Criado por Administrator em qua, 29/08/2007 - 00:00
Nos dias 03, 04 05 e 06 de setembro, o Centro Artes e Convenções da UFOP recebe o espetáculo O Marinheiro. Montagem da obra de Fernando Pessoa, o espetáculo é o trabalho de conclusão de curso do aluno de bacharelado em direção teatral do curso de Artes Cênicas da UFOP, Fernando Catelan, orientado pela Professora Drª. Tânia Alice.
O texto O Marinheiro, de Fernando Pessoa, foi publicado em 1915, no primeiro número da revista Orpheu, mas foi escrito dois anos antes, em 1913. O autor Fernando Pessoa está inserido no movimento modernista, porém o texto apresenta características simbolistas, sendo assim considerado uma das maiores obras pertencentes ao movimento do teatro simbolista.
Temos em cena a figura de quatro mulheres, sendo que uma está morta e as outras três, velando esta. Elas estão num quarto circular de um castelo antigo. A peça inicia com diálogos que manifestam o desconforto existencial de se querer realizar algo para que o tempo passe. Em meio a isso, a Segunda Veladora conta o sonho que teve com o marinheiro. Assim, conforme vai falando, vemos instaurada uma angústia que gera nas Veladoras terror e desespero por estarem diante de uma revelação do sonho em relação à vida e à morte. Em meio a esta descoberta elas se encontram em uma situação de conflito, onde tudo que está acontecendo pode ser fruto de um sonho. O sonho do marinheiro.
No texto O Marinheiro, o sonho pode ser algo real que Fernando Pessoa viveu na sua infância, segundo Massaud Moisés. Pois quando ainda era criança, Pessoa teve que deixar Portugal e ir com sua família morar em Durban, na África do Sul, e assim, por ser jovem, sonhava sua pátria com as poucas lembranças que tinha de Portugal, idealizando por meio do sonho uma pátria que só pode ser sonhada. E este sonho recorrente na peça é o que nos leva a crer que O Marinheiro seja uma autobiografia de Fernando Pessoa.
Em meio ao universo metafísico e existencialista de Fernando Pessoa é que mergulha esta montagem, buscando sempre fazer o texto bem dito, na tentativa de ser fiel ao sonho que primeiro foi sonhado pelo autor, que buscou na estética simbolista os elementos lingüísticos para traduzir seu “Marinheiro”.
Para conseguir contar essa história e comunicar tantas idéias que cercam o texto, os recursos teatrais estarão a serviço deste grande sonho que nos gera vida. E é com vida que se faz teatro, essa arte baseada na relação humana de troca entre público e atores. Nesse movimento circular de interação se faz necessário um cuidado e uma valorização da representação, que é a base dessa experiência de se reviver o universo pessoano de ser, existir e nada.
No teatro se faz a arte do ator, e é pelas três atrizes que representam as três Veladoras que a materialidade do texto se dará no palco. Palco este espelho da vida. E no nosso caso, um jogo de espelhos dos sonhos d’O Marinheiro.
Serviço:
O Marinheiro
Data: 03, 04, 05, 06 de setembro
Horário: 20h30
Local: Teatro Ouro Preto – Centro de Artes e Convenções da UFOP.
Capacidade: 65 pessoas
A entrada é franca e os ingressos podem ser retirados na portaria do teatro a partir de 20h.