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Histórias não envelhecem: conheça o projeto Contadores de Causos e Histórias

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Agliene Melquíades

Idealizado pela professora do Departamento de Letras da UFOP (Delet), Adriana Maruzzo, há aproximadamente 17 anos e sob atual direção da professora emérita Hebe Rôla, o projeto Contadores de Causos e Histórias tem como objetivo preservar o patrimônio cultural imaterial da cidade de Mariana e região. Por meio do teatro, das músicas folclóricas, e da narração e criação de histórias, causos e lendas, o projeto promove a valorização da cultura regional e das tradições marianenses. As atividades envolvem pessoas de todas as faixas etárias: de crianças da pré-escola, passando por estudantes da Educação de Jovens e Adultos (EJA) e idosos. 

As lendas e causos marianenses chegam a escolas, asilos, e outros projetos sociais. Além da contação das histórias pelos membros do projeto, o público pode criar e contar suas próprias histórias, contribuindo para um espaço de compartilhamento coletivo. “O projeto tem participante de todas as idades, já que não há idade para escutar e contar histórias”, afirma Hebe. Segundo ela, algumas pessoas passaram a pesquisar a história do próprio lugar onde vivem.

O projeto conta com voluntários que são alunos e ex-alunos da UFOP. Alexsandre Carvalho, ex-aluno de Artes Cênicas, atua como professor voluntário de teatro e participa do projeto há 14 anos. Ele diz que antes mesmo de ser monitor e entrar na Universidade, tinha dúvidas sobre a profissão que gostaria de seguir, mas o projeto o auxiliou nisso. “Consegui me colocar naquele lugar e tomar decisões sobre o curso a partir da riqueza da vivência que tive”. 

O projeto Contadores de Causos e Histórias desenvolve ações com vários desdobramentos em diversas esferas sociais. Na Academia Marianense de Letras Infantojuvenil, os jovens criam e contam histórias, pesquisam obras literárias, apresentam trabalhos, fazem resenhas de livros, desenvolvem textos em forma de haicais, trovas, aldravias, quadras, e produzem seu próprio jornal, além de levar para as reuniões o conteúdo do que aprendem na escola.

O projeto também realiza a Procissão das Almas de Mariana, a Semana da Cultura, a Semana do Mestre Athayde, e o sarau-literário Cantando Alphonsus, além de estar envolvido na realização do projeto Floresça Mariana, e possuir um grupo de teatro, a Cômica Cia de Teatro, com 14 anos de existência. Para a adolescente Alice Dias, 12 anos, participante das ações, o mais interessante das atividades é a diversidade de pessoas que ela atrai. “É uma diferença muito grande de pessoas que talvez não conviveriam. Mas aqui não tem diferença no tratamento, apesar das desigualdades. Somos como uma família”.

A ex-aluna de Letras e estudante de Administração, Águeda Maria Gomes, participa do projeto desde 2004 e atua no setor administrativo e monitoria das atividades. Ela ressalta o engajamento dos jovens que participam das ações. “As crianças ligadas às atividades dizem que é uma oportunidade de crescimento para elas. Não é aquele conhecimento através de um ensino metódico, é algo muito mais livre”.

Personagens populares de Mariana já foram representadas pelas histórias. Um deles é Tietié, vendedor ambulante que viveu na cidade em 1940, conhecido por vender jogo do bicho, criar trovas e conhecer a vida das outras pessoas. Segundo Hebe Rôla, "essas personagens conseguiram, com suas ações e maneira de ser, preservar um patrimônio imaterial muito grande. Nossa ideia é valorizar aquele que não é tão valorizado. Essas pessoas precisam ser lembradas, por preservarem Mariana. Pessoas que varriam voluntariamente as praças da cidade. São elas que nós, por enquanto, queremos levar a público. Personagens idôneas da cidade”.

As reuniões do projeto ocorrem na Academia Marianense de Letras – Casa de Cultura, em Mariana, e no Instituto de Ciências Humanas Sociais da UFOP. As atividades não param nas férias.