Criado por Administrator em ter, 27/03/2012 - 10:34
Por Ramon Cotta
De um lado a moda, do outro a sociologia. Entre elas, uma mistura que resultou em uma análise sociológica através da moda. A professora Luciana Crivellari Dulci, do Departamento de Educação do Instituto de Ciências Humanas e Sociais da UFOP, uniu seus dois maiores interesses e realizou estudos para descobrir como o papel do vestuário influencia na sociedade e como é fundamental entender as relações sociais através das roupas.
Em 2009, Luciana concluiu sua tese intitulada “Da moda às modas no vestuário: entre a teoria hierárquica e o pluralismo, pelo olhar da consumidora popular em Belo Horizonte”, na Universidade Federal de Minas Gerais, que a levou à indagações sobre a relação entre a classe popular feminina e moda. Na tese, a professora descobriu que as mulheres das classes populares não têm acesso à informação e não se interessam muito por revistas de moda, ao contrário das classes de elites. A referência de moda para as classes baixas se torna, então, a TV. “A classe popular sofre uma influência imensa da televisão, algo singular no Brasil, graças às telenovelas. É impressionante o poder das novelas para influenciar estilo e vender produtos’’, explica Luciana.
Discutir a moda no meio acadêmico não foi fácil. Luciana conta que enfrentou preconceitos em relação ao tema, mas acredita que a análise do vestuário é essencial para entendermos a sociedade. Todos os povos se caracterizam por valores políticos, culturais, morais e materiais: “A roupa é uma expressão material que no ponto de vista social é interessante de ser estudada”, enfatiza Luciana. Se o sentido original de moda é a mudança de tempos em tempos, o estilo de se vestir seguindo tendências e gostos do momento. “Nas últimas décadas, a moda incorporou o sentido de vestuário, porém, é um fenômeno maior do que isso”, afirma Luciana. Entram em jogo, então, questões ligadas à economia, política outras dimensões discursivas, como os meios de comunicação.
A pesquisadora explica que até década de 50, o vestuário era utilizado como adereço, material de exposição de poder. A elite ditava o que era moda e a classe média copiava e reciclava do que jeito que podia o modo de vestir dos ricos. Com a industrialização e a produção em massa, a moda incorpora o funcionamento do sistema capitalista, no qual há necessidade de vender e inovar sempre. “Nesse contexto, ricos e pobres passam a ter a chance de possuir o mesmo estilo, mesmo que em níveis diferentes de poder aquisitivo”, explica a professora.
Um dos estudos de Luciana remeteu justamente a este período da década de 1950, no Brasil. Analisando o cinema nacional e o papel da atriz Eliana Macedo, ela percebeu os níveis de influência da moda na sociedade brasileira daquela década. Luciana exemplifica que, se a pesquisa fosse refletir sobre o momento atual da moda, o objeto de estudo seria não o cinema, mas a televisão e o poder que as telenovelas têm no nosso país. “Hoje, em termos de impacto, a televisão é muito maior e muito mais rápida do que o cinema. O telespectador usa a figura do ator como projeção de desejo, sonho de consumo. É uma necessidade humana essa de buscar uma identificação. As mulheres das classes populares têm uma identificação muito grande com a televisão e as propagandas”, explica.
Se antes o entendimento social da moda passava pela questão econômica e pela visão das classes sociais, atualmente a análise ficou mais complexa devido às manifestações plurais e simultâneas de consumo dentro da sociedade. A roupa demarcava separação de classes, mas agora a moda permite uma leitura social mais complexa do mundo, pois o vestuário pode maquiar a classe social das pessoas. Luciana cita o exemplo da calça jeans, item presente no guarda-roupa dos indivíduos independente de sua classe social. “Hoje em dia, o estilo de vestir não necessariamente tem a ver com a classe econômica, uma pessoa na mesma faixa de renda pode ter estilos diferentes de vestir”, reflete, sobre o grande desafio de sua pesquisa.
