Criado por Administrator em seg, 28/10/2013 - 10:04
Ana Elisa Siqueira
Além das atividades de organização do acervo e atendimento ao público, as bibliotecas que possuem acervos de obras raras desenvolvem ações de conservação e de monitoramento do ambiente, práticas para retardar o processo de degradação dos livros, provocada pela ação do tempo, umidade e manuseio incorreto por parte dos usuários. Em Ouro Preto, esse trabalho é desenvolvido na Biblioteca de Obras Raras da Escola de Minas, que faz parte do Sistema de Bibliotecas e Informação (Sisbin). Ela é uma das mais importantes de literatura técnica cientifica do País, composta por 22 mil volumes entre obras raras e antigas que foram editadas até 1950.
Foto: Isadora Faria
Para a manutenção do acervo, a unidade dispõe do Laboratório de Conservação Preventiva de Acervos Gráficos Professor Cássio Damázio. A bibliotecária Renata Ferreira dos Santos explica que as ações de conservação preventivas incluem técnicas de congelamento a vácuo, obturação, higienização mecânica (limpeza folha a folha), reforço de lombada, reintegração (pintura) e hidratação do couro e das capas. Outras medidas adotadas para conservação do acervo incluem a colocação de acetato cristal nas prateleiras, para evitar o contato direto dos livros com as prateleiras.
A biblioteca também dispõe de três setores de conservação: Coleção de Obras Raras e Preciosas, com climatização plena (temperatura de 19°-21° e controle de umidade entre 60 e 70%), Setor de Exposição e Multimídia, aberto à visitação pública, mantém controle de umidade, e o Acervo Antigo, Leitura e Processamento Técnico, com controle automático de temperatura (a partir de 23°) e controle de umidade. Foi instalado também um sistema de segurança e de prevenção de incêndio. Além da utilização de cortinas de fibras naturais nas janelas, para proteção contra raios infravermelhos e ultravioletas e filtros naturais nas luminárias.
ACERVO - Há exemplares relacionados às áreas de mineração, ciência, botânica, literatura, dentre outros. "Aqui temos livros e manuais legislativos, que nem a Assembleia Legislativa de Belo Horizonte possui", exemplifica Renata. A maior parte do acervo é composta por revistas e periódicos, a revista mais antiga é Annales de Chimmie, de 1789. Um dos destaques é o Livro dos Pássaros, de Georges Louis Leclere, Conde de Buffon, único exemplar existente em bibliotecas brasileiras.
ACERVO - Há exemplares relacionados às áreas de mineração, ciência, botânica, literatura, dentre outros. "Aqui temos livros e manuais legislativos, que nem a Assembleia Legislativa de Belo Horizonte possui", exemplifica Renata. A maior parte do acervo é composta por revistas e periódicos, a revista mais antiga é Annales de Chimmie, de 1789. Um dos destaques é o Livro dos Pássaros, de Georges Louis Leclere, Conde de Buffon, único exemplar existente em bibliotecas brasileiras.
O livro mais antigo é do ano de 1640, A Arte dos Metais, de Álvaro Alonso Barba. Ele descreve técnicas de fundição de metais que foram utilizadas na região. Há ainda obras da chamada Brasiliana, termo que designa um conjunto de livros, publicações e estudos, que têm por tema a história, a cultura e outros aspectos sobre o Brasil, dispondo de publicações brasilianas de autores famosos, como Spix, Martius e Saint-Hilaire.
Para o professor do programa de pós-graduação em História da UFOP e do curso de especialização em Cultura e Arte Barroca do Instituto de Filosofia, Artes e Cultura da UFOP, Francisco Andrade, "o acervo é importantíssimo e valioso. Além de obras sobre as ciências e técnicas que seriam importantes para a formação profissional do engenheiro no fim do século XIX e inícios do século XX, há periódicos e edições raras dos naturalistas estrangeiros que fizeram viagens de pesquisa no Brasil, no século XIX".
Francisco utilizou a biblioteca para pesquisar sobre as gravuras que compuseram os relatos dos naturalistas estrangeiros que queriam conhecer os recursos do País, como minérios e rochas, plantas, animais e os seres exóticos da época, os índios. O professor destaca "as obras do naturalista alemão Martius, com suas belíssimas gravuras que apresentam a nossa diversidade botânica e que mostram cenas ou paisagens pitorescas".
O historiador e professor no Instituto Federal de Educação do Sudeste de Minas Gerais/Campus Rio Pomba, Rafael de Freitas, pesquisou sobre a história da Mina da Passagem. Para isso recorreu aos originais dos viajantes europeus, à Revista da Escola de Minas, à Revista Industrial de Minas Gerais, ao Mining Journal, às anotações dos professores e às fotografias. Rafael elogia a biblioteca e diz que "o acervo é riquíssimo e importante por sua variedade, antiguidade e raridade de muitos exemplares. Não somente livros, mas também revistas, fotos e jornais como o Mining Journal", conclui.
HISTÓRIA - A Escola de Minas de Ouro Preto (EMOP) foi fundada em 12 de outubro de 1876, com o objetivo de atender à demanda de profissionais técnicos, contribuindo para a industrialização do País. A Escola contava com uma biblioteca para pesquisas nas áreas de Ciências de Minas, Metalurgia e Geologia, criada a partir do acervo pessoal do professor francês Claude Henri Gorceix (1842-1919) e com itens doados pela École des Mines, de Paris. Em 1969 a Escola de Minas foi incorporada à Universidade Federal de Ouro e o acervo da Biblioteca foi dividido. A coleção circulante foi transferida para nova sede da Escola no campus Morro do Cruzeiro, em Ouro Preto, dando origem à Biblioteca da Escola de Minas. Já o acervo raro e antigo permaneceu no centro histórico da cidade, dando origem a Biblioteca de Obras Raras, que integra o circuito de visitação do Museu de Ciência e Técnica.
A estrutura é composta por três espaços: o ambiente da antiga Biblioteca da Escola de Minas (Sala das Obras Raras, Sala de Exposição e Acervo Antigo), a sala de Coleções Especiais, composta por obras doadas por professores e ex-alunos da Escola de Minas e a sala Engenheiro Carlos Walter, com obras doadas pela família do ex-aluno da Escola de Minas, além do Laboratório de Conservação. O acervo está sendo catalogado para consulta on line no Sistema de Bibliotecas e Informação da UFOP e está sendo disponibilizado para consulta local, mas, para isso, é necessário agendar pelo e-mail obrasraras@em.ufop.br ou pelo telefone (31) 3559-1528.
Conheça o site: www.obrasraras.em.ufop.br.



Ouvidoria




