Desde as últimas eleições, as universidades federais brasileiras têm sofrido ataques regulares à sua imagem com acusações descabidas de doutrinação, de promoção de um ambiente promíscuo e de mau uso dos recursos públicos. Sabemos que tais situações não se estabelecem em nossas instituições, que primam pela qualidade das suas atividades de ensino, pesquisa e extensão, que, integradas, são grandes contribuintes para o desenvolvimento de um país mais justo, soberano e internacionalmente referenciado.
Os ataques atingiram um patamar ainda mais severo com as reiteradas declarações do ministro da Educação, Abraham Weintraub, indicando que as universidades são ambientes de produção e disseminação de drogas, com a anuência de seus servidores e estudantes. Sórdida é a palavra mais apropriada que o Conselho Universitário da Universidade Federal de Ouro Preto encontrou para qualificar esta nova campanha contra nossas instituições, uma vez que, nesta direção, se anula qualquer espaço para a discussão de ideias, programas e projetos que valorizem os desafiadores trabalhos que aqui se realizam.
Basta! Não podemos nos calar diante de tais atrocidades. As universidades sempre sobreviveram às distopias, às tiranias, porque nelas a utopia do conhecimento se torna tangível, real, ao mesmo tempo em que novas utopias são construídas. Uma construção que se dá a partir do dissenso, do antagonismo, pois nunca fomos nem seremos um bloco monolítico de pensamento ou de práxis social.
Respeito! É isso que queremos. A nossa dedicação, seja por meio do ensino, da pesquisa, da extensão, inovação tecnológica e de outras atividades de apoio desenvolvidas por nossos docentes, técnicos em educação e discentes não podem ser desqualificadas de forma tão agressiva e negativa.
A reboque de cada declaração, milhares de mensagens falsas são distribuídas na tentativa de se emprestar uma ética ao que não é ético, pois é sórdido. Criam-se guerras, inventam-se inimigos e quem paga o preço é a própria sociedade, que hoje, ao invés de crescer e se consolidar com as diferenças, passa a ser dividida algoritmicamente. Até onde irão esses ataques às Ifes? Qual o nosso limite de tolerância?
Bom senso! É o que deve prevalecer em um Ministério tão estratégico para o país. Não precisamos de sordidez, mas de uma representação real que passe a dialogar com nossas instituições na busca de uma Educação inclusiva e sempre mais qualificada para a nossa sociedade.
É nosso dever defender a universidade pública, gratuita e de qualidade, democrática, autônoma e inclusiva, por compreender seu papel estratégico para o desenvolvimento científico, tecnológico, econômico, social e cultural de uma nação.
Ouro Preto, 13 de dezembro de 2019.
Conselho Universitário da Universidade Federal de Ouro Preto