A Vila Sustentável Reciclos foi idealizada pelo Grupo de Pesquisa em Resíduos Sólidos (Reciclos - CNPq) em 2011 com o intuito de funcionar como um centro de desenvolvimento de pesquisa e tecnologia. O projeto aproveita rejeito para fabricar o material utilizado na alvenaria, revestimento e fundação das casas, pensando num melhor custo-benefício.
A tecnologia construtiva da Vila não conta com vigas e pilares, as paredes são autoportantes e as placas apoiadas. O espaço da Vila compreende quatro moradias, cada uma com 60m², e um galpão de 120m². Cada casa possui sala, cozinha, área de serviço, banheiro e espaço para dois quartos. O custo desse modelo de habitação, fabricado com material reaproveitado, é 25% menor em relação a um modelo tradicional de mesma escala.
As casas possuem uma tecnologia que se adequa conforme o clima, seja verão ou inverno. Cada habitação possui no telhado duas placas configuradas de forma plana e inclinada, fabricadas com materiais convencionais que são responsáveis pela circulação de ar e equilíbrio da temperatura com o auxílio de uma janela interna, o método é conhecido como termossifão. O imóvel ainda dispõe de um espaço verde no telhado destinada ao plantio de legumes, verduras, etc.
Atualmente, duas das quatro casas da Vila já estão em pleno funcionamento, ocupadas pelo Grupo de Pesquisas em Tecnologias Sociais e Apícolas e Recuperação de Áreas Degradadas (Apicrim), enquanto as restantes funcionam como sede do grupo Reciclos. Já o espaço do galpão abriga as atividades práticas dos cursos de graduação da Engenharia Civil, Arquitetura e Engenharia Urbana, além da Pós-Graduação em Engenharia Civil (Propec). O plano é transformar o local em um canteiro de obras para fomentar a prática na formação dos alunos.
O rejeito utilizado é proveniente da parceria da UFOP com a empresa Samarco, como apoio da Vale, ArcelorMittal, Rolth do Brasil, além da Capes, CNPQ e Fapemig. A colaboração começou após a Instituição se tornar unidade credenciada da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii). No acordo, que aconteceu no final do ano passado, a Universidade ficou responsável pela triagem do rejeito e futura destinação.
O professor e coordenador do grupo Reciclos, Ricardo Fiorotti, destaca que a construção da Vila contribui para a existência da possibilidade de um projeto de casa popular com bom custo-benefício e de forma a incentivar futuros ingressantes na Universidade: "Eu quero que as soluções que a gente desenvolve aqui possam servir para as pessoas lá fora. Isso pode ser um aspecto importante para o ingresso de novos alunos e também um elemento motivador de valorização da graduação e de integração entre os cursos de engenharia da Escola de Minas".
As obras restantes da Vila têm previsão para serem concluídas em setembro deste ano. Posteriormente acontecerá a inauguração da vila.