Criado por Administrator em qua, 04/09/2013 - 11:21
Fernanda Mafia
Um menino azul, seus sonhos e encontros na trajetória até o mar. Esse foi o tema da peça “Sonhazul”, que estreou na última segunda-feira, dia 2 de setembro, no Teatro Municipal Casa da Ópera, em Ouro Preto. O espetáculo, apresentado pelos alunos do 5º período de Artes Cênicas da UFOP, é voltado para o público infantil em idade de alfabetização (até 5 anos) e discorre sobre os sonhos de um menino, que ao ler uma carta da avó, escreve um poema para o mar e sai ao encontro dele.
Por meio de sombras, projeções e música, o enredo levou o público para um lugar mágico. As crianças presentes reagiram ao espetáculo de maneira surpreendente: cantaram as músicas, deram gargalhadas e interagiram com os personagens.
Para a professora da educação infantil, Maria Márcia da Silva, a apresentação foi bem aproveitada pelas crianças. “O teatro contribui muito para o desenvolvimento da criança, nas áreas emocionais, cognitivas e de aprendizagem”, explicou.
A funcionária aposentada da UFOP, Benícia Ponciano Gomes, trabalhou no departamento de Artes Cênicas e acompanhou a evolução do curso. Ela assistiu ao espetáculo e contou que “a experiência foi maravilhosa! A UFOP precisa continuar indo às escolas, principalmente, os cursos de licenciatura. Assistir a peça junto das crianças foi importante para entender a reação delas”.
Foram realizadas três apresentações. Duas delas direcionadas a crianças de quatro escolas infantis de Ouro Preto: Centro Educacional Pequeno Mundo, Mundo Mágico, Cantinho do Saber e Escola Municipal Helio Homem de Faria, e uma aberta ao público.
MONTAGEM DO ESPETÁCULO - Texto, figurino, música e cenário. Todos os elementos que compõem a peça “Sonhazul” foram criados pelos alunos e professores do curso. O professor da UFOP e diretor do espetáculo, Davi de Oliveira, destacou que “é importante que os alunos participem da montagem de um espetáculo e passem pelos desafios que surgem nesse processo”.
A peça é fruto de um trabalho interdisciplinar, que reuniu disciplinas do 5º período do curso. Durante a montagem, os alunos da licenciatura em Artes Cênicas estavam em processo de estágio nas escolas infantis de Ouro Preto. Isso possibilitou maior interação e um conhecimento mais aprofundado das crianças, como a reação delas ao teatro, promovendo um diálogo entre as disciplinas do curso e, sobretudo, com as escolas da cidade.
Segundo a aluna de Artes Cênicas da UFOP, Raizza Tosatti, que atuou em “Sonhazul”, esse processo de mediação e pré-espetáculo nas escolas, preparou os alunos para assistirem a peça. “Nós fomos às escolas que vieram nos assistir e falamos sobre teatro e buscamos aproximá-los do espetáculo. Para quando eles chegassem aqui, de alguma forma eles se identificassem com o que estava sendo visto”. Raizza ainda destacou que era importante fugir do óbvio sem menosprezar a capacidade da criança. “A criança sabe mais que a gente. Ela faz de conta o tempo todo!”
COM A PALAVRA, O DIRETOR - A reação das crianças era algo inesperado. Para Davi de Oliveira, era uma dúvida se elas iam entrar no espetáculo e interagir com os personagens. E, principalmente, se conseguiriam se comunicar com elas. O objetivo foi alcançado e durante toda a apresentação as crianças participaram do espetáculo. Para ele, o contato prévio com os alunos favoreceu para que a resposta das crianças fosse positiva. “A arte está presente no cotidiano das crianças e o contato com as escolas alimentou o processo de criação”, explicou Davi.
O diretor ainda contou que a produção de “Sonhazul” carrega um pouco das experiências pessoais de cada um dos atores. Além disso, a concepção partiu de duas inspirações: o filme “Sonhos” do diretor japonês Akira Kurosawa e a obra “O Livro das Ignorãças”, de Manoel de Barros. “Tudo que nós colocamos no palco hoje é fruto de histórias pessoais. A peça se tornou uma colcha de retalhos, que carrega um pouco de cada um de nós”, relatou. Além de dirigir o espetáculo, Davi também cantou e atuou. “Estar em cena com os alunos foi um momento feliz para mim.”
Fotos: Nathália Viegas