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Pesquisadores desenvolvem estudos sobre o papel das substâncias húmicas

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Luísa Campos

Pesquisadores da UFOP, em parceria com a Universidade Estadual Paulista (Unesp), desenvolvem estudos sobre a relação das substâncias húmicas, provenientes do húmus, na conservação das águas das regiões de Ouro Preto, Mariana e Barão de Cocais. A pesquisa também visa descobrir qual é a influência dos elementos metálicos nessas águas. O estudo é coordenado pelos professores Hubert Mathias Roeser, do Departamento de Engenharia Ambiental (Deamb) da UFOP, e André Henrique Rosa (Deamb-Unesp), e realizado com a colaboração dos Departamentos de Geologia (Degeo) e de Química (Dequi), ambos da UFOP.

A pesquisa foi iniciada em 2014 com o objetivo de analisar e caracterizar as águas da região. De acordo com o professor André Rosa, a existência dos elementos metálicos, como o ferro e o arsênio, pode influenciar diretamente no transporte, reatividade e toxidade das substâncias húmicas no ambiente. ''Esses estudos são motivados pelos elevados níveis de arsênio encontrados em alguns rios dessas regiões e pela inexistência de pesquisas associadas ao comportamento desse elemento na presença de matéria orgânica natural'', comenta o professor.

O húmus é uma substância resultante da decomposição de matéria orgânica, como restos vegetais e animais e, a partir de sua avaliação, é investigado se essa substância altera o teor de concentração dos elementos metálicos. O doutorando na área, Erik Sartori, explica os efeitos dessa presença: ''Sabemos que a problemática da presença de arsênio é uma realidade da região. Isso é muito grave porque, dependendo da quantidade e da periodicidade que o ingerimos, essa substância torna-se cancerígena''.

As pesquisas são permeadas pela coleta de uma amostra de água e de húmus e suas análises em laboratório. São medidos o pH, a temperatura e a taxa de carbono orgânico dissolvido (COD). A variável de COD é necessária para medir a qualidade da água, sendo encontrado em brejos, pântanos e águas paradas. Dependendo de sua concentração, favorece a acumulação de elementos metálicos, que também são analisados. As amostras de água passam por testes toxicológicos. 

Os pesquisadores já constataram que a presença do húmus contribui para a agricultura, já que, quando o solo é irrigado com a água que apresenta sua concentração, a germinação das sementes é efetiva. Sua presença auxilia na retenção de água e de substâncias benéficas às plantas, além de colaborar na diminuição da toxidade do solo. Os resultados mais concretos estão previstos para sair no segundo semestre de 2015 e, a partir deles, serão discutidas as possíveis remediações para a utilização do húmus no tratamento alternativo de água.

Segundo André Rosa, os estudos permitirão compreender a dinâmica do arsênio nos rios de Ouro Preto, Mariana e Barão de Cocais, influenciando no estabelecimento de políticas públicas para o adequado manejo das áreas. A partir dos resultados, poderá ser proposto o tratamento alternativo nas águas e seus efluentes.