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Professores da UFOP participam de Festival Internacional de Matemática na Costa Rica

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Mariana Borba

A Universidade Nacional da Costa Rica foi sede, no mês de junho, do Festival Internacional de Matemática, congresso que acontece a cada dois anos no país e reúne pesquisadores e professores de várias universidades do mundo. Milton Rosa e Daniel Orey, professores do Centro de Educação Aberta e a Distância da UFOP, participaram do evento como palestrantes convidados, devido a experiência no campo da etnomatemática, que é um é um programa de pesquisa amplo, desenvolvido por Ubiratan D’Ambrósio, no Brasil, que procura valorizar o conhecimento matemático criado em grupos culturais que não sejam de matemática padrão ou acadêmica.
 
As culturas indígenas, negras, jovens, quilombolas, Movimentos Sem Terra são alguns exemplos de grupos pesquisados. O professor Milton explica que o pensamento matemático no jogo de amarelinha praticado por crianças na rua, “é o tipo de conhecimento adquirido na comunidade, família que não é aproveitado pela escola”. 

O conhecimento cultural, como é chamado o que se aprende fora das instituições de ensino padrão, é uma das perspectivas diversas da etnomatemática que os professores Milton Rosa e Daniel Orey pesquisam desde 1996. Daniel é norte americano e trabalhava na California State Univeristy, Sacramento como professor universitário. Milton desenvolvia um projeto em Escolas Públicas de São Paulo, após trabalhar durante dois anos na Califórnia. Quando Milton retornou ao Brasil, Daniel o acompanhou para continuarem a pesquisa. 

A contextualização do conhecimento é levantada pelos professores como parte essencial para que o aluno se interesse pelo aprendizado. A relação da pesquisa, inclusive, é a possibilidade de traduzir o conhecimento desenvolvido no grupo cultural para uma ação pedagógica na sala de aula. “Muitas vezes, os etnomatemáticos puros se preocupam mais com o trabalho antropológico, mas não interferem para colocar em sala de aula”. Milton e Daniel acreditam que essa troca pode ser feita, que o conhecimento cultural possa entrar nas escolas. “Eu gosto muito dessa oportunidade na pesquisa, de dar uma luz, um entendimento para as pessoas que nunca gostaram de matemática”, considera Daniel. 

A Trilha de Matemática, projeto trazido pelos professores e desenvolvido em Ouro Preto com alunos de escolas da região desenvolve a etnomatemática. "Os problemas matemáticos são sugeridos por eles, dúvidas sobre como calcular determinadas quantidades ou ângulos que a própria cidade oferece. Por isso, a valorização do patrimônio é importante para a pesquisa", completa. Em um artigo recente chamado As matemáticas das curvas no muro do Colégio Arquidiocesano e os modelos matemáticos: um caso de etnomodelo, os autores puderam colocar em prática as atividades propostas. Daniel explica que levar o projeto para a educação a distância é uma intenção dos pesquisadores.