A professora do Programa de Pós-Graduação em Letras (Posletras) da UFOP Soelis Teixeira coordena o projeto "Estudo de Fenômenos Linguísticos da Língua Portuguesa: o passado como fonte para o entendimento do presente", que trata sobre a língua portuguesa falada na região dos Inconfidentes. O tema é pesquisado por ela desde 1996, por meio da comparação de manuscritos antigos com o falar contemporâneo, ratificando as mudanças da língua portuguesa.
Para realizar a pesquisa, a professora transcreve manuscritos do século XVIII atualizando a linguagem para que fique compreensível para o leitor contemporâneo. São documentos como de fundação da cidade, registros de casamentos, entre outros. Um fato apontado foi a ausência do uso de artigo antes do nome próprio, como, por exemplo, "vou à casa de Jéssica", e não "vou à casa da Jéssica". Soelis entrevistou moradores com mais de 90 anos, além de pessoas com pouca ou nenhuma escolaridade residentes nas cidades de Barra Longa, Mariana, Ouro Preto e Ouro Branco.
A pesquisadora identificou, ainda, a concordância variável nominal ou verbal em manuscritos de 1725, 1743, 1750 escritos por portugueses que atuavam em Vila Rica. Nesses textos havia a ausência de concordância, como "os menino caiu", por exemplo. A professora concluiu que certas características do português contemporâneo não são criações brasileiras. "Muita gente diz que o mineiro não gosta de fazer concordância, entretanto, isso não é característica do falar mineiro, mas sim algo inerente à entidade língua portuguesa, seja o português europeu, seja o brasileiro", finaliza Soelis.
PROJETO - Vigente desde 2018, o projeto "Estudo de Fenômenos Linguísticos da Língua Portuguesa: o passado como fonte para o entendimento do presente" é coordenado pela professora do Departamento de Letras da UFOP (Delet) Soelis Teixeira do Prado Mendes. Seu objetivo é voltar ao passado da língua por meio da análise de manuscritos antigos para detectar fenômenos linguísticos contemporâneos.