O Laboratório de Ecologia Evolutiva de Insetos de Dossel e Sucessão Natural do Núcleo de Pesquisas em Ciências Biológicas (Nupeb) da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) é o responsável pela coordenação da pesquisa sobre interações inseto – planta, investigando a distribuição de insetos galhadores e dos danos causados pelos insetos herbívoros que mastigam as folhas, no Projeto Investigating the Biodiversity of Inscts of Soil and Canopy (IBISCA) Auvergne.
O IBISCA surgiu em 2003, após um consórcio entre o Smithsonian Tropical Research Institute, no Panamá e o Radeau de Cime, na França. O projeto é uma iniciativa internacional e objetiva a realização de um estudo mais abrangente da diversidade de insetos em florestas temperadas do Maciço central da França e é parte de uma iniciativa de investigação global da biodiversidade florestal, já com dados obtidos no Panamá, Austrália, Ásia, e recentemente, na França.
O IBISCA Auvergne na França, realizada no período de maio a junho, é a primeira iniciativa em pesquisa de florestas temperadas do grupo. As florestas de Auvergne são altamente manejadas e sobrevivem nas encostas de vulcões extintos. Como as florestas temperadas têm menor diversidade biológica que as florestas tropicais e são estudadas por muito mais tempo, é possível conseguir com mais facilidade a identificação taxonômica dos insetos, o que servirá como um tipo de “controle” sobre mecanismos ecológicos que podem ser melhor entendidos em um sistema mais simplificado. A compreensão destes fenômenos em florestas temperadas poderá contribuir para o conhecimento e conservação de florestas tropicais.
O Coordenador do Programa em Ecologia de Biomas Tropicais da UFOP, Sérvio Pontes Ribeiro, participou da expedição na França com o auxílio de a pesquisadora/escaladora do Laboratório de Ecologia Evolutiva de Insetos de Dossel e Sucessão Natural, Nádia Espírito Santo. “Executamos um protocolo de coleta em dossel criado por mim para o IBISCA Panamá e publicado em 2007 no jornal “Ecography”, como “cilindro de dossel”. Este método é desenvolvido com escalada ou com outras técnicas dentro de um volume aleatoriamente definido e cilíndrico, com um metro de diâmetro. Assim, se estuda toda a vegetação do topo do dossel ao solo da floresta em
diversos locais”, relata Sérvio.
A expedição na França foi destaque em diversos veículos franceses locais, como a TV2 France, a TF1, sites que apresentaram filmes diários sobre o andamento das pesquisas e em alguns dos principais jornais franceses: Le Monde, Figaro, Le Parisiense, dentre outros. O blog “A UFOP e a Ecologia Evolutiva” (http://ufopeaecologiaevolutiva.blogs.sapo.pt/2836.html) relata todos os passos da viagem, dados do projeto, fotos e a lista completa das publicações com os links dos filmes exibidos nos sites franceses.
Os insetos são 95% das espécies de animais do planeta e definem grande parte da funcionalidade de todos os ecossistemas. Em florestas, a maioria do conhecimento existente era limitada aos insetos de solo e da chamada vegetação de subbosque, abaixo das árvores maiores. O topo das florestas, conhecido como Dossel no Brasil, ou Canópia em Portugal, foi por muito tempo pouco estudado devido à dificuldade de acesso e segurança.
Desde a década de 1980, diversos pesquisadores, de maneira isolada, vêem desenvolvendo técnicas para acessar e pesquisar os topos das árvores dentro das florestas. Atualmente, técnicas de escalada de árvores permitem grande acessibilidade aos dosséis. O mestrado em Ecologia de Biomas Tropicais, do Nupeb, oferece o primeiro curso mundial de treinamento de escalada e pesquisa em dosséis tropicais.
Além da escalada, diferentes técnicas de acesso foram desenvolvidas no mundo, como uma rede internacional de guindastes situados em diversas florestas, que permite o acesso do pesquisador a vários pontos da mata. Entretanto, o Radeau de Cime gerou os inventos mais impressionantes, um conjunto de aparelhos de flutuação e pouso suave no topo das árvores, utilizados pelo IBISCA na ampliação das pesquisas.