Criado por Administrator em ter, 12/11/2013 - 15:12
Caroline Antunes
Para oferecer condições de igualdade às pessoas com deficiência, transtorno global do pensamento ou superdotação, a Universidade Federal de Ouro Preto conta com o Núcleo de Educação Inclusiva (NEI). Atualmente, oitenta alunos são assistidos pelo Núcleo, criado em 2005. Ele dispõe de recursos tecnológicos e apresenta metodologias específicas para que, de acordo com a especificidade de deficiência ou necessidade, o aluno possa desenvolver as atividades acadêmicas.
Todas as ações são realizadas em sintonia com estudantes, família, professores e colegiados de curso. “Novos desafios surgem todos os dias. Dois alunos podem ter a mesma deficiência, mas as pessoas são diferentes e têm necessidades distintas. Quando nós percebemos os desafios, quer dizer que estamos caminhando na direção de uma Universidade mais inclusiva”, argumenta a coordenadora do Núcleo, Marcilene Magalhães.
Felipe Rigoni Lopes, 22, aluno do 9º período de Engenharia de Produção, tem deficiência visual há sete anos. Ele perdeu a visão gradualmente e passou por 17 cirurgias. Capixaba, foi aprovado, em 2009, na Universidade Federal do Espírito Santo e na UFOP. Durante a matrícula, foi conquistado pela recepção em Ouro Preto.

Determinado e aluno destaque de sua turma, Felipe conta que uma das dificuldades que encontrou quando chegou na UFOP foi não conhecer ninguém. Ele dependia dos moradores da república para levá-lo e buscá-lo na aula, mas o maior obstáculo mesmo foi a locomoção.
“Pessoas com a mesma deficiência que a minha precisam das coisas bem planejadas, porque temos que ter na cabeça um mapa das coisas. Estão sendo implantadas as sinalizações no chão e nas paredes. Ainda está em processo de construção, mas está melhorando”, declara Felipe.
O estudante de Engenharia contou também sobre um problema que teve com a matéria Expressão Gráfica, ministrada pelo Departamento de Arquitetura, que tem como tarefa principal o desenho. Para atendê-lo, foi contratada uma monitora que o ajudou a desenvolver uma técnica de utilização do compasso.
“A maioria dos professores são preparados, porque não há muita dificuldade em ensinar uma pessoa com deficiência visual. É apenas ele prestar atenção no que você está escrevendo e dizer”, comenta o aluno.
Legenda: Felipe Rigoni Lopes, 22, aluno do 9º período de Engenharia de Produção, tem deficiência visual. Durante a matrícula, foi conquistado pela recepção em Ouro Preto.
Legenda: Felipe Rigoni Lopes, 22, aluno do 9º período de Engenharia de Produção, tem deficiência visual. Durante a matrícula, foi conquistado pela recepção em Ouro Preto.
Projeto O professor de Ciências Sociais Ubiratan Garcia Vieira é coordenador de um projeto de extensão “Contatos Mistos e Trajetórias de Cuidado de Pessoas com Deficiência em Mariana”. O projeto realiza atividades junto à Comunidade da Figueira, uma instituição de cuidados para pessoas com deficiência, e conta com aproximadamente sessenta participantes.
Inicialmente, o projeto fez um trabalho de conhecimento e encontro com os interessados. Após o primeiro encontro, foram realizadas visitas do grupo ao Jardim de Mariana e promovida, em maio deste ano, uma gincana de contatos mistos envolvendo estudantes da Universidade e a comunidade.
“A partir dessa atividade, atendemos a demanda de algumas pessoas com deficiência da cidade, que tinham interesse em criar uma associação. Colaboramos com a criação da Associação Marianense de Acessibilidade, nos encontramos quinzenalmente, aos sábados, no ICSA para reuniões”, conta o professor.
A ideia partiu de uma preocupação dos professores Ubiratan e Mônica Rahme, ambos coordenadores do projeto, ao pensar sobre como se dava o contato entre as pessoas com e sem deficiência. “A ideia é poder contribuir para que a gente reconheça nessa condição de deficiência a vulnerabilidade humana que todos nós compartilhamos”, destaca Ubiratan.