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As bibliotecas na era digital e sua relação com os acadêmicos

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As bibliotecas nasceram como uma ferramenta de preservação de acervos, mas desde que o alemão Johannes Gutenberg desenvolveu a primeira máquina de impressão feita com tipos móveis, no século XV, as bibliotecas se desenvolveram e passaram a organizar e catalogar acervos cada vez maiores, sempre inovando e se reestruturando. A mais recente transformação das bibliotecas vem acontecendo nos últimos tempos em função da era digital. 
 
A função social de uma biblioteca pública é promover o aprendizado nas suas mais diversas etapas. Já as bibliotecas universitárias têm o papel de atender à comunidade acadêmica da instituição que a abriga.  
 
Para entender a relação que o Sistema de Informação e Bibliotecas (Sisbin) da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) estabelece com o meio acadêmico, o "Em Discussão" desta semana conversa com a diretora do Sisbin, Gracilene Maria de Carvalho, servidora técnico-administrativa da Universidade, ocupando o cargo de bibliotecária/documentalista. 
 
Gracilene, qual o papel das bibliotecas na era do livro digital?
 
O papel das bibliotecas na era do livro digital é fundamental para promover o acesso ao conhecimento, uma vez que o livro digital é mais uma forma de informação que passa a estar disponível. Atualmente, as bibliotecas gerenciam acervos físicos e também oferecem a modalidade de bibliotecas eletrônicas. Os avanços tecnológicos e científicos ocorridos nas últimas décadas trouxeram mudanças significativas no processo de produção, gestão, comunicação e utilização da informação. Dessa forma, as bibliotecas contribuem para esses avanços e se beneficiam deles. A introdução de computadores, de tecnologias de comunicação e da internet impactou positivamente a forma como as bibliotecas universitárias disponibilizam o conhecimento.
 
Desde o início da década de 1990, as bibliotecas têm se envolvido com ativos digitais armazenados em diversos suportes, como disquetes e CD-ROMs, até chegarem às modernas plataformas digitais, que oferecem acesso a livros digitais de diversas áreas do conhecimento de forma rápida, segura, acessível e inclusiva. Estamos vivenciando um período de constantes ajustes, pois a evolução da tecnologia impulsiona mudanças na produção, tratamento da informação, acesso e consumo. As bibliotecas precisam se tornar mais inovadoras para atender às demandas de usuários cada vez mais autônomos e hiperconectados, que esperam encontrar informações de qualidade e confiáveis de forma fácil e rápida, tanto online quanto em espaços físicos.
 
No entanto, os usuários também desejam espaços físicos modernos, que proporcionem um ambiente adequado para estudo, reflexão, socialização e relaxamento. As bibliotecas têm o desafio de se adaptar a essa realidade em constante transformação, mantendo-se relevantes e indispensáveis na promoção do acesso ao conhecimento na era digital.
 
As bibliotecas estão se transformando em espaços tecnológicos, com e-books acessados por notebooks e celulares. O acervo on-line da UFOP tem acompanhado essa mudança?
 
Sim, nos últimos anos, a UFOP tem investido na expansão do acervo digital, adquirindo e-books e assinando bibliotecas digitais. Atualmente, disponibilizamos mais de 15 mil títulos em diversas áreas do conhecimento em formato digital. Além disso, oferecemos acesso às Normas Técnicas Brasileiras e do Mercosul, plataformas de livros literários e jornais, bem como à plataforma UpToDate, focada na área de saúde e medicina baseada em evidências. Também disponibilizamos o acervo técnico-científico produzido internamente, que pode ser encontrado no Repositório Institucional, na Biblioteca Digital de TCC, e os periódicos da UFOP podem ser acessados no Portal de Periódicos. Estamos inclusive explorando a possibilidade de digitalizar acervos históricos raros e especiais. Portanto, a UFOP tem acompanhado essas mudanças de forma a facilitar ao máximo o acesso ao conhecimento. 
 
Para acessar o acervo digital é preciso ter domínio de técnica específica ou o sistema é simples? Como e quais são as ações que possibilitam aos ingressantes ter acesso às publicações e aprender a utilizar o site?
 
A forma de acessar o conteúdo digital é bastante simples. Tudo foi pensado para dar maior autonomia ao leitor. No entanto, saber como recuperar informações necessárias é crucial em um ambiente digital, especialmente em meio à constante competição pelo tempo e atenção das pessoas, bem como à enorme quantidade de informações circulando. Para evitar se perder nesse cenário, é fundamental saber onde encontrar informações confiáveis e conhecimentos verídicos de forma rápida. As bibliotecas universitárias, sejam elas físicas ou digitais, oferecem essas oportunidades e recursos para auxiliar nessa busca por informações de qualidade. O acesso ao acervo digital é viabilizado por meio da Biblioteca Digital, no portal minhaUFOP, utilizando a senha institucional. Nesse espaço, é possível acessar diversas plataformas, incluindo e-books, jornais, revistas, literatura, o Portal de Periódicos da Capes e da UFOP, repositórios, Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC) e outras bases de dados.
 
Como o acervo digital vem sendo utilizado em comparação ao físico? Há dados sobre os acessos de cada um deles?
 
Realizamos uma pesquisa com o objetivo de apresentar resultados no XXII Seminário Nacional de Bibliotecas Universitárias, programado para novembro de 2023. Nosso estudo teve como propósito analisar a utilização de livros eletrônicos pelos usuários da Universidade Federal de Ouro Preto, tanto antes quanto durante a pandemia de covid-19. Uma análise preliminar dos resultados revela que em 2019 houve aproximadamente 152.102 acessos a livros eletrônicos. Entretanto, a partir do início do ensino remoto, em decorrência da pandemia, esse número cresceu exponencialmente, atingindo o pico de 2.483.921 acessos. Após um ano do retorno às atividades presenciais, houve uma redução para 2.023.620 de acessos.
 
A pandemia de covid-19 trouxe um impacto sem precedentes para a educação superior em todo o mundo. A transição abrupta para o ensino online e as restrições de mobilidade transformaram profundamente a interação entre professores e estudantes e a forma de ensino-aprendizagem. Embora tenha havido desafios significativos, essa crise também acelerou a adoção de tecnologias educacionais e incentivou a inovação no ensino, o que se estendeu às bibliotecas e acelerou a adoção da cultura de uso de livros eletrônicos, que aparenta continuar em ascensão. 
 
É crucial que as universidades disponibilizem um acervo que inclua tanto materiais físicos como digitais. O acervo físico oferece uma experiência palpável e enriquecedora, permitindo aos estudantes explorar livros, revistas e recursos de aprendizado de forma concreta, o que aprofunda sua jornada acadêmica. Por outro lado, o acervo digital acrescenta conveniência e acessibilidade, possibilitando que os alunos acessem informações de forma rápida e flexível, independentemente de sua localização. Ao oferecer essa variedade de recursos, a Universidade capacita os alunos a atender às suas diversas necessidades de aprendizado, incentivando a pesquisa, estimulando a curiosidade intelectual e desenvolvendo habilidades essenciais de busca de informações que serão valiosas ao longo de suas trajetórias acadêmicas e profissionais.
 
As bibliotecas estão disponíveis como espaço de leitura e estudo, mas existem outras ações e projetos para a ocupação das bibliotecas que saem das leituras obrigatórias dos cursos?
 
As bibliotecas universitárias não se limitam apenas a serem espaços de leitura e estudo, elas contribuem para a interação social e também desempenham um papel importante em iniciativas que vão além das leituras obrigatórias dos cursos, a exemplo do projeto "Ler por Prazer", que busca estimular o interesse da comunidade universitária pela leitura. Inicialmente criado pela Biblioteca da Escola de Nutrição, em 2012, esse projeto foi estendido a outras bibliotecas nos campi de Ouro Preto e João Monlevade. O acervo do projeto "Ler por Prazer" abrange uma ampla variedade de gêneros literários, incluindo literatura nacional e estrangeira, romances, culinária, autoajuda, psicologia e biografias, totalizando atualmente um número significativo de livros.
 
Além disso, o projeto disponibiliza uma plataforma digital chamada "Árvore", que oferece acesso a uma vasta seleção de livros digitais de literatura, revistas, jornais de circulação diária e podcasts. Mais uma vez, é possível observar as duas formas de acervo, físico e digital, coexistindo. As bibliotecas da UFOP estão em sintonia com as necessidades da comunidade acadêmica e buscando se tornar inovadoras, como os tempos atuais exigem, demonstrando seu compromisso em evoluir além das funções tradicionais.
 
As bibliotecas são um ponto de troca de conhecimento entre os estudantes ou atualmente têm outra configuração?
 
Sim, as bibliotecas continuam sendo importantes pontos de troca de conhecimento e interação social. Embora a configuração atual das bibliotecas seja tradicional, estamos empenhados em adaptá-las às tendências das bibliotecas modernas e às mudanças nas necessidades da sociedade e da tecnologia, com base nas respostas coletadas em uma pesquisa realizada em 2022 sobre a biblioteca universitária que a comunidade da UFOP precisa. Estamos explorando diversas iniciativas de configurações modernas de bibliotecas, incluindo a integração de coleções de várias áreas do conhecimento, a automação de serviços de empréstimo e devolução, a criação de múltiplos espaços onde os usuários podem escolher como desejam utilizar o ambiente — seja para estudo, reuniões, eventos ou relaxamento. Além disso, nos propomos a pensar espaços de acesso ao acervo digital, proporcionando internet de alta velocidade e computadores eficientes, disponíveis não apenas para a comunidade acadêmica, mas também para a sociedade local e visitantes. Atualmente, temos este último espaço nas bibliotecas do Icsa e Icea.
 
Uma inovação recente em bibliotecas modernas são os makerspaces, áreas onde os usuários podem criar e explorar tecnologias, como impressoras 3D e ferramentas de design gráfico. Estamos também empenhados em planejar a digitalização de acervos históricos raros e especiais, ampliando significativamente o acesso ao conhecimento. Outra tendência importante é o aumento da integração com a comunidade local, promovendo o engajamento social e fortalecendo os laços com ela. No entanto, para concretizar essas configurações desejadas, reconhecemos a necessidade de repensar os espaços físicos, realizar investimentos financeiros e promover mudanças nos processos e na cultura de uso das bibliotecas.
 
EM DISCUSSÃO - Esta seção é ocupada por uma entrevista, no formato pingue-pongue, realizada com um integrante da comunidade ufopiana. O espaço tem a função de divulgar as temáticas em pauta no universo acadêmico e trazer o ponto de vista de especialistas sobre assuntos relevantes para a sociedade. 
 
Confira todas as entrevistas já publicadas. 
 
Faça a sua sugestão de tema e/ou fonte entre os servidores da UFOP. 

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