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Roda de conversa no ICSA discute feminismo negro

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Thiago Barcelos
Com o lema “Coisificam meu corpo todo dia, Resisto! Pobre, Preta, Periferia”, a discussão sobre feminismo negro contou com a participação da militante do feminismo negro e ex-vereadora de Mariana, Ailda Anacleto, e da professora do curso de Serviço Social, Jussara Lopes. 

A conversa, realizada na última segunda (18), foi motivada também pelo Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, comemorado no dia 25 de julho. A data representa a luta e resistência da mulher negra e foi criada em 1992, para promover reflexões sobre os preconceitos e vulnerabilidade social que as mulheres negras enfrentam em regiões latinas.
 

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Thiago Barcelos
O debate foi motivado também pelo Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, comemorado no dia 25 de julho.

A militante Ailda Anacleto fez um panorama da luta do feminismo negro no Brasil, que tem como marco o III Encontro Feminista da América Latina e do Caribe, realizado na cidade de Bertioga, SP, em 1985. Para ela, o empoderamento das mulheres negras se iniciou a partir de leis em prol do acesso a políticas públicas, como as cotas raciais na universidade, e a PEC das Domésticas, “Mas infelizmente essas politicas não chegam aos municípios,  porque eles não estão preparados para implementá-las, ou não é uma questão de interesse daqueles gestores”, lamenta. 

Para retratar o racismo que a mulher negra enfrenta diariamente, e os privilégios da mulher branca, Ailda fez algumas comparações entre a diferença de salários entre as populações negras e brancas, a discriminação na escola, na universidade, na fila do emprego, na saúde, com a violência obstétrica que mulheres negras estão mais propensas a sofrer, e na falta de políticas públicas específicas nas pautas de saúde. “Possuímos saúde tanto mais delicada, pois existem doenças que são somente de origem negra, como a anemia falciforme. Esse avanço não nos foi permitido”.

Enquanto mulheres brancas lutam para ter os mesmos direitos que homens brancos, mulheres negras ainda não possuem o mesmo tratamento  que mulheres brancas. “O artigo 5º da Constituição garante que somos iguais, porém tal igualdade existe só perante a carta magna, pois para disputar espaços e garantir conquistas, a nossa luta é muito mais árdua. Nos locais de trabalho, o nosso salário vai ser menor, mesmo no exercício da mesma função, não só com relação as mulheres brancas, mas também aos homens negros. Temos uma jornada de trabalho maior que das mulheres brancas, porque além de termos de cuidar dos filhos dessas mulheres, cuidamos dos nossos e da nossa casa. Enquanto muitas destas mulheres estavam no movimento para garantir seus direitos, nós, mulheres negras, estávamos limpando suas casas. Participávamos do movimento, mas não tínhamos voz nem vez.”

TRÊS MITOS - A professora Jussara Lopes, enumera três mitos que rondam a mulher negra brasileira.  Desconstruir esses mitos é umas das bandeiras do feminismo negro. O primeiro é o mito da mulher negra barraqueira, forte — física, emocional e psicologicamente —, que aguenta tudo, que não pode ser levada a sério, a mulher da favela. O segundo é o mito da mãe negra, que acolhe, que cuida, subserviente, muito associado às