Criado por Administrator em qui, 10/12/2015 - 12:09
Carol Antunes
Passado um mês do rompimento da barragem da Samarco, o PET Engenheria Ambiental da Escola de Minas teve a iniciativa de percorrer algumas localidades afetadas pelo rompimento da barragem de Fundão da Samarco, no último sábado (5). O grupo pôde registrar as consequências do desastre nos distritos de Paracatu, Pedras e na cidade de Barra Longa.
Com o apoio da UFOP, participaram os professores do Departamento de Engenharia Ambiental (Hubert Mathias, Alberto Freitas, Frederico Sobreira, Chico Verde e Lia Porto), os professores do Departamento de Engenharia Civil (Aníbal Santiago e Adilson Leite) e a Profa. Mônica Teixeira, do Departamento de Farmácia, juntamente com um grupo de alunos da engenharia ambiental da EM (disciplina AMB 128).
Segundo o professor José Francisco do Prado Filho (Chico Verde) e a acadêmica Daiane Evelyn Ponciano Marquis (PET Engenharia Ambiental - EM/UFOP), a primeira vista no local é de que não é fácil mensurar os danos e a dimensão do maior desastre ambiental da história do Brasil. Eles ressaltam ainda que será um desafio para a área ambiental e de infra-estrutura fazer algo para minimizar os impactos e a extensa destruição.
“À esquerda, lama, à direita, escombros, a Norte e Sul, lama e escombros, escombros e lama. Como reerguer casas? Como reconstituir a mata ciliar? Como recompor as margens do rio, as APPs? Como recompor histórias? Não dá! A impressão, sem exageros, é de que não há o que fazer para reestruturar o pequeno distrito. Paracatu sumiu do mapa – ou foi o mapa que sumiu com Paracatu?”, questionaram os integrantes da equipe ao percorrerem o primeiro distrito.
Eles mencionam que sob o ponto de vista ambiental, durante a visita, foi possível identificar vários tipos de ecossistemas atingidos. Segundo eles, as diferentes regiões ecológicas dos rios foram diferentemente atingidas, principalmente e mais intensamente a zona ritral (cabeceiras). O grupo percebeu que o impacto gerado pela lama ocorreu desde os berçários até as regiões onde a água apresenta maiores volumes e corredeiras. Na zona potamal, que é onde o rio tem características mais suaves e brandas em termos ecológicos, também houve alteração profunda, principalmente pela elevada carga sólida lançada nas suas águas. “Mesmo um mês depois, o nível de material em suspensão (Sólidos Totais em Suspensão) ainda é visivelmente elevadíssimo, e as águas dos rios Gualaxo e do Carmo, afluentes do rio Doce, mais parecem um achocolatado bem denso, não permitindo, obviamente, a presença de vida na região afetada”, ressaltam.
Ainda segundo o professor e a aluna, o processo de recuperação deverá envolver projetos de infra-estrutura de saneamento e intervenções imediatas nas áreas atingidas, o que deve envolver os poderes públicos. “Sendo assim, somente com o tempo e com as pesquisas que serão desenvolvidas, teremos a certeza da verdadeira dimensão dos impactos e da eficácia das medidas de recuperação que serão adotadas”, finalizam.
Leia o texto que o docente e a discente escreveram relatando a experiência da visita técnica aqui.