O conceito de honra e desonra na antiguidade foi o tema central do XV Colóquio do Laboratório de Estudos sobre o Império Romano da UFOP (LEIR/UFOP), realizado terça (25) e quarta (26), no Instituto de Ciências Humanas e Sociais (ICHS). O evento reuniu pesquisadores para discutir as complexas dinâmicas sociais e culturais que moldaram o Império Romano.
O tema escolhido é transversal para muitas investigações atuais do grupo de pesquisa e vai servir de base para a publicação de um livro que reúne estudos produzidos para o Colóquio deste ano e da edição anterior, segundo o professor Fábio Faversani, um dos organizadores do evento. Ao refletir sobre a importância dos estudos do Império Romano na contemporaneidade, o professor afirma que o debate passa pelo impacto na cultura popular e de massa (que vai da Literatura de Cordel aos videogames, cinema e memes de internet) e pela centralidade na construção de uma cultura erudita. "O Império Romano e as muitas reflexões feitas sobre ele atravessa completamente a nossa existência cotidiana em suas múltiplas esferas, desde a organização do Estado até a frase de livro de autoajuda que viraliza nas redes sociais", complementa.
O Colóquio começou com a conferência de abertura da professora Cláudia Beltrão, da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), intitulada "Honos no 'De re publica' de Cícero". A programação seguiu com as comunicações orais de pós-graduandos, mestres e doutores ao longo de dois dias, sendo finalizada pelo professor Deivid Valério Gaia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com a conferência "Crédito, descrédito e desonra: credores, devedores e o paradoxo das relações financeiras em Roma (Séculos I a.C. e I d.C.)".
Um dos destaques do Colóquio foi o retorno da ex-aluna de graduação e mestrado da UFOP Ana Paula Scarpa Pinto de Carvalho, que atualmente é doutoranda em História pela Universidade de São Paulo (USP). Ela palestrou sobre sua pesquisa com a comunicação "Fronteiras culturais no Egito romano segundo os Papiros Mágicos Greco-Egípcios". Ana Paula ressaltou a tradição do LEIR em acolher diversas temáticas, mesmo com o foco principal do evento sendo "Honra e Desonra". Segundo a pesquisadora, sua apresentação contribuiu para essa diversidade, ao mesmo tempo em que demonstrou a continuidade de um trabalho iniciado há anos no próprio LEIR/UFOP, sob a orientação do professor Fábio Duarte Joly.
O LEIR/UFOP desempenha um papel fundamental na formação de pesquisadores e no desenvolvimento da área, conforme destaca Fábio Faversani. Para ele, o grupo "serve como um espaço altamente qualificado de discussão sobre as pesquisas de ponta realizadas", impactando diretamente na divulgação e no aprimoramento dos estudos sobre a Antiguidade.
SOBRE O LEIR/UFOP - O Laboratório de Estudos sobre o Império Romano tem como propósito estimular a pesquisa especializada sobre o Império Romano. Com mais de uma década de existência, destaca-se na formação de excelência de jovens pesquisadores, oferecendo a oportunidade de trabalhar em projetos que vão da iniciação científica ao doutorado, o que garante o desenvolvimento de pesquisas de fôlego reconhecidas nacional e internacionalmente por sua tradicional qualidade.
O LEIR possui uma ampla rede de atuação, reunindo diversas universidades públicas em cinco núcleos, com sedes na Universidade de São Paulo (USP), Universidade Estadual Paulista (Unesp), Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Universidade Federal de Goiás (UFG) e o núcleo da própria UFOP. Além da forte integração nacional, o Laboratório registra ao longo dos anos múltiplas colaborações internacionais, em particular com a Argentina, Grécia e Portugal, com quem desenvolve projetos conjuntos, e intercâmbios com Espanha, França e Reino Unido.
Além do intercâmbio entre pesquisadores, o Laboratório se propõe a um programa de Colóquios e publicações regulares que podem ser acessadas no site.