Criado por Priscilla Santos em seg, 18/07/2016 - 13:47 | Editado por Lígia Souza há 8 anos.
É 1952 no interior de Minas. Em uma cidade dominada por uma companhia de mineração, não há outra expectativa de futuro para os jovens se não seguir os passos dos pais e avós. Para as meninas, a honra só existe quando se tem marido e casa. Davi, Joel, Saul e Lourenço pensam fora da caixa e fazem o improvável: sonham. Vendo a formatura no Ensino Médio se aproximar, milhares de possibilidades começam a circundar a cabeça dos jovens e os levam para longe, ainda que em pensamento.
“Jardim de Pedra” levou ao SESI Mariana, na noite do último domingo (17), uma reflexão do sonho como matéria-prima da vida, a base que fundamenta tudo. O desejo de ir para a capital e fazer carreira na música é o que une os quatro amigos, que rejeitam o destino que lhes era reservado e decidem largar tudo e arriscar o novo, começar do zero.
Mas amadurecer parece mais difícil do que se pensa. Os desafios que a vida impõe se mostram obstáculos grandes demais para serem removidos. Os sonhos deixam de ser prioridades e se tornam perda de tempo. A realidade grita.
Entre trocas de cenário e canções, os personagens interagiam entre si. As histórias possuem uma conexão e estão interligadas, de uma forma ou outra. Tudo o que acontece na vida de um influencia nos demais. Toda ação tem uma reação — e as reações eram sofridas por todos.
O compromisso com a família, a gravidez inesperada, a doença, a expectativa do pai, a frustração, a rejeição e a incompreensão. A descoberta de amores improváveis. As consequências sofridas quando não se é o que esperam. O medo de repetir histórias, de levar uma vida que se despreza. O medo de viver como seus pais.
“Do que mais um homem precisa”, pergunta um. “Sonho!”, responde o outro. Mas o que foi feito desses sonhos? Em qual gaveta eles foram esquecidos? Em qual recanto da alma dormem empoeirados? Quando foi que deixamos de sonhar?
Por que deixamos de sonhar?
Impelidos incessantemente para o jardim de pedra, onde nada nasce ou floresce, eles se veem plantados na vida e no lugar que tanto tentaram fugir.
Aplaudidos de pé, os atores iniciam um coro emocionante de “Como Nossos Pais” do cantor cearense Belchior. E encerram, com chave de ouro, a última noite do Festival de Inverno 2016.