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Parceria possibilita criação da primeira Casa Refúgio para Escritores na América do Sul

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Carol Antunes

Uma das principais ações da edição 2014 do Fórum das Letras é a criação da Casa Refúgio para Escritores. Ouro Preto é a primeira cidade da América do Sul a ter um espaço como esse. Para abordar o tema, na quarta-feira (29), a mesa “Casas Refúgio para Escritores” debateu sobre como funcionará o projeto no Brasil e a importância de proteger escritores perseguidos em seus países e devolver suas vozes. Em uma parceria da UFOP e a International Cities of Refuge Network(Icorn), os convidados foram Helge Lunde, diretor do Icorn, Claudio Aguiar, presidente do Pen Clube no Brasil, sob a mediação de Sylvie Debs, representante da Icorn no Brasil e fundadora da Casa Brasileira de Refúgio (Cabra), e também os escritores refugiados Mohsen Emadi, do Irã, e Julia Olivera, de Honduras.

Coordenadora do Fórum das Letras, Guiomar de Grammont destacou a importância de a cidade mineira ter uma Casa Refúgio, iniciativa que ajuda escritores de todo o mundo a resgatarem sua liberdade de expressão. Ela explicou que, nesse projeto, os escritores podem ficar até dois anos na Casa, que é bancada por alguma instituição ou apoio, definido pelo lugar. Nesse tempo, o escritor faz atividades relacionadas à escrita, reflete sobre seus projetos após o período abrigado e se recupera de toda a censura em que viveu. “É uma emoção enorme conseguir tão cedo uma disposição como essa de acolher escritores que foram obrigados a deixar seus países por terem escrito coisas que foram contra o regime. Autores cuja única arma é a palavra que foram obrigados a silenciar por causa do autoritarismo. Isso a gente não pode permitir no mundo”, alerta Guiomar, que também é professora do Instituto de Filosofia, Artes e Cultura da UFOP.

Em um trabalho conjunto, no qual o Pen Clube conhece os lugares onde os perseguidos estão e se comunica com a Icorn, Helge ressalta que os dois lados ganham com a criação da Casa no Brasil: o escritor, com a inspiração em um lugar livre para escrever, e a cidade, com o aprendizado de uma nova cultura e história. Ele espera que outras cidades brasileiras aceitem as redes e acredita que no Brasil há a liberdade de se expressar - sendo um ótimo lugar para abrigo desses escritores.

Julia e Mohsen tiveram sua liberdade de expressão censuradas e foram perseguidos por seus escritos. Para ela, a casa é um lugar de apoio e tranquilidade, mas não de paz. Segundo Mohsen, que viveu em um lugar onde se sentia condenado, foi difícil ver seus amigos em cárcere e morrerem sob tortura. Apesar do passado conturbado, eles tiveram nas casas a oportunidade de recomeçar e voltar a escrever sem medo. Agora o Brasil também será um desses locais.

A primeira Casa Brasileira de Refúgio (Cabra), associação afiliada ao Corn, será inaugurada em 2015, em Ouro Preto. A assinatura da carta de intenção da Casa Refúgio para Escritores no Brasil aconteceu durante a abertura oficial do Fórum das Letras, na noite de quarta-feira (29), no Cine Vila Rica. O documento foi lido e assinado pelo reitor da UFOP, professor Marcone Jamilson Freitas Souza, e por Helge Lund, do Icorn, ressaltando também a parceria com o Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG), que também apoiará a iniciativa.