Criado por Administrator em seg, 26/11/2012 - 15:17
Professores do Brasil e da França se unem para realizar pesquisa sobre a contaminação das águas
Rolder Wangler
A centenária Escola de Farmácia da UFOP se prepara para a renovação do acordo de colaboração com o Departamento de Pharmacoquímica Molecular da Universidade Joseph Fourier de Grenoble, na França. A aliança, firmada em 2007, por intermédio dos professores Dr.ª Vera Lúcia de Miranda Guarda e do francês Dr. Jean-Luc Décout, promove a troca de conhecimento entre os alunos de ambos os países por meio do intercâmbio. O projeto tem a renovação prevista para o início do ano de 2013.
Os estudos de remoção de cianotoxinas (toxinas produzidas por algas azuis) das águas tiveram início em fevereiro de 1986, quando no Instituto de Doenças Renais (IDR) em Caruaru, Pernambuco, 65 pacientes morreram após fazerem hemodiálise com água contaminada.
O contágio se deu pela microcistina, uma toxina produzida e liberada por algas azuis ou cianobactérias. Essas toxinas podem ser extremamente tóxicas ao homem e aos animais, pois são causadoras de câncer hepático e quando se contaminam fazendas de ostras, tornam os cultivares impróprios para o consumo.
Vera Lúcia, que é docente na Escola de Farmácia da UFOP e tem desenvolvido trabalho com água e química farmacêutica, entrou em contato com o professor Jean-Luc, na França, que em determinada época do ano também enfrentou uma situação semelhante, devido aos problemas causados por cianotoxinas. Juntos, os pesquisadores procuram desenvolver alternativas para a retirada ou imobilização da toxina, que em contato com a água se solubiliza completamente, tornando-se de difícil remoção.
Alternativa
Uma das alternativas é a biorremediação, utilizando macrófitas aquáticas na remoção de cianotoxinas. O processo de remoção emprega os conceitos de fígado verde, ou seja, a toxina é removida pelas plantas e então metabolizada, sendo inativada. Existe a possibilidade de fazer reação da cianotoxina (veneno produzido por cianobactérias) com corantes e compostos sulfatados. Esta reação química também inativa o processo.
Essas atitudes se tornam ainda mais importante, pois a cianotoxinas resultam da ação humana, quando o esgoto doméstico, os pesticidas e agrotóxicos são descartados nos corpos hídricos, deixando o ambiente rico em alimentação para algas e extremamente perigoso para o homem.
Atualmente, já existem estudos para que as cianobactérias (algas azuis) sejam usadas em medicamentos.
A solução, como afirma a professora Vera Lúcia, é simples. "O ideal é evitar que os pontos de captação sejam contaminados. Antes prevenir do que remediar", destaca a pesquisadora.
França
No ano de 2008, o professor Jean-Luc Décout permaneceu durante 15 dias na Escola de Farmácia ministrando um curso de Química Medicinal para os alunos do Cipharma, inclusive participando em banca examinadora de defesa da dissertação.
Com a aprovação do curso de doutorado na UFOP na área de Ciências Farmacêuticas, o acordo terá novos reflexos, pois a Universidade brasileira também poderá receber alunos franceses em doutoramento na forma de co-tutela. Este novo acordo também abre portas para que um convênio amplo entre as duas instituições possa ser aprovado.
Em contrapartida, a professora Vera Lúcia irá passar três meses na Universidade Joseph Fourier de Grenoble para trabalhar no projeto de pesquisa sobre remoção de cianobactérias. Este projeto foi aprovado e financiado pelo Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNPq).



Ouvidoria




