Criado por Administrator em ter, 18/11/2014 - 13:46
Nesta terça-feira, dia 18 de novembro, completam-se 200 anos da morte de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, cuja história de vida foi difundida com peculiaridades misteriosas, de sofrimento e fé. Professora do Departamento de Filosofia da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Guiomar de Grammont, dedicou sua tese ao personagem e questionou as características ficcionais da biografia do artista no livro “Aleijadinho e o aeroplano – O paraíso barroco e a construção do herói colonial”.
O primeiro autor a narrar a vida de Aleijadinho foi Rodrigo Ferreira Bretas, em 1856, de acordo com informações da nora do artista. Segundo Guiomar de Grammont, “essa história foi contada com aspectos fantasiosos, muito inspirada na biografia de pintores como Rafael e Michelangelo”. Porém, baseando-se em uma cuidadosa pesquisa documental, Guiomar contestou essas informações e outras relacionadas à paternidade de Aleijadinho, a sua doença degenerativa e até a algumas obras atribuídas a ele. “A figura de Aleijadinho foi agigantada e, dessa forma, outros artistas da época ficaram no anonimato”, esclarece Guiomar.
Confira o depoimento completo da professora Guiomar de Grammont no UFOP Conhecimento
A professora também aponta que existem diferenças acerca das figuras construídas sobre Aleijadinho, fundamentadas em "necessidades históricas": "Bretas falava de um Aleijadinho branco, filho de pai português. Já o modernismo salienta as características de um homem negro, filho de uma escrava”. Apesar dessas oposições em torno da memória do artista, para a pesquisadora “não restam dúvidas de que ele produziu obras incríveis”, como os Passos da Paixão de Cristo, em Congonhas, e a porta da Igreja de São Francisco de Assis, em Ouro Preto. “A figura dele é muito importante para o Brasil, já que muitos artistas e pesquisadores se interessam pela arte brasileira a partir das obras desse personagem tão interessante”, conclui.