Criado por Administrator em ter, 09/09/2014 - 15:35
Fernanda Mafia
Além de responsáveis pela polinização das flores, uma pesquisa desenvolvida na Universidade Federal de Ouro Preto constatou que as abelhas também podem ser eficientes bioindicadores de poluição por metais pesados. Isso significa que o monitoramento do mel e do pólen carregado por esses insetos indica o nível de contaminação do ar em determinada região. A pesquisa foi desenvolvida pela mestre do Programa de Mestrado em Ecologia de Biomas Tropicais, Nathália de Oliveira Nascimento, e defendida, no mês de agosto, sob a orientação da professora Yasmine Antonini e coorientação do professor Hermínio Arias Nalini Júnior.
Quatro mineradoras de pequeno porte - em Ouro Preto, Mariana, Itabirito e Nova Lima - foram escolhidas para receber os ninhos das abelhas sem ferrão (colmeias), que foram monitorados durante um ano. Além disso, também foi instalado um ninho em uma região chamada “área de controle”, afastada das áreas de mineração, para fins comparativos. O mel e o pólen coletados passaram por uma análise geoquímica, e, posteriormente, os resultados do período de seca e chuva foram comparados. “Os metais pesados, como chumbo, níquel, cromo, arsênio, foram encontrados em altas concentrações, sobretudo no período de seca, em que os elementos tóxicos são encontrados em maior quantidade na atmosfera,” observa Nathália.
“O pólen coletado pelas abelhas e armazenado nos seus ninhos são os mais eficientes para uso na bioindicação e biomonitoramento”, esclarece Nathália, que também explica que além de indicar o nível de poluição de determinada região, as análises podem inferir a origem geológica do local de acordo com os elementos químicos encontrados naqueles materiais e também sobre a origem e características botânicas. “Em caráter multidisciplinar, trabalhamos com pesquisa biológica, geológica e química”, esclarece a pesquisadora.
Dentre as vantagens da investigação, destacam-se o baixo custo e o fato de que as abelhas são capazes de rastrear grandes áreas e fornecer informações do ambiente como um todo, ao contrário dos coletores de poeira, por exemplo, que são pontuais. Segundo Nathália, “a pesquisa tem grande potencial para ser executada em parceria com as mineradoras, principalmente graças a sua fácil implantação, já que geralmente as empresas de pequeno porte não fazem o controle da poluição do ar”, finaliza.