Para colaborar com a comunidade acadêmica na escolha dos candidatos à Reitoria na Pesquisa Paritária de 2024 da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), a Assessoria de Comunicação Institucional (ACI) realiza uma série de entrevistas com as chapas inscritas no processo de escolha dos gestores que vão ocupar o cargo máximo dentro da Universidade pelos próximos quatro anos.
A ordem de publicação das entrevistas foi decidida por meio de sorteio, e a entrevista que vai ao ar nesta quarta-feira (11) é com a Chapa 3. O candidato a reitor é o professor da Escola de Minas Eleonardo Lucas Pereira, e quem concorre a vice-reitora pela chapa é a professora Cristiane Márcia dos Santos, do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas (Icsa).
Conforme regulamento, o conteúdo foi publicado exatamente como enviado pelas chapas. As informações contextuais que as profissionais da ACI julgaram necessário incluir estão entre colchetes.
ACI: Desde 2014, a UFOP e outras instituições federais enfrentam constantes contingenciamentos orçamentários que, em certos momentos, trazem inclusive o risco de paralisação das atividades. Como vocês pretendem enfrentar esse desafio? Como definir as prioridades e um bom planejamento tendo um orçamento cada vez menor?
Chapa 3: Os próximos anos mostram um quadro desafiador. A peça orçamentária de 2025 não traz aumentos significativos para a educação. Seguiremos enfrentando cenários de dificuldades. Mais do que isso, não temos uma visão de possibilidades de médio e longo prazo.
Para enfrentar os desafios impostos pelos contingenciamentos orçamentários, a estratégia proposta deve se apoiar em três pilares essenciais: um planejamento estratégico alinhado ao orçamento, a inovação na captação de novos fundos, e a otimização dos recursos existentes.
Em primeiro lugar, devemos criar o plano estratégico integrado ao orçamento para garantir processos que estejam completamente ajustados à realidade orçamentária da instituição. Isso significa priorizar atividades que são essenciais e estratégicas, como ensino, pesquisa e extensão, e otimizar o uso dos recursos disponíveis para atingir os principais objetivos institucionais. Um monitoramento contínuo e flexível permitirá fazer ajustes rápidos à medida que novos desafios orçamentários surgirem. É necessário que os diretores e diretoras de unidades acadêmicas sejam partícipes desse processo, atuando na tomada de decisões essenciais.
A segunda posição é fomentar parcerias institucionais. É fundamental buscar ativamente fontes alternativas de financiamento, como emendas parlamentares, fundos de fomento e parcerias com instituições públicas e privadas. A UFOP pode também ampliar sua participação em redes colaborativas, estabelecendo parcerias que aumentem o acesso a recursos financeiros, especialmente para projetos voltados à pesquisa, extensão e cultura. Essas parcerias podem envolver colaborações em nível regional, nacional e até internacional, criando meios de melhoria de nossos laboratórios e condições permanentes de sua manutenção.
Quanto ao terceiro pilar, é necessário uma atuação interinstitucional para revisão de programas federais, como o PNAES, e os mecanismos de dotação orçamentária, particularmente os vinculados à Matriz da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior - ANDIFES. A UFOP pode desempenhar um papel ativo na proposição de ajustes nessa matriz, enquanto reforça a transparência sobre o uso dos recursos disponíveis. Isso ajuda a fortalecer a confiança de nossa comunidade sobre todo o processo orçamentário.
Esses elementos servem como base para a construção de um planejamento sólido, que permita enfrentar os cortes sem comprometer a missão e os objetivos da universidade.
ACI: Sabe-se que atualmente a UFOP tem um déficit de servidores técnico-administrativos na maioria dos setores e em todos os campi. Como a chapa, se eleita, pretende lidar com este déficit, principalmente nos setores mais estratégicos? Caso o Governo Federal destine mais cargos para as universidades, como será a distribuição dessas vagas nos setores e unidades da Universidade? E se não tivermos mais vagas ainda neste atual governo, a terceirização será a solução?
Chapa 3: A chapa Esperançar é Agir apresenta um conjunto de medidas estratégicas para abordar o déficit de servidores técnico-administrativos na UFOP. A escassez de servidoras e servidores é um problema em larga escala para as Instituições de Ensino Superior e é um problema crítico exacerbado pelo corte de recursos financeiros e falta de oportunidades de expansão, conforme vem sendo delineado nas discussões do Fórum de Pró-reitores de Planejamento, no âmbito da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior - ANDIFES. É necessário enfatizar que, no caso da UFOP, nossa média de servidores/as TAEs por estudante está abaixo da média do conjunto das IFES.
Entendemos que é necessário fazer um diagnóstico detalhado para a contratação de novos servidores e novas servidoras, para distribuir equitativamente novos cargos, especialmente em setores críticos como laboratórios, prefeitura, comunicação, bibliotecas e serviços de atendimento ao público, dentre outros. Isso será priorizado. Será de nossa responsabilidade lutar para que não haja novo corte orçamentário sem reposição do déficit de pessoal. Além disso, a Chapa Esperançar é Agir advoga o estabelecimento de políticas que valorizem os talentos dos servidores técnico-administrativos. Acreditamos fortemente que os servidores precisam trabalhar onde são mais necessários em termos de suas habilidades e talentos.
A terceirização não é uma solução. É um paliativo para o caso de não haver novas vagas. O nosso compromisso, porém, é pela busca dessas vagas. Seguiremos em mobilização conjuntamente com a ANDIFES e a FASUBRA [Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil] para aumentar a base de servidores técnico-administrativos. Dessa forma, assumimos o compromisso pela busca de um ambiente acadêmico que tenha uma categoria de TAEs forte e bem posicionada para melhorar as nossas tomadas de decisão.
Ressaltamos que essa discussão é uma das conquistas da greve recente das Universidades. Na nossa carta, destacamos o compromisso da luta incansável em defesa da Universidade gratuita, pública de qualidade e socialmente referenciada. E isso passa pela defesa de melhorias e consolidação das carreiras das/os técnicas/os administrativas/os em educação e das/os docentes, e pelo amparo do cumprimento de acordos de greve junto ao MEC e à ANDIFES, sempre dialogando e escutando as representações de cada categoria, respeitando-se, dessa maneira, a democracia e o Estado de Direito.
ACI: No que diz respeito ao bem-estar e à saúde mental da comunidade acadêmica, a UFOP desenvolve ações isoladas e pontuais e algumas campanhas em momentos mais críticos. Qual é o projeto da chapa para as ações de cuidado e acolhimento? Como ele seria executado, caso a chapa seja eleita?
Chapa 3: A UFOP oferece diversos projetos consolidados na área de saúde mental, como o Psicologia de Portas Abertas, a Orientação Estudantil e iniciativas do PIDIC [Programa de Incentivo à Diversidade e Convivência] e PRODESA [Programa de Desenvolvimento Social e Acadêmico]. Essas ações abrangem acolhimento psicoterapêutico, apoio psicossocial e projetos voltados ao bem-estar e convivência.
O bem-estar e a saúde mental da comunidade acadêmica são prioridades que requerem ações contínuas. O Psicologia de Portas Abertas é um espaço de escuta e acolhimento psicoterapêutico, desenvolvido por psicólogos da Coordenadoria de Saúde da PRACE e dos Núcleos de Assistência Estudantil de Mariana e de João Monlevade.
Nosso plano de ação visa a construção de espaços que valorizem a cultura, a arte, o lazer e o entretenimento, inserindo jogos, literatura e música nas unidades ou em locais estratégicos da Universidade, criando ambientes que estimulem o relaxamento, a interação e a socialização.
Vamos fortalecer a Coordenadoria de Saúde, ampliando suas funções e promovendo discussões contínuas sobre seu papel. Buscaremos parcerias com o SUS e instituições afins, expandindo o acesso aos cuidados especializados e integrando os serviços de promoção de saúde já existentes na Universidade, tornando-os mais eficazes.
Essas ações serão complementadas por formações continuadas sobre saúde mental, capacitando a comunidade para lidar melhor com as demandas acadêmicas.
Serão promovidos eventos regulares e projetos de extensão sobre parentalidade, saúde mental e bem-estar, utilizando o Programa de Incentivo à Diversidade e Convivência (PIDIC) para incluir pais, mães e suas famílias em grupos de discussão e eventos culturais.
Destacamos também o nosso compromisso de investimentos para que a Escola de Educação Física também seja protagonista na proposição de ações constantes no esporte, lazer, saúde e bem-estar.
Também apoiaremos projetos de extensão que visem oferecer suporte tanto a discentes, docentes e servidores, quanto à comunidade que mantém vínculo com a UFOP, como é o caso da Ouvidoria Feminina.
O eixo central de nossa chapa é a criação de sinergias por meio da integração de programas e projetos. Dessa forma, promoveremos uma articulação consistente não apenas entre as diversas pró-reitorias da instituição, mas especialmente entre a Pró-reitoria de Assuntos Comunitários e Estudantis - PRACE e a Pró-reitoria de Diversidade, Equidade, Inclusão e Ações Afirmativas, a ser criada.
ACI: Os Restaurantes Universitários (RUs) são essenciais para a permanência dos estudantes na Universidade, além de serem amplamente utilizados por servidores técnico-administrativos e docentes. O que a chapa propõe para aprimorar esse serviço e garantir que os estudantes que mais precisam tenham acesso a uma alimentação de qualidade com preço acessível?
Chapa 3: Nós acreditamos que a assistência estudantil é parte fundamental de qualquer pauta de acesso e permanência na Universidade. A alimentação é elemento central na política de atendimento e assistência. Mas a política de assistência complementa-se com diversas iniciativas, como o apoio às moradias, bolsas permanências, diversos tipos de atendimento à saúde física e mental. Além, é claro, de diversos outros tipos de bolsas cujos recursos são oriundos do orçamento de custeio da UFOP.
Nossa chapa propõe ampliar a faixa de renda dos estudantes que podem ser atendidos pela assistência estudantil, aumentando o número de bolsas permanência e o subsídio aos Restaurantes Universitários, conforme as possibilidades orçamentárias, sempre em diálogo com as entidades estudantis. Além disso, vamos implementar o Programa de Alimentação Saudável na Educação Superior (PASES), promovendo segurança alimentar e nutricional no ambiente acadêmico. Também avaliaremos, junto ao COPAE e com recursos do PNAES, a possibilidade de oferecer desjejum (café da manhã) para estudantes em vulnerabilidade socioeconômica.
A redução do valor da refeição para os estudantes não contemplados pelos programas da PRACE é pauta da nossa carta programa e temos os caminhos para efetivar isso.
ACI: A comunicação institucional é essencial para evitar a desinformação, principalmente quando as redes sociais estão repletas de fake news. Além disso, é papel da Universidade, como instituição pública, mostrar para a comunidade de dentro e, principalmente, de fora da UFOP, os avanços que as nossas pesquisas e ações têm alcançado. Entre os desafios que a comunicação da UFOP encontra atualmente, estão a falta de pessoal e a busca por financiamento para garantir a continuidade das emissoras de caráter público-educativo, que também desempenham um papel importante na comunicação institucional. Como vocês pretendem fortalecer essa área?
Chapa 3: Fortalecer a comunicação institucional da UFOP é essencial para enfrentar a desinformação e destacar os avanços nas áreas de ensino, pesquisa e extensão. A comunicação vai além do aspecto técnico e estratégico, atingindo uma dimensão afetiva e social, especialmente em tempos de fake news e polarizações.
Nosso objetivo é revisar e atualizar o Projeto Acadêmico Institucional, aprovado pelo CUNI em 2010, por meio de seminários com a comunidade. Isso permitirá adequá-lo às novas realidades tecnológicas e sociais, promovendo uma comunicação integrada e sintonizada com as demandas atuais.
Outro ponto é o fortalecimento da comunicação digital. Estabeleceremos normas claras para as publicações institucionais, garantindo precisão e acessibilidade. Isso inclui a normalização das redes sociais institucionais e a padronização dos sites dentro do domínio
www.ufop.br, assegurando uniformidade e segurança.
Reforçaremos o quadro de servidores da Diretoria de Comunicação Institucional (DCI), setor estratégico que precisa de mais pessoal efetivo para executar suas atividades-fim.
Sobre a rádio e a TV, nosso foco será garantir o funcionamento seguro dessas mídias. A TV aberta de Ouro Preto deverá estar no ar até o início de 2025, e lutaremos para estender seu sinal a João Monlevade e Mariana, buscando novos financiamentos, como a emenda de bancada destinada ao setor. Além disso, fortaleceremos o Sistema UFOP de Rádio, ampliando sua função na comunicação científica e comunitária, além de buscar a concessão da emissora de Ouro Preto.
A editora da UFOP também será revisada, expandindo seu papel na disseminação do conhecimento acadêmico e científico, com a inclusão de técnicos administrativos nos conselhos. Modernizaremos o setor de Cerimonial, ampliando sua atuação para além da Reitoria e garantindo uma apresentação profissional da UFOP em eventos oficiais.
Por fim, implantaremos um sistema de suporte técnico eficiente para garantir o bom funcionamento dos equipamentos audiovisuais, assegurando a produção contínua de conteúdo. Essas medidas reforçam o compromisso da UFOP com a educação, ciência e sociedade.
PESQUISA PARITÁRIA - A pesquisa paritária tem o objetivo de conhecer a preferência da comunidade acadêmica da UFOP para a ocupação dos cargos de reitor(a) e vice-reitor(a) na gestão 2025-2029.
O processo de votação será realizado pelo Sistema e-Votação UFOP, com início às 8h do dia 2 de outubro até às 18h do dia 3 de outubro. Poderão votar: estudantes de cursos de graduação e pós-graduação regularmente matriculados(as) ou que se encontrarem nas situações de trancamento, afastamento ou mobilidade nos dias da votação; técnicos(as) administrativos(as) em educação da ativa e aposentados(as); docentes da ativa e aposentados(as), incluindo os(as) participantes do Programa Institucional de Capacitação Docente.