Criado por Administrator em ter, 07/11/2006 - 00:00
O Museu Aleijadinho e a Prefeitura Municipal de Ouro Preto promovem, de 12 a 18 de novembro, a Semana do Aleijadinho. Em 2006, são comemorados os 192 anos da morte do maior gênio do Barroco Mineiro.
A programação traz palestras, entrega de homenagens e apresentações culturais. Um dos destaques é a aula aberta com o prof. José Arnaldo Coelho Aguiar do Instituto de Ciências Humanas e Sociais (ICHS) da UFOP, com o tema “Duas Questões sobre a Luz”. Outro é uma visita orientada para a comunidade na igreja de Nossa Senhora do Carmo, com o professor André Castanheira Maia sobre “Autoria e Atribuições - O Aleijadinho na Igreja do Carmo de Ouro Preto”.
Acontece ainda a Mostra de Esculturas de artistas ouropretanos na Casa de Gonzaga. A abertura será no dia 13 de novembro, às 20h, com apresentação do músico Geraldo Pessoa. A exposição pode ser visitada de 14 de novembro a 13 de dezembro, de segunda a sexta-feira, das 10h às 17h. A entrada é franca.
No dia 16 de novembro, a Orquestra do Sesi/FIEMG apresenta um concerto especial em homenagem ao mestre do barroco, às 20h, na Igreja São Francisco de Assis.
O aniversário da morte de Aleijadinho, dia 18 de novembro, é marcado pelo toque festivo dos sinos das igrejas de Ouro Preto. A missa solene cantada, às 19h30, na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, tem a participação do Coral São Pio X. A celebração termina com a entrega de medalhas e homenagens, o toque de clarins pelos Dragões da Inconfidência e a aposição de flores no túmulo de Aleijadinho.
Semana do Aleijadinho tem programação para crianças
As crianças de Ouro Preto têm lugar reservado na programação da Semana do Aleijadinho.
No dia 15 de novembro, elas participam de uma manhã de criação com professores da Fundação de Arte de Ouro Preto no adro da obra prima de Aleijadinho: a igreja São Francisco de Assis.
No dia 16 é a vez dos estudantes conhecerem a Fundação Antônio Francisco Lisboa – O Aleijadinho, que há dez anos oferece formação profissional para jovens de Ouro Preto e região e presta serviços nas áreas de marcenaria, mecânica de manutenção e elétrica.
Já no dia 17, alunos de escolas da cidade visitam o Museu da Inconfidência, com destaque para a sala dedicada às obras de Aleijadinho.
Programação
12 de novembro – Domingo
Local: Santuário Arquidiocesano de N. Sra. da Conceição
19h – Missa solene de abertura da Semana do Aleijadinho, presidida por Dom Francisco Barroso Filho
Palavra do Exmo. Sr. Prefeito de Ouro Preto, Angelo Oswaldo de Araújo Santos
13 de novembro - Segunda-feira
Local: Igreja de N. Sra. do Carmo
14h às 17h - Visita orientada com o Prof. André Castanheira Maia
“Autoria e Atribuições - O Aleijadinho na Igreja do Carmo de Ouro Preto”
Local: Casa de Gonzaga
20h - Apresentação do músico Geraldo Pessoa
20h30 - Abertura da Mostra da Escultura com artistas ouropretanos
15 de novembro – Quarta-feira
Local: Adro da Igreja de São Francisco de Assis
9h às 13h – Manhã da Criação
Atividades de criação tridimensional - artes plásticas e música
Participação dos professores da Faop: Ilka Harry, Neméssia e Ana Cristina.
16 de novembro – Quinta-feira
8h30 às 16h30– Visita orientada de escolas de Ouro Preto à Fundação Aleijadinho
Igreja São Francisco de Assis
20h – Apresentação da Orquestra do Sesi/FIEMG
17 de novembro – Sexta-feira
14h às 17h – Visita orientada de escolas de Ouro Preto ao Museu da Inconfidência
Local: Igreja de São Francisco de Assis
19h – Aula Aberta - “Duas Questões sobre a Luz”, com o Prof. José Arnaldo Coelho Aguiar (ICHS/UFOP)
Local: Livraria Café da FIEMG (Praça Tiradentes)
20h – Lançamento do jornal e entrega do Prêmio Responsabilidade
Social da Fundação Aleijadinho
18 de novembro – Sábado
Dia do Aleijadinho
Local: Santuário Arquidiocesano de N. Sra. da Conceição
19h30 – Missa Solene Cantada, presidida por Dom Francisco Barroso Filho, Bispo Emérito da Diocese de Oliveira, Fundador do Museu Aleijadinho e criador da Semana do Aleijadinho
Participação especial do Coral São Pio X
Toque de clarins pelos Dragões da Inconfidência
Aposição de flores no túmulo do Aleijadinho
Entrega das Medalhas do Aleijadinho.
O Aleijadinho
Nascido em data incerta, provavelmente no ano de 1730, Antônio Francisco Lisboa era filho do arquiteto português Manoel Francisco Lisboa e de uma escrava. Aprendeu a arquitetura e a escultura em madeira com seu pai. Do trabalho com a madeira, passou para a pedra-sabão.
É provável que tenha recebido ensinamentos do desenhista e medalhisa português João Gomes Batista e dos entalhadores Francisco Xavier de Brito e José Coelho de Noronha. Antes dos 50 anos, ele é acometido por uma doença degenerativa, que deforma e atrofia seu corpo, desencadeando a perda progressiva do movimento dos dedos das mãos e dos pés. Passa a trabalhar com os instrumentos atados às mãos por seus escravos, que o carregam até os locais de trabalho.
A primeira biografia do artista foi escrita em 1858, 44 anos após sua morte, por Rodrigo José Ferreira Bretas, baseada em documentos de arquivo e depoimentos. No conjunto de sua obra destacam-se os projetos das igrejas de São Francisco de Assis, em Ouro Preto e em São João Del Rei, Minas Gerais; as 66 imagens de cedro dos Passos da Paixão e os 12 profetas de pedra-sabão, para o Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, encontram-se em Congonhas do Campo, Minas Gerais.
Obras atribuídas a Aleijadinho:
A lista de obras atribuídas a Aleijadinho é extensa. Waldemar de Almeida Barbosa, em seu livro O Aleijadinho de Vila Rica, publica as obras do artista que estão “comprovadas por documentos dos arquivos”. São elas:
- Ouro Preto:
· Hospício da Terra Santa – Projeto e execução do chafariz em esteatita, situado nos fundos do monastério;
· Palácio dos Governadores – Risco em “sagüínea” do chafariz interno (1752); feitio de uma mesa de jacarandá preto; dois bancos de encosto e dois bancos torneados (1761), peças não identificadas;
· Chafariz do Pissarrão – Projeto do chafariz situado no Alto da Cruz, antiga Rua Larga, proximidade da Igreja de Santa Efigênia (1761); busto de Afrodite no remate do frontão;
· Igreja de Nossa Senhora do Carmo – Modificação do projeto original (1770); altares colaterais de Nossa Senhora da Piedade (1807) e de São João Batista (1809); acréscimo dos camarins e guarda-pós dos altares de santa Quitéria e Santa Luzia;
· Casa do Açougue Público – Projeto e especificação do açougue (1771), obra demolida em 1797;
· Igreja de São Francisco de Assis – Esculturas dos tambores ogivais dos púlpitos, em esteatita, representando episódios bíblicos (1772); barrete da capela-mor (1773-1774); projeto atual da portada (1774-1775); risco da tribuna do altar-mor (1778-1779); feitio das pedras Dara (1789); retábulo da capela-mor (1790-1794) (elaborado com a colaboração dos entalhadores Henrique Gomes de Brito, Luís Ferreira da Silva e Faustino da Silva Correia); projeto de dois altares colaterais consagrados a S. Lúcio e Santa Bona (executados com alterações por Vicente Alves da Costa, em 1829);
· Igreja de São José – projeto do retábulo da capela-mor (1773, posteriormente alterado); modificações produzidas no risco da fachada (1772);
· Igreja da Mercês e Perdões – Risco da primitiva capela-mor; revisão do projeto e verificação final da obra (1775-1778), que foi depois demolida em 1805;
· Matriz de Nossa Senhora do Pilar – Feitura de quatro cabeças de anjos, em madeira, para o andar da Irmandade de S. Antônio (1810); em 1865 essas duas peças foram adaptadas ao oratório da sacristia.
- Sabará:
Igreja de Nossa Senhora do Carmo – Trabalhos não especificados (1770, 1774, 1781); avaliação das obras de acréscimo executados na igreja por Tiago Moreira , mestre-de-obras (1778); feitio de imagens, em tamanho natural, de S. Simão Stock e S. João da Cruz (1779); planta das grades da igreja (1779); execução das grades correspondentes ao corpo da igreja e coro (balaustrada em jacarandá); feitio dos púlpitos, portas principais e soalho das campas (1781-1782); projeto do retábulo da capela-mor (1806); parecer sobre a obra do retábulo (1806).
- Rio Pomba:
Parecer sobre o projeto da capela-mor (1771)
- Barão de Cocais:
Examinador (louvado) das obras arrematadas por Miguel Gonçalves de Oliveira (1785).
- Tiradentes:
Risco do frontispício da igreja (1810).
- Congonhas:
Imagens de madeira dos Passos da Paixão, em cedro (1796-1799); estátuas dos 12 profetas, em pedra sabão (1800-1805).