Criado por Administrator em qui, 08/08/2013 - 09:26
A Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) assinou contrato, com a empresa brasileira Ouro Fino Saúde Animal, de licenciamento para exploração, produção em larga escala e comercialização da “Vacina contra Leishmaniose Visceral Canina”, a LBSap. A tecnologia foi desenvolvida integralmente na instituição sob a coordenação dos professores pesquisadores Alexandre Barbosa Reis (UFOP), Rodrigo Correa Oliveira (CPqRR-Fiocruz) e Rodolfo Cordeiro Giunchetti (UFMG).
Foto: Nathália Nunes
Com 73 patentes depositadas no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi) pelo Núcleo de Inovação Tecnológica e Empreendedorismo (Nite/UFOP), esta é a primeira patente da área biológica transferida pela UFOP para uma empresa privada. “Não basta registrar a ideia, é preciso transformá-la em produto. Estamos muito orgulhosos dessa transferência de patente que servirá para obtermos mais recursos para manter laboratórios, desenvolver mais pesquisas, conseguir novas patentes e, consequentemente, novas transferências. Com isso, vamos estimular cada vez mais novos pesquisadores”, apontou o reitor da UFOP, professor Marcone Jamilson de Freitas Souza.
“Inovar é estabelecer uma linha direta, clara e objetiva entre pesquisa, Universidade e sociedade, trazendo benefícios sociais à comunidade. Ficarei muito feliz se esta for uma prática recorrente na UFOP”, destacou o coordenador do Nite, Rodrigo Bianch.
Dolivar Coraussi Neto, presidente da Ouro Fino Saúde Animal, ressaltou a importância de transformar uma ideia, um conhecimento, em um resultado técnico, tecnológico, mercadológico, social e financeiro. “Acreditamos no cientista brasileiro, nas nossas instituições para concorrermos no mercado mundial”, afirmou. Ele garantiu que novas parcerias serão firmadas com a Universidade.
A leishmaniose
A leishmaniose visceral canina é uma doença grave, não contagiosa, com desenvolvimento lento e de difícil diagnóstico. A moléstia é transmitida pela picada de flebotomíneo, conhecido como “mosquito palha”. Os sintomas mais comuns nos animais são perda de apetite, emagrecimento rápido, feridas na pele, queda de pelos e perda de movimentos das patas traseiras. Nos cães, a zoonose ainda não tem cura, logo a vacina pode ser uma ferramenta preventiva eficaz.
A vacina desenvolvida na Universidade possui uma ação preventiva, desenvolvida com antígeno de Leishmania (Viannia) braziliensis, que apresenta muitas vantagens em relação a outras modalidades já existentes, como grande potencial de resposta celular duradoura e efetiva, além de ter um baixo custo de produção que provavelmente se refletirá num valor mais baixo ao consumidor final.
“A expectativa é de que a vacina desenvolvida na UFOP sirva como uma medida de saúde pública no controle dessa zoonose e seja adquirida pelo governo federal para ser aplicada gratuitamente em grandes campanhas de vacinação, a fim de que todos tenham acesso, ou seja, o governo custear a vacinação dos animais nas áreas de incidência da doença”, explica o professor Alexandre Barbosa Reis.
O pesquisador espera que, de dois a três anos, a vacina já esteja “nas prateleiras” para comercialização. “Agora precisamos fazer um ensaio de fase três, feito nas condições de campo com a vacina já industrializada, visto que as duas primeiras fases foram executadas dentro dos laboratórios”. Esse processo será realizado pela empresa Ouro Fino sob a supervisão da equipe do laboratório de Imunopatologia do Nupeb/UFOP (Núcleo de Pesquisa em Ciências Biológicas).
Alexandre Reis descreve, ainda, que a vacina LBSap (Leishmania Braziliensis Saponina) é resultado de um trabalho desenvolvido integralmente na UFOP ao longo de dez anos, com várias pesquisas com teses e dissertações de mestrado na área.
Benefícios aos seres humanos
A doença também pode atingir os seres humanos. Nas pessoas, os principais sintomas são febre prolongada, perda de apetite e emagrecimento, palidez e fraqueza, tosse seca, redução da força muscular, anemia e até aumento do fígado e do baço. De acordo com o Ministério da Saúde, atualmente, a leishmaniose visceral (LV) humana está distribuída em 21 estados nas cinco grandes regiões do Brasil. De 2009 a 2011, foi registrada a média de 3.704 casos/ano.
Segundo o professor Alexandre Reis, como os cães são os principais hospedeiros do parasita protozoário (Leihmania chagasi), a vacinação em larga escala desses animais também seria uma medida de profilaxia capaz de reduzir a contaminação nos seres humanos. “Controlando a doença canina, certamente conseguimos controlar a doença humana”, conclui.



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