Criado por Administrator em sex, 01/06/2007 - 00:00
O Quarteto Tristão de Ataíde está de volta à série "Música de Câmara" no GLTA (Grêmio Literário Tristão de Ataíde), apresentando obras de Beethoven e Shostakovich para quarteto de cordas. O grupo se apresenta no dia 09 de junho, às 20h30, no auditório do GLTA (Rua Paraná, 136 – Centro).
O Quarteto Tristão de Ataíde foi criado em 2005, com a finalidade de celebrar o vínculo existente entre as cidades de Ouro Preto e Rio de Janeiro, através da homenagem a Tristão de Ataíde, um dos maiores pensadores do século XX. Seus integrantes são Ricardo Amado (violino I), atual spalla da Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, Rodolfo Toffolo (violino II), ouro-pretano, integrante do naipe de primeiros violinos da mesma orquestra, Dhyan Toffolo (viola), integrante do naipe dos primeiros violinos da Orquestra Sinfônica Brasileira e Hugo Pilger (violoncelo), primeiro violoncelo da Orquestra Petrobras Sinfônica e violoncelo solista da Orquestra do Theatro Municipal do Rio de Janeiro.
Ludwig van Beethoven (1770-1827)
Quarteto de Cordas, em fá maior, opus 18 nº.1 (1800):
- Allegro con brio
- Adagio affettuoso ed appassionato
- Scherzo (Allegro molto)
- Allegro
Foi aos seis quartetos para cordas da Opus 18, publicada em 1801, que Beethoven se dedicou quando quis realizar o mais ambicioso projeto de seus primeiros anos em Viena – centro mundial da música. A coleção foi iniciada em 1798 e composta principalmente em 1799 e 1800.
Todos os quartetos da Opus 18 aceitam essencialmente a usual estrutura em quatro movimentos e todos refletem o estilo clássico vienense, cujo mestre supremo até então havia sido Haydn, embora a adesão à tradição seja mais evidente nos primeiros três quartetos.
Sobre a Opus 18, nº 1, parte do repertório deste concerto, diz-se que a intenção de Beethoven foi a de descrever uma cena de "Romeu e Julieta", proporcionando ao ouvinte a sensação de gestos trágicos, emoções e suspense.
Dimitri Shostakovich (1904-1975)
Quarteto de Cordas nº 8, em dó menor, opus 110 (1960):
- Largo
- Allegro molto
- Allegreto
- Largo
- Largo
Dimitri Shostakovich foi um compositor russo que trabalhou oficialmente para o regime comunista, tendo, no entanto, ido aos tribunais do regime, que lhe impunha censura e com o qual teve convivência sofrida. Foi relegado ao quase ostracismo no fim de sua vida. Uma das características de Schostakovich sempre foi trilhar seu caminho ligado à função, mesmo correndo o perigo de ser castigado por pessoas que, em última instância, não tinham competência para tal. "Pois como a arte pode ser julgada por burocratas?"
Shostakovich escreveu seu Quarteto nº8, em dó menor, opus 110, em julho de 1960 durante uma visita a Dresden, então devastada pelos bombardeios britânicos e norte-americanos. Horrorizado com o que viu, ele dedicou seu trabalho à memória das vítimas do fascismo e da guerra, embora houvesse, nessa música, algo de extremamente autobiográfico. Ele confessa que quando a escreveu, essa música lhe tirou lágrimas dos olhos, e é possível que este quarteto tenha sido escrito como seu próprio epitáfio, antecipando planos de suicídio, devido às pressões políticas que vinha sofrendo e às quais então via-se submetido.
Shostakovich foi um dos maiores sinfonistas do século XX. Compôs 15 sinfonias, mesmo número, curiosamente, de quartetos de cordas legados à posteridade.
O Quarteto nº8, em dó menor, opus 110, foi tocado no funeral do compositor em 1975.