Criado por Administrator em qui, 10/12/2015 - 11:54
Adriana Cirqueira Freire
Mesmo antes da interdição da Capela Nossa Senhora da Boa Morte pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) já buscava os encaminhamentos necessários para a restauração da Capela, que compõe o patrimônio arquitetônico do Instituto de Ciências Humanas e Sociais (ICHS), no campus Mariana.
Conforme esclarece Edmundo Dantas Gonçalves, prefeito do campus, a UFOP encaminhou ao Iphan, no final de 2007, um projeto de Restauração Arquitetônica e Artística da Capela Nossa Senhora da Boa Morte, "mas a Arquidiocese de Mariana, por ter entrado com um processo sobre a posse do prédio do ICHS, questionou o órgão, que suspendeu a análise do projeto até que a questão fosse decidida".
Edmundo esclareceu ainda que, após reuniões entre as instituições envolvidas, ficou definido que ambas iriam realizar um esforço conjunto para aprovar o projeto e captar os recursos para a execução da obra. "Tal definição coincidiu com o lançamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC2), com verbas destinadas às Cidades Históricas, sendo a Prefeitura de Mariana quem poderia fazer a solicitação ao Governo Federal", explica. Dessa forma, segundo as normas do PAC2, a gestão do projeto de restauração ficou a cargo da Prefeitura de Mariana sob a fiscalização do Iphan.
A prefeitura de Mariana contratou a empresa LUX Engenharia, Projetos e Consultoria Limitada, sendo Deyse Cavalcati Lustora a arquiteta responsável pelo projeto arquitetônico. Deyse explicou que o diagnóstico arquitetônico está pronto e que está trabalhando nos elementos artísticos, como forros e retábulos. “Este é um trabalho delicado e minucioso, mas que será finalizado no prazo”, garantiu a arquiteta.
Segundo Anna de Grammont, coordenadora do PAC2 - Cidades Históricas, em Mariana, quando o novo grupo assumiu em setembro, o projeto da Capela da Boa Morte estava atrasado, sendo necessária uma reorganização de todo o processo. Anna explicou que os projetos estão divididos basicamente em 4 partes: 1. Revisão e Complementação de Projeto de Restauração, Levantamentos Cadastrais, Diagnósticos, Histórico de Intervenções, etc.; 2. Projetos Complementares, como os de Instalações Elétricas, Luminotécnico, Estrutural etc.; 3. Planilha orçamentária e Cronograma Físico Financeiro e 4. Projeto de Restauração de Bens Integrados. "Parte destes projetos já foram entregues ao Iphan, inclusive Prospecção Geológica e Laudo Técnico, que também foram encaminhados à UFOP", afirmou.
De acordo com informações disponíveis na página da transparência do Governo Federal, o Ministério da Cultura, através da Superintendência do Iphan em Minas Gerais, firmou um convênio com o município de Mariana no valor de R$89.843,63, com vigência de fevereiro de 2015 a fevereiro de 2016, para a contratação de projeto de restauração da Capela Nossa Senhora da Boa Morte e do Centro Cultural ICHS/UFOP.
ARQUITETURA DO SÉCULO XVIII
O conjunto arquitetônico do ICHS, construído em estilo neoclássico, é composto pelas instalações do antigo Seminário da Boa Morte, fundado em 1750 pela Arquidiocese e é a casa de instrução mais antiga de Minas Gerais. De acordo com o site de Iphan, as imagens dos altares da Capela são as mesmas da época de fundação e construção do Seminário, entre 1750 e 1754. O forro da capela, em abóbada, apresenta pintura de caráter ilusionista, de autoria de Antônio Martins da Silveira (1782).