De um lado a moda, do outro a sociologia. Entre elas, uma mistura que resultou em uma análise sociológica através da moda. A professora Luciana Crivellari Dulci, do Departamento de Educação do Instituto de Ciências Humanas e Sociais da UFOP, uniu seus dois maiores interesses e realizou estudos para descobrir como o papel do vestuário influencia na sociedade e como é fundamental entender as relações sociais através das roupas.
Em 2009, Luciana concluiu sua tese intitulada “Da moda às modas no vestuário: entre a teoria hierárquica e o pluralismo, pelo olhar da consumidora popular em Belo Horizonte”, na Universidade Federal de Minas Gerais, que a levou à indagações sobre a relação entre a classe popular feminina e moda. Na tese, a professora descobriu que as mulheres das classes populares não têm acesso à informação e não se interessam muito por revistas de moda, ao contrário das classes de elites. A referência de moda para as classes baixas se torna, então, a TV. “A classe popular sofre uma influência imensa da televisão, algo singular no Brasil, graças às telenovelas. É impressionante o poder das novelas para influenciar estilo e vender produtos’’, explica Luciana.
Discutir a moda no meio acadêmico não foi fácil. Luciana conta que enfrentou preconceitos em relação ao tema, mas acredita que a análise do vestuário é essencial para entendermos a sociedade. Todos os povos se caracterizam por valores políticos, culturais, morais e materiais: “A roupa é uma expressão material que no ponto de vista social é interessante de ser estudada”, enfatiza Luciana. Se o sentido original de moda é a mudança de tempos em tempos, o estilo de se vestir seguindo tendências e gostos do momento. “Nas últimas décadas, a moda incorporou o sentido de vestuário, porém, é um fenômeno maior do que isso”, afirma Luciana. Entram em jogo, então, questões ligadas à economia, política outras dimensões discursivas, como os meios de comunicação.
A pesquisadora explica que até década de 50, o vestuário era utilizado como adereço, material de exposição de poder. A elite ditava o que era moda e a classe média copiava e reciclava do que jeito que podia o modo de vestir dos ricos. Com a industrialização e a produção em massa, a moda incorpora o funcionamento do sistema capitalista, no qual há necessidade de vender e inovar sempre. “Nesse contexto, ricos e pobres passam a ter a chance de possuir o mesmo estilo, mesmo que em níveis diferentes de poder aquisitivo”, explica a professora.
Um dos estudos de Luciana remeteu justamente a este período da década de 1950, no Brasil. Analisando o cinema nacional e o papel da atriz Eliana Macedo, ela percebeu os níveis de influência da moda na sociedade brasileira daquela década. Luciana exemplifica que, se a pesquisa fosse refletir sobre o momento atual da moda, o objeto de estudo seria não o cinema, mas a televisão e o poder que as telenovelas têm no nosso país. “Hoje, em termos de impacto, a televisão é muito maior e muito mais rápida do que o cinema. O telespectador usa a figura do ator como projeção de desejo, sonho de consumo. É uma necessidade humana essa de buscar uma identificação. As mulheres das classes populares têm uma identificação muito grande com a televisão e as propagandas”, explica.
Se antes o entendimento social da moda passava pela questão econômica e pela visão das classes sociais, atualmente a análise ficou mais complexa devido às manifestações plurais e simultâneas de consumo dentro da sociedade. A roupa demarcava separação de classes, mas agora a moda permite uma leitura social mais complexa do mundo, pois o vestuário pode maquiar a classe social das pessoas. Luciana cita o exemplo da calça jeans, item presente no guarda-roupa dos indivíduos independente de sua classe social. “Hoje em dia, o estilo de vestir não necessariamente tem a ver com a classe econômica, uma pessoa na mesma faixa de renda pode ter estilos diferentes de vestir”, reflete, sobre o grande desafio de sua pesquisa.