Criado por Administrator em qua, 05/02/2014 - 10:43
Fernanda Mafia e Tamara Pinho
Conhecido por seu humor ácido, o cartunista Henfil completaria hoje, 5 de fevereiro, 70 anos. Henrique de Souza Filho foi um dos primeiros jornalistas a utilizar cartuns como meio de propagação de notícia. Sua trajetória profissional e o modo como seus trabalhos influenciaram uma geração, por meio da transformação social do jornalismo, são alguns dos temas de pesquisa da professora do curso de jornalismo da UFOP Hila Rodrigues. A pesquisadora já tinha estudos sobre as formas de resistência à ditadura militar no campo do jornalismo e, em 2010, deu início a uma série de pesquisas sobre Henfil e sua atuação no jornalismo. “Ele é um grande exemplo de engajamento, de um jornalismo interventor,” afirma Hila.
No artigo “Enquadramentos e narrativas da miséria na obra de Henfil“, de 2011, Hila Rodrigues analisa como o cartunista utilizou da mensagem gráfica de seus cartuns e charges para interagir com os leitores de jornais e revistas das décadas de 1970 e 1980, chamando a atenção do público para diversos problemas que no Brasil daquele período. Henfil foi responsável pela criação do bordão Diretas Já, que pedia eleições diretas para presidente. Hemofílico, contraiu o vírus HIV em uma transfusão de sangue, o que o levou à morte em 4 de janeiro de 1988 - com isso, nunca chegou a ver ou a votar em uma eleição direta.
Henfil também acumulava funções: cartunista, quadrinista, escritor e repórter. Para a professora e pesquisadora da UFOP, ele é uma inspiração, “daqueles caras que enxergam o jornalismo como uma atividade capaz de mudar o mundo e as pessoas”. Para Hila Rodrigues, uma estratégia importante para tornar as obras do cartunista mais conhecidas e favorecer o acesso é levar para as escolas alguns de seus títulos, como a Coleção dos Fradinhos, editada pela revista Pasquim. “O Henfil é uma daquelas figuras que a gente conhece e, por causa dele, quer ser melhor do que é - como gente, como amigo, como cidadão”, finaliza a professora.