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Ciclo de Conferências do Neab trata da importância e da luta da cultura afro

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Daiane Bento
 
Aconteceu em Mariana, na última quinta-feira (13), a 6ª edição do III Ciclo de Conferências do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (Neab) da UFOP. O evento contou com presença de dois especialitas da cultura negra: o professor da Universidade Eduardo Mondlane, Joel das Neves Tembe, especialista em estudos sobre a história social e política de Moçambique; e a professora da Universidade de Buenos Aires, Marisa Pineau, coordenadora da Seção de Estudos de Ásia e África.

O professor Joel Tembe começou a conversa explanando sobre "Independência, Diáspora e Nacionalismo em Moçambique", onde apresentou um histórico da luta de libertação de Moçambique a partir de seus estudos e experiência como pesquisador na área. O foco da apresentação estava ligado ao seu país de origem, mas ele também ressaltou os países vizinhos, que formam a chamada África Austral, pois como ele explica, as lutas para a libertação estavam ligadas e foram acontecendo simultaneamente. Como diretor do Arquivo Histórico de Moçambique, Joel ressalta que hoje em dia existe muito mais estudo nessa área, pois há uma preocupação de resgatar essa memória. "Muitos jornais e documentos relatam o momento que críticas e descontentamento com o colonialismo de Portugal começou a surgir em Moçambique, através de linhas editorias, fotógrafos e artistas que satirizavam e denunciavam o sistema implantado", explica o professor. 

A palestra passou por momentos históricos e fatos apresentados que mostraram as medidas repressivas de Portugal, a separação da população de Moçambique, as reivindicações pacíficas, a diáspora moçambicana, os protestos dos intelectuais, a formação de partidos e consciência política, as negociações falhadas com o governo, os conflitos dentro dos próprios partidos, e por fim a última medida: a luta armada. O papel da Organização das Nações Unidas (ONU), de Eduardo Mondlane, figura importante nessa luta, também foi mostrado, até chegar na sonhada Independência de Moçambique em 25 de Junho de 1975. Por fim, o palestrante mostrou a criação de uma linha de frente dos países já independentes para apoiar e libertar os outros, e os conflitos internos que culminaram em uma guerra civil dentro de Moçambique, de 1975 até 2002.

Em seguida, a professora Marisa Pineau, que estuda história da África, apresentou como a Argentina quer relembrar e preservar essa presença da cultura afro no país, assim como outros países vizinhos, como o Uruguai e Paraguai. A docente apresentou os sítios de memória que existem na Argentina e em outros países, para relembrar a cultura africana ali presente, como o Parque Lezana y Plaza San Martín, em Buenos Aires, e a Capilla de los negros, em Chascomús, e outros patrimônios imateriais que contam parte relevante da história africana no local. Citou pessoas importantes para mostrar essa presença africana no país, como Gabino Ezeiza, que foi uma grande personalidade da história artística argentina, considerado o maior dos payadores (músico que canta a Payada, uma forma de poesia improvisada vigente na Argentina), que tem vinculação com o tango. A palestra teve como objetivo principal resgatar e mostrar a cultura afro na Argentina e desmistificar alguns conceitos, como a fala de que os argentinos não possuem influências africanas.

A sala contou com a presença de pessoas das mais diversas idades que puderem participar apresentando questionamentos sobre os assuntos tratados, levantando questões relevantes, como a relação da população branca e da população afro na Argentina nos dias atuais.