Criado por Administrator em sex, 04/11/2011 - 13:10
A pesquisa “Escravidão, manumissão e cidadania: uma análise comparada (Brasil, século XIX-Alto Império Romano)” tem por objetivo compreender as dinâmicas da manumissão, ou seja, o processo de libertação de escravos, no Brasil e no Império Romano. Ela é realizada desde 2004 pelo professor Fábio Joly, do Departamento de História da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), e pelo professor Rafael de Bivar Marquese, da Universidade de São Paulo (USP).
Segundo o professor Fábio Joly, a principal semelhança entre os dois sistemas escravistas, brasileiro e romano, é a possibilidade da concessão de cidadania aos libertos, algo muito diferente de outros sistemas. Nesse sentido, em Roma e no Brasil, a manumissão atuava como um elemento estruturador da sociedade escravista.
A pesquisa também identifica diferenças marcantes entre ambos os sistemas: “Por um lado, os sistemas escravistas coloniais modernos foram construídos nos quadros da expansão da economia capitalista. Em Roma, os escravos produziam artigos básicos, como trigo, vinho e azeite. Já no mundo moderno, o escravismo como forma de exploração do trabalho concentrou-se exclusivamente nas áreas coloniais”, explica.
O professor esclarece também que há também uma diferença em relação às origens dos escravos, pois no mundo antigo a escravização ocorria dentro da própria sociedade, através da reprodução de escravos, escravidão penal e abandono de crianças, enquanto a escravidão moderna se estabeleceu entre as áreas de produção escravista (América) e as de reprodução dos escravos (África) por meio do tráfico negreiro transatlântico.
A pesquisa está vinculada ao Laboratório de Estudos sobre do Império Romano da UFOP e ao grupo de pesquisa “A Segunda Escravidão e a Civilização Imperial Oitocentista. Cultura Material e Cultura Política”, coordenado por Ricardo Salles (Unirio) e Rafael Marquese (USP). Até 2010, a pesquisa era desenvolvida pelo professor Fábio Joly na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) e contava com a participação de estudantes de iniciação científica.
Já há publicações sobre a pesquisa, inclusive no exterior, e a previsão de escrita de um livro até 2014. Na UFOP, a pretensão é incluir alunos de iniciação científica no projeto.