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Estudantes de Jornalismo realizam oficina de educação midiática para alunos de escola estadual de Mariana

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Eduarda Luna/Arquivo Pessoal
Alunos levantam cartões com a palavra "SIM" durante uma atividade interativa em sala de aula. Ao fundo, uma mulher apresenta conteúdo em um telão com a frase "As telas são legais quando:".
Os alunos do 5º ano da Escola Estadual Dr. Gomes Freire, em Mariana, participaram de uma oficina focada na conscientização sobre o uso da internet e das redes digitais. Foram abordados temas como o cyberbullying e o abuso que está presente na internet e nas plataformas de mídias sociais. A atividade, uma ação extensionista do curso de Jornalismo da UFOP, foi realizada no dia 15 de agosto.
 
A oficina incluiu atividades lúdicas para as crianças, entre elas dinâmicas de perguntas com cartões, jogo da memória e simulação de um grande celular feito de caixa e cartaz. Também foram apresentadas discussões para orientar as crianças no comportamento online, de modo que estejam protegidas diante de situações de vulnerabilidade.
 
Essas ações de educação midiática têm como objetivo ampliar a habilidade das crianças em acessar e analisar criticamente as múltiplas informações com que interagem. Assim, elas passam a participar de maneira mais consciente do ambiente digital, garantindo maior segurança e autonomia em relação aos conteúdos consumidos online. Outro ponto chave da oficina foi o incentivo ao uso saudável da tecnologia, com alternativas práticas e divertidas ao tempo excessivo de tela.
 
A diretora da escola, Renata Coelho, reconhece a importância da educação midiática tanto para crianças quanto para as famílias. "Foi muito enriquecedor para a escola e acredito que muito mais para eles. E seria bom também se tivesse isso para os pais, né? Porque [os da] nossa faixa etária são os maiores responsáveis pelo uso da tela pelas crianças", comenta. 
 
Isabela, Lorena, Hadassa e Samuel têm entre 10 e 11 anos e participaram da oficina. Todos gostaram e ficaram entusiasmados. As crianças já são usuárias da internet, jogando jogos, assistindo vídeos curtos como shorts do YouTube e TikTok. "Gosto porque a maioria dos shorts que passa é dos youtubers que assisto", afirma Isabela. Com a vivência online, elas já notam uma certa manipulação do algoritmo. "Normalmente, dos youtubers que a gente assiste, como o YouTube vê que a gente gosta deles, é isso que passa", conta Lorena.
 
VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA - Além de espaço de diversão, aprendizado e oportunidades, a internet é um local onde a violência é perpetuada e, em muitos casos, as crianças são as vítimas. Por não saberem quem está do outro lado da tela, o perigo pode aumentar. Os alunos que participaram da atividade relatam momentos em que se sentiram expostos a riscos. 
 
No Roblox, plataforma usada para criação de jogos e interação entre os participantes, as crianças jogam juntas em uma sala, mas não existe um controle de quem está entrando para jogar com elas. "No Roblox já, sim [me senti exposta]. Porque quando a gente tá jogando, é meio que um jogo que a gente faz RP [Role Playing – um tipo de jogo com interpretação de papéis] de família. Aí, vem um monte de gente pedindo para adotar, porque no jogo tem passe. Aí, quem tem o passe é quem quer ser adotado, pede para ser adotado para quem tem o passe [...] Eu disse que não, porque eu tava jogando só com a minha amiga, eu queria jogar só com ela. Aí começou a me xingar", relata Isabela.
 
Além de Isabela, Samuel também já experienciou uma situação de violência no jogo: "Uma vez eu tava assim de boa, normal, sem fazer nada, um aleatório chega em mim, fica dizendo um monte de coisa. Eu não entendi nada no começo, só depois que eu entendi que ele tava querendo xingar eu, fazer um monte de coisa comigo", conta. 
 
Para a diretora da escola, a responsabilidade maior em relação ao controle de conteúdos como esse é das famílias. É importante lembrar também que a Constituição Federal prevê que família, Estado e sociedade têm responsabilidade compartilhada na proteção de crianças e adolescentes.
 
Fora do online, as crianças continuam brincando com outras coisas ou em atividades que utilizam as telas como um apoio, como conta Hadassa: "Eu gosto de colorir e também de brincar na terra. Eu gosto de fazer castelo, gosto de fazer bolo de terra. Eu gosto também de ficar vendo bastante coisa de artesanato, aí eu aprendo a fazer."
 
A oficina proporcionou um espaço de aprendizado e troca sobre as possibilidades, desafios, perigos e cuidados necessários no ambiente digital. A vivência das crianças online, marcada por momentos de vulnerabilidade e também por descobertas criativas, reforça a importância de iniciativas que promovam o uso consciente da tecnologia desde cedo. Ao reconhecer que o comportamento online exige atenção e responsabilidade, elas demonstram que ações educativas podem gerar impactos positivos e duradouros em sua relação com o mundo digital.
 
A oficina integrou as atividades extensionistas da disciplina Crítica de Mídia e Ética Jornalística, ofertada no 5º período do curso de Jornalismo da UFOP e ministrada pela professora Karina Gomes Barbosa, e se baseou na publicação "Crianças, adolescentes e telas: guia sobre usos de dispositivos digitais", lançada pelo governo federal com análises e recomendações sobre o tema. 
 
A produção desta pauta é das alunas Júlia Aguiar, Letícia de Lelis e Maria Clara Cardoso; as fotos são de Eduarda Luna e Fernanda Germano; o texto foi redigido por Bruna Alves, Camila Saraiva, Júlia Aguiar e Maria Clara Cardoso; a reportagem é de Camila Saraiva, Eduarda Luna e Fernanda Germano; a edição do texto e imagem é de Letícia de Lelis. 

 

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