A Caravana da Diversidade: Bionarrativas Sociais e Educação para a Biodiversidade Mineira – Edição Ouro Preto, realizada nos dias 16 e 17 de outubro, marcou o encerramento de um percurso iniciado em agosto, que percorreu diferentes regiões de Minas Gerais. Promovido pelo Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas e pelos Programas de Pós-Graduação em Ensino de Ciências (MPEC) e Ecologia de Biomas Tropicais (BIOMAS), o evento reuniu docentes, estudantes, pesquisadores e representantes de comunidades locais em atividades voltadas ao diálogo entre ciência, cultura e sociedade.
Com o objetivo de valorizar a diversidade de saberes sobre a biodiversidade, os territórios e os modos de vida, a Caravana propôs práticas formativas que ressaltaram experiências interculturais, socioambientais e educativas desenvolvidas em Minas Gerais. A iniciativa itinerante é uma ação do projeto PROFBD – Observatório da Educação para Biodiversidade (PROFBD), do qual a UFOP participa por meio do professor Fábio Silva, do Departamento de Biodiversidade, Evolução e Meio Ambiente. O projeto integra uma rede de pesquisadores com ênfase na formação de professores sensíveis à diversidade cultural, ao respeito às diferenças e ao combate às desigualdades. “Investigamos propostas de formação de um ponto de vista latino-americano, que afirme identidades historicamente silenciadas e violentadas pela perspectiva eurocêntrica e colonizadora próprias da modernidade. A Caravana da Diversidade é uma ação deste coletivo”, explica Fábio.
ATIVIDADES NA COMUNIDADE DE BOTAFOGO - Durante os dois dias de programação, a Caravana promoveu mesas redondas, rodas de conversa, oficinas e vivências que abordaram temas como territórios, afetos, saberes locais e educação ambiental. Entre as atividades realizadas, destacaram-se as mesas “Territórios como espaços de vida, afetos e aprendizagem” e “Que biologias estão presentes na minha vida?”, a roda de conversa “Como adiar o fim do mundo?”, além de uma oficina pedagógica e uma vivência na comunidade de Botafogo, em Ouro Preto.
Encerrando o ciclo iniciado em Divinópolis (UEMG), em agosto, e continuado em Uberaba, em setembro, a edição de Ouro Preto representou o fechamento de um processo de escuta e partilha entre universidades, escolas e comunidades. Fábio destaca que Ouro Preto é uma cidade marcada por uma rica tessitura histórica e cultural, onde o passado colonial se entrelaça com a vitalidade das comunidades e dos ecossistemas locais, e que “além de seu valor histórico, é também um território de sociobiodiversidade: abriga uma multiplicidade de saberes e práticas ligadas à convivência com a natureza, à agricultura familiar, às águas, às serras e às matas que a cercam”. Ele complementa que “a diversidade biológica se encontra com a diversidade cultural, compondo um mosaico vivo de relações entre pessoas, territórios e formas de existir e resistir”.
Com a etapa ouro-pretana, a Caravana da Diversidade encerra seu percurso por Minas Gerais, consolidando-se como um espaço de encontro entre ciência, educação e cultura. O projeto deixa como legado o fortalecimento de redes colaborativas entre instituições de ensino, comunidades e movimentos sociais, além de reafirmar o papel da UFOP na promoção de uma educação plural e comprometida com a valorização da sociobiodiversidade e a justiça socioambiental.