Ir para o conteúdo

Açaí é base de pesquisa na UFOP sobre prevenção e evolução da artrite reumatoide

Twitter icon
Facebook icon
Google icon
Mylena Gonçalves
Com: 
Elis Cristina - Estágiaria

Energético, refrescante e saboroso, o açaí se tornou objeto de estudos científicos na Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Uma das pesquisas sobre o fruto da Amazônia compõe a tese de doutorado defendida por Carla Teixeira Silva, junto ao Programa de Pós – Graduação em Ciências Biologicas (CBIOL/NUPEB), que aborda os efeitos do consumo de açaí na prevenção e evolução da artrite reumatoide, doença autoimune que afeta as membranas sinoviais (fina camada de tecido conjuntivo) de múltiplas articulações, como mãos, punhos e cotovelos.

Na pesquisa, a doutoranda analisou por meio de marcadores (parâmetros que indicam alterações) se o consumo de açaí apresentava algum reflexo na inflamação e no estresse oxidativo, condição biológica em que há um excesso de radicais livres.

Conforme a orientadora e diretora da Escola de Nutrição (ENUT) da UFOP, Renata Freitas, as condições são comuns em diversas patologias humanas, como diabetes, arterosclerose e síndrome metabólica. 

A pesquisa foi realizada em camundongos, de acordo a professora da Enut e coorientadora do projeto, Joana Amaral. Segundo ela, a opção por trabalhar com roedores se deu pelo fato de a inflamação desenvolvida nas articulações do animal ocorrer de forma similar à dos seres humanos que possuem a doença. Outro fator importante é que não havia evidências de que o uso do açaí teria efeito para essa doença especificamente. 

Joana conta que, nesse caso, a artrite foi provocada nos camundongos por meio da imunização, utilizando-se a proteína metilada mBSA (Albumina Bovina) associada ao adjuvante de FREUND - CFA (composto que ajuda a estimular o sistema imune). Os antígenos foram injetados subcutaneamente, a fim de desencadear o processo inflamatório nas articulações dos roedores. Esse método, segundo as professoras da ENUT é amplamente usado na literatura científica. 

A PESQUISA – Os camundongos (C57Bl/6) fêmeas-adultos foram tratados com protocolos diferentes e divididos em quatro grupos específicos: 

1º Grupo Controle (sem a doença): recebeu a dieta padrão durante todo o experimento e uma injeção de solução salina (inócua) na cauda no 14º dia.
2º Grupo Açaí (sem a doença): recebeu a dieta padrão mais 2% de polpa de açaí durante todo o experimento, além da aplicação da solução de salina no 14º dia.
3º Grupo Açaí - Artrite Prevenção: recebeu desde o primeiro dia até o final do experimento a dieta padrão mais 2% de açaí. No 14º dia, a artrite reumatoide foi induzida.
4º Grupo Açaí - Artrite Tratamento: recebeu a dieta padrão até o 14º dia, ocasião em que ocorreu a indução da artrite. Depois, passou a receber a dieta padrão com açaí até o final do experimento.

No 30º dia, os camundongos foram eutanasiados e as amostras biológicas foram coletadas para as análises. As polpas utilizadas no projeto, segundo Renata Freitas, são de fonte comercial e estão disponíveis em supermercados. "A ideia é simular o que as pessoas utilizam no dia a dia", declarou. 


RESULTADO – Após as avaliações, Carla constatou a capacidade do açaí de promover um aumento na quantidade de células que possuem características de combate à inflamação, as chamadas células reguladoras (linfócitos Treg). A pesquisadora constatou ainda que, ao consumir o fruto, o animal portador da artrite obteve uma redução da atividade oxidativa, ou seja, houve a minimização da produção de radicais livres provenientes da doença. Além disso, houve alterações nas características sintomáticas da doença, fazendo com que o roedor inflamasse menos e possivelmente tivesse menos dores. 

Portanto, a pesquisa mostrou que, com o consumo diário da polpa do açaí, os animais tiveram uma redução das lesões características da artrite reumatoide e um aumento das células reguladoras do sistema imune.

3.jpg

Giulia Pereira
Equipe do Laboratório Multiusuário da ENUT, com as professoras Melina Souza, Renata Freitas e Joana Amaral (sentadas)


PERSPECTIVAS - Dando continuidade ao projeto, como trabalho de iniciação científica e de conclusão de curso, a graduanda de Nutrição Míriam Silva, sob orientação da professora Joana Amaral, investigará os mecanismos imunológicos pelos quais o açaí exerce a atividade antioxidante e anti-inflamatória. Em outra linha de investigação, conduzida por uma estudante de mestrado do CBIOL/NUPEB orientada pela professora Renata Freitas e coorientada pela professora Melina Oliveira de Souza, serão avaliados os efeitos do açaí sobre alterações da microbiota intestinal em animais com artrite reumatóide. 

A tese foi defendida em 2018 e teve o apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG), da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e da UFOP. Todos os animais utilizados foram cedidos pelo Centro de Ciência animal (CCA) da UFOP. 

Veja também

18 Novembro 2024

O Laboratório de Análise Sensorial da Escola de Nutrição da UFOP convida voluntários para experimentar e avaliar geleias mistas de...

Leia mais

14 Novembro 2024

O evento discutiu sobre os nove anos do rompimento da barragem de Fundão, dentro da programação do IV Encontro do...

Leia mais

14 Novembro 2024

Os professores da UFOP Evandro Medeiros Laia, do Departamento de Jornalismo (Dejor), e Éden Peretta, do Departamento de Artes Cênicas...

Leia mais

13 Novembro 2024

A estudante do curso de Engenharia de Computação do Instituto de Ciências Exatas e Aplicadas (Icea) da UFOP Graziele de...

Leia mais