Durante todo este ano de 2020, a Incubadora de Empreendimentos Sociais e Solidários da UFOP (Incop), do Instituto de Ciências Exatas e Aplicadas (Icea) do campus João Monlevade, tem buscado a continuidade dos projetos para amenizar os efeitos da pandemia, principalmente entre grupos sociais mais vulneráveis.
A Incop é um laboratório de extensão interdisciplinar que tem como filosofia a economia solidária. É composta por professores, técnicos administrativos e alunos dos departamentos das engenharias de Produção, Elétrica, de Computação e de Sistemas de Informação do Icea. Os trabalhos têm gerado publicações de livros e artigos que podem ser consultados on-line.
Conforme o coordenador do laboratório e professor de Engenharia de Produção do Icea, Jean Carlos Alves, a incubadora tem o papel de promover o resgate da cidadania. "É a valorização do ser humano, e um dos caminhos para isso é através da geração de ocupação e renda".
Segundo ele, cada grupo possui uma necessidade diferente. No total, cerca de 130 pessoas são beneficiadas pelos projetos. A necessidade em comum é que todos os grupos querem se fortalecer e se transformar em cooperativa popular, e a Incop realiza esse trabalho de apoio. "Temos a assessoria sociotécnica que acompanha as ações dos grupos a fim de promover a interação do conhecimento popular com o científico", acrescenta o professor.
Atualmente, a Incop conta com empreendimentos em programas de reciclagem, em defesa dos direitos dos animais, de assistência social e alimentar, de cultura afro e de economia solidária em geral, como a Feira Popular. No entanto, desde sua criação, em 2011, já realizou também empreendimentos em costura, artesanato, agricultura familiar, projetos com lavadeiras e programas de saúde mental.
A adoção do trabalho remoto com esses grupos foi inevitável, segundo Jean. Após treinamentos para a utilização das ferramentas de tecnologia, as visitas rotineiras aos empreendimentos se tornaram reuniões virtuais. Alguns desses grupos começaram a utilizar a internet também para a promoção dos trabalhos, como os integrantes da Feira Popular de Economia Solidária.
AÇÕES - Os catadores do programa de reciclagem estão tendo acompanhamento virtual semanalmente. Um caminhão foi disponibilizado para ampliar a coleta seletiva em João Monlevade na tentativa de manter a renda dos catadores e dar continuidade ao trabalho de fortalecimento das ações, como a continuidade das aulas de matemática e sustentabilidade para o grupo assistido.
Já a Associação dos Direitos dos Animais continua a construção de uma cartilha para a comunidade junto com os estudos que vão embasar a proposta de criação de uma lei municipal de proteção aos animais. O grupo de Cultura Afro também seguiu com os treinamentos de liderança comunitária, cooperativismo e conhecimento de cultura e história. Alguns resultados já foram alcançados, como a mobilização do grupo para a conscientização da cultura afro.
Na assistência social e alimentar, têm sido arrecadados brinquedos e material escolar para as crianças e jovens. Já a geração de renda vem acontecendo através da Feira Popular. Com sua suspensão durante a pandemia, as vendas acontecem agora on-line.