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Ciclo de Debates do Fórum das Letras discute políticas públicas para a Literatura no Brasil

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Daiane Bento

Dentro da programação do Fórum das Letras 2014, o Ciclo de Debates realizado ontem, 30 de outubro, promoveu discussão sobre políticas públicas para a literatura no Brasil, no anexo do Museu da Inconfidência, Praça Tiradentes, em Ouro Preto. O Ciclo contou com a presença dos convidados Mansur Bassit, diretor executivo da Câmara Brasileira do Livro, Suzete Nunes, diretora da Direção Geral do Livro, Leitura e das Bibliotecas do Ministério da Cultura, e da professora Fernanda Silva, do Departamento de Educação (Deedu) da UFOP, com a mediação da professora Guiomar de Grammont, idealizadora do Fórum.

Mansur Bassit destacou o prazer em estar pela segunda vez no Fórum, lembrando o debate de 2012 sobre livrarias. Formado em publicidade e com especialização em administração, foi professor no Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) e possui experiência na história do aprendizado e nas dificuldades da leitura e formação da população. Sobre sua atuação, ele ressaltou: "A Câmara Brasileira do Livro tenta gerar políticas e ferramentas para ajudar nesses quesitos".

Suzete Nunes é formada na área de história e trabalha há 8 anos no Ministério da Cultura, tendo a oportunidade de ter participado nas políticas de livro e leitura no âmbito do Ministério entre 2008 e 2010. Ela ressaltou a importância desse evento: "Queria parabenizar ao Fórum, por contar com uma equipe bastante competente de curadoria e coordenação e pelo seu papel especial em ser promovido por uma universidade pública, colocando esse espaço de reflexão em debates em torno da literatura."

A professora Fernanda Silva retornou à UFOP após ficar 5 anos na África. Participou do projeto UFOP com a Escola desde sua criação, em 2006, até 2009, retornando este ano. Interessada na educação de adultos e na formação de professores e inserção da cultura nas salas de aula, a professora destacou sua satisfação em ver a continuidade de um evento como o Fórum das Letras, superando os desafios de uma universidade pública em manter uma iniciativa tão importante durante 10 anos.

O debate contou com a participação do público que expôs projetos que, muitas vezes, contam com baixo orçamento para realização, como o caso do "Vamos todos ler" que trabalha com a criação de espaços públicos de leitura, com foco nas escolas. Criado em 2003, o projeto hoje conta com 800 espaços de leitura em todo o Brasil, sendo 70% longe dos centros urbanos. Cristina Oldemburg, diretora executiva do Instituto Oldemburg de Desenvolvimento, um dos parceiros do projeto, explicitou que a falta de verba e de auxílio prejudica a ampliação dessa iniciativa: "Questiono quais políticas públicas podem interferir nessas iniciativas que não possuem apoio".

Suzete Nunes explicou aos presentes que, dentro da ações encabeçadas pelo Ministério da Cultura, o foco atualmente está na ampliação do Plano Nacional de Livro e Leitura (PNLL), que possui um projeto de lei a ser apresentado até o final do ano. Se aprovado, ajudará ainda mais na qualificação e aumento do acervo das bibliotecas, métodos de atração dos leitores, além de outras melhorias. A ampliação do Fundo Nacional de Cultura, que vem ao encontro da questão do baixo orçamento para os projetos, e a criação de um órgão que estude propostas e métodos para essas políticas públicas também foram consideradas. Também foram colocadas em pauta a criação e a ampliação de editais e projetos em favor de promover a literatura brasileira no exterior.

Mansur destacou que a população jovem participa em peso de eventos literários, como aconteceu na última Bienal do Livro, e que esse fato, junto com a informatização, não diminui o papel e a importância do livro impresso: "Pelo contrário, isso aumentou o interesse dos jovens pela leitura". A professora Fernanda destaca a importância de a universidade estar presente nas escolas e criar projetos que sensibilizem e ampliem a visibilidade dos livros, principalmente pelo expansionismo que tirou o espaço das bibliotecas nos prédios, em decorrência da necessidade de mais salas de aula.

O debate ajudou o público e os participantes para entenderem as problemáticas da viabilização dessas políticas públicas e o espaço da literatura nos diversos espaços apresentados. Suzete destacou a importância do Fórum em promover esse espaço: "Escritas em transe é um tema muito adequado ao momento em que estamos vivendo, com a memória tão dura do Golpe Militar, além de ser uma profusão de ideias, sentimentos, tensões e posições, tudo em um único objetivo, que é fortalecer a democracia do Brasil, e o Fórum nos abre esse espaço para reflexão". 

O Ciclo de Debates é um dos destaques dentro da programação do evento, com grandes nomes relacionados à Literatura e à Cultura. Nesta sexta-feira, 31 de outubro, outro debate está marcado para 15h, sobre o tema "Ações de Promoção da Literatura: Projeto Conexões (Itau Cultural). Amanhã, dia 1º de novembro, também às 15h, a discussão é sobre "A Literatura Brasileira na França".

O Ciclo é realizado no anexo do Museu da Inconfidência, na Praça Tiradentes, em Ouro Preto.