras Raras, o Arquivo Histórico, o Observatório Astronômico, a Capela Imperial, a Galeria do Antigo Aluno, o Panteão Gorceix, o setor de Eletrotécnica e a Sala da Congregação.
 
Por conta da crise sanitária provocada pela Covid-19 e posteriores obras de melhoria de sua estrutura, o Museu se encontra fechado desde março de 2020. Ainda não há uma previsão exata para reabertura, mas a expectativa é que aconteça durante o ano de 2025, que antecederá as comemorações dos 150 anos da Escola de Minas. 
 
Para acompanhar as notícias e curiosidades sobre o acervo do MCT, acesse: Instagram e LinkedIn.

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