Um grupo formado por pesquisadores da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e Instituto de Ecologia AC, do México, realizou estudo que relaciona a livre circulação de pessoas à maior disseminação do novo coronavírus. A pesquisa foi desenvolvida por meio de um modelo matemático que previu a evolução da pandemia no Brasil. A
notícia sobre a pesquisa e o alerta dos pesquisadores foi capa do jornal Estado de Minas desta segunda (4).
O trabalho intitulado “Ainda há tempo para reverter essa situação de vulnerabilidade ao Sars-CoV-2 no Brasil, pelo menos para as populações das regiões mais remotas do país” foi enviado a diversos órgãos no país. Entretanto, não houve a devida atenção às recomendações dos pesquisadores, o que evitaria que o país chegasse à marca de quase 200 mil mortos e 7,7 milhões de casos de Covid-19.
Entre os acertos do estudo matemático produzido pelos pesquisadores no início da pandemia estava a previsão da entrada do vírus pelo Rio de Janeiro e São Paulo, a primeira onda em grandes cidades entre 65 e 80 dias após o primeiro caso e os primeiros municípios a aumentarem a taxa de infecção (São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Recife, Brasília, Fortaleza, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba e Florianópolis), com exceção de Manaus que viu antecipada a primeira onda da Covid-19, diferentemente do que apontava a pesquisa.
SEGUNDA ONDA - As altas taxas de aumento de casos da doença apontam para uma segunda onda no Brasil. Os pesquisadores alertam para que medidas mais restritivas sejam tomadas, a exemplo da primeira onda, e alertam para as consequências catastróficas sentidas na primeira onda que também se aplicam a uma segunda.
Em entrevista ao jornal, o professor do Instituto de Ciências Exatas e Biológicas (Iceb) e do Núcleo de Pesquisas em Biologia (Nupeb) da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Sérvio Pontes Ribeiro, afirma que a fiscalização ou controle sanitário em toda a estrutura aeroportuária e nas rodovias do país poderia ter amenizado o cenário na primeira onda, o que vale também para a segunda. "Não houve política nesse sentido e as pessoas circularam à vontade, como o fazem até hoje. Pelas estradas é igual. As pessoas vão e vêm normalmente”.