Criado por Administrator em sex, 03/01/2014 - 10:50
Caroline Antunes
O cansaço e a falta de tempo são algumas das dificuldades encontradas pelos alunos que trabalham e estudam. Alguns estão nessa situação por necessidade financeira, outros pelo aprendizado no mercado de trabalho, mas todos compartilham uma coisa em comum: a agenda cheia.
Rosa Negrini tem 29 anos e estuda Direito na UFOP. Assiste às aulas da Universidade pela manhã e, à tarde, faz estágio na Coordenadoria de Assuntos Internacionais (Caint). Ela afirma que o estágio não atrapalha seus estudos. "Quando necessário, falto um dia para estudar e compenso o horário em outro momento", relata. A estudante conta que a parte positiva da rotina, às vezes cansativa, é o contato com o mercado de trabalho, além de aprender a se organizar e controlar o próprio dinheiro. "Experiência e proximidade com o setor administrativo foi o principal motivo para a procura desse estágio, pois desejo inserir-me no serviço público", explica, entendendo ser esse esforço o começo de um caminho profissional trilhado.
Ela é apenas uma de muitos discentes da UFOP que dividem o tempo entre a vida acadêmica e o trabalho. A pesquisa socioeconômica e cultural dos estudantes de graduação, realizada nas universidades federais no segundo semestre de 2010 pela Andifes/Fonaprace em parceria com as instituições de ensino superior, apontou que 25% dos alunos da UFOP exercem alguma atividade remunerada. A técnica em Assuntos Educacionais da Universidade, Sabrina Rocha, afirma que "é provável que tenhamos sofrido transformações ao longo desses três anos, sobretudo se considerarmos a expansão da política de cotas em 2013 e a conclusão da implantação do Reuni em 2012 que ampliaram as vagas e as possibilidades de acesso à Universidade". Em decorrência dessas possíveis mudanças, uma pesquisa do perfil do estudante ingressante está sendo realizada e, a partir do próximo semestre, dados mais conclusivos estarão disponíveis.
O estudante do 10º período de Engenharia de Minas, Marcellus Rezende se divide em três durante a semana. Além de estudar, ele é bolsista da Fundação Gorceix e também é responsável pelo período noturno de um hotel, onde não há escala fixa, mas trabalha sempre que é necessário. Marcellus conta que, para se dedicar aos estudos e ainda ter momentos de lazer, acaba dormindo poucas horas por dia. Em momentos decisivos para o curso, ele já pensou em abdicar-se do trabalho em função dos estudos.
Para oferecer um acompanhamento pedagógico, psicológico e social aos estudantes da UFOP que vivenciam dificuldades acadêmicas, a Pró-Reitoria de Assuntos Comunitários e Estudantis (Prace) disponibiliza o Programa Caminhar, criado em 2010, com o objetivo de combater a evasão e o baixo rendimento escolar. O psicólogo da Universidade, Leandro Andrade, relata que esse programa oferece intervenções reflexivas (workshops) com o objetivo de discutir questões direcionadas ao estudante-trabalhador.
A assistente social da Prace, Lucinea de Souza, revela que atendimentos a alunos que relatam dificuldades de conciliar vida acadêmica e trabalho não são realizados com tanta frequência. "Acreditamos que um percentual significativo dos discentes em situação de dificuldades em conciliar vida acadêmica e trabalho não procura orientação estudantil. Muitas vezes procuram o colegiado do curso ou o suporte de colegas para tentar melhorar o rendimento escolar. Nos atendimentos, verificamos que os alunos procuram a assistência estudantil quando estão refletindo na possibilidade de ter que abandonar o trabalho e não veem alternativa para sua situação", observa Lucinea.
Assistência Estudantil - O governo vem investindo nos últimos anos em programas de assistência estudantil para garantir a permanência do estudante nas universidades. A UFOP oferece apoio e benefícios por meio da bolsa-alimentação, bolsa-permanência e bolsa-transporte a alunos de graduação cujas condições socioeconômicas se apresentam como impedimento para a permanência na Instituição. A intenção é que o aluno se dedique aos estudos e possa concluir o curso superior, porém, nem todos os beneficiários conseguem se dedicar aos estudos sem trabalhar.
A equipe da UFOP está disponível para atendimentos no e-mail: orientacaoestudantil@prace.ufop.br.