O professor da Escola de Farmácia da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Alexandre Barbosa Reis, foi eleito presidente da Sociedade Brasileira de Parasitologia (SBP) para o biênio 2026-2027. Fundada em 1965, a SBP é uma entidade civil sem fins lucrativos que reúne especialistas do Brasil e do exterior atuando no fortalecimento da pesquisa, na promoção de eventos científicos e no desenvolvimento científico e tecnológico voltado ao enfrentamento de doenças parasitárias.
Segundo Alexandre, sua gestão terá como prioridade ampliar a formação de profissionais da saúde em diferentes regiões do país. O professor destaca que a SBP deseja expandir cursos e estabelecer parceria com o Ministério da Saúde, oferecendo capacitações por meio da plataforma UNASUS. "Nós queremos expandir esses cursos e fazer um convênio com o Ministério da Saúde para oferecer cursos de doenças parasitárias em diversas áreas para profissionais que atuam na assistência, vigilância, diagnóstico, tratamento e prevenção, levando em conta as diferentes realidades do Brasil", afirma. Ele acrescenta que a proposta busca alcançar populações ribeirinhas, quilombolas, indígenas e comunidades vulneráveis, como pessoas em situação de rua e população carcerária. "A ideia é levar o conhecimento teórico e prático da parasitologia para quem precisa dele, para os profissionais e para o paciente", reforça.
Outra frente planejada pela nova diretoria é a aproximação com parasitologistas de todas as regiões do país. Alexandre explica que ainda não houve definição completa das ações territoriais, mas que a SBP já tem ouvido especialistas das regionais e busca fortalecer esses vínculos. Ele afirma que pretende implementar uma "parasitologia itinerante", levando especialistas para conduzir treinamentos técnicos em diferentes estados, especialmente em áreas que necessitam de formação atualizada ou capacitação de docentes e profissionais.
A gestão também projeta mudanças no calendário de eventos da Sociedade. O professor adianta que pretende instituir um Encontro Anual Temático de Parasitologia, que ocorrerá nos anos em que não houver o Congresso Brasileiro de Parasitologia, tradicionalmente realizado a cada dois anos. "Pretendemos transformar os congressos da SBP em anuais, sendo um congresso maior e o outro temático menor, conforme outras sociedades já fazem. Este será um grande desafio e, para isso, teremos que nos planejar muito", ressalta.
Sobre como fortalecerá o diálogo entre a pesquisa acadêmica e as demandas sociais, o presidente eleito pontua que a aproximação com organizações civis é fundamental. "As sociedades científicas precisam estreitar sua relação com a sociedade civil, com o povo, o cidadão", diz. Ele enfatiza que a parasitologia brasileira lida majoritariamente com doenças negligenciadas ou de determinação social e, por isso, deve ouvir diretamente os pacientes e suas associações. "A SBP precisa dialogar, apoiar e dar voz a esses grupos, para que novas políticas públicas possam surgir com demandas vindas dos próprios pacientes, não apenas da elite científica".
CONTRIBUIÇÃO PARA A UFOP: Para Alexandre, sua eleição também representa um reconhecimento do trabalho desenvolvido na UFOP. Ele avalia que a presença de um professor da Instituição na presidência da SBP reforça a relevância da pesquisa em parasitologia na Universidade. "Mostra o quanto a parasitologia na UFOP é respeitada. Apesar de sermos poucos professores, somos fortes pesquisadores e atuantes em diferentes linhas", afirma. Ele destaca que áreas como genética, bioquímica, biotecnologia, farmacologia, patologia, imunologia, epidemiologia e ecologia foram se integrando à parasitologia ao longo dos anos, fortalecendo o campo na Instituição. O professor também lembra que a UFOP possui, hoje, uma área de concentração em Doenças Infecciosas e Parasitárias no Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas (PPGCBIOL), responsável por formar mestres e doutores na área, resultado de uma construção histórica de vários docentes que se dedicaram à pesquisa na área da parasitologia ao longo das últimas quatro décadas.