A Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) lançou recentemente uma nova identidade visual em seu site institucional, que traz elementos da Língua Brasileira de Sinais (Libras) como destaque. A proposta vai além do aspecto simbólico e reforça o compromisso da Instituição com a inclusão e a valorização da diversidade linguística e cultural, reafirmando seu papel como universidade pública comprometida com uma educação acessível e plural. A iniciativa é fruto de uma parceria entre a Coordenadoria de Acessibilidade e Inclusão (Cain) e a Diretoria de Comunicação Institucional (DCI).
A campanha foi pensada durante a gestão do ex-coordenador da Cain, Marcelo Dias Santana, e, segundo ele, a ideia surgiu em reuniões com a equipe de comunicação para ampliar a visibilidade das ações da coordenadoria. "Na ocasião, pensamos várias propostas, entre elas a divulgação do uso da Libras na Universidade", explica. Marcelo destaca que um dos maiores desafios foi representar visualmente uma língua que depende do movimento e da expressão facial para ser compreendida: "Pensar a Libras de forma estática exigiu estratégias para manter a clareza e o respeito à sua estrutura linguística".
A atual coordenadora da Cain, Mariana Silva Santos, ressalta a importância simbólica e prática da iniciativa como uma forma de demonstrar apoio à comunidade surda e representar o compromisso da Universidade com a inclusão e a acessibilidade. Segundo ela, ações como essa ajudam a conscientizar a comunidade sobre a importância da acessibilidade e reforçam a necessidade de avanços nas políticas institucionais. "Esperamos que a mudança impacte positivamente a comunidade acadêmica e incentive novas iniciativas inclusivas", complementa.
Para o diretor de Comunicação Institucional, Ciro Mendes, a campanha faz parte de um esforço contínuo da Universidade para tornar sua comunicação mais acessível e representativa. "A Comunicação Institucional tem um longo histórico de parcerias com a Cain, no intuito de buscar ferramentas de maior visibilidade e facilitação do acesso às políticas de atendimento às Pessoas com Deficiência (PCDs) e com Necessidades Educacionais Especiais (NEEs). Entre as ações de visibilidade desse público, tem sido buscada a participação de pessoas dentro desse espectro nas peças gráficas de campanhas e ações institucionais, como cartão de fim de ano, chamadas de editais e chamadas de pesquisas", afirma.
Ele também destaca o cuidado técnico durante a concepção das imagens para garantir a qualidade e evitar leituras adversas. "Inicialmente, os termos foram acertados, no sentido de exporem o real conteúdo desejado. A posição das mãos e a cor das roupas seguem um propósito de manter a melhor leitura possível dos gestos. Todos os modelos registrados são intérpretes da Cain e um é estudante usuário da Libras no cotidiano, garantindo que essas pessoas tenham letramento na língua", explica. Ciro afirma que, com isso, evitou-se o mero uso ilustrativo e buscou-se o reconhecimento de quem realmente tem o envolvimento no tema.
Para o diretor, trazer a Libras como uma das línguas do site institucional é reconhecer a presença de pessoas que a utilizam, diretamente, além de ser uma forma de lembrança constante da existência de outros componentes institucionais dentro do espectro das PCDs. "A presença das imagens também alerta aos não usuários de Libras a possibilidade de dialogar com um público específico, o que pode gerar em alguns o interesse no aprendizado e ampliação de suas possibilidades. Ao fim, é um processo de ganho para todos os envolvidos", finaliza Ciro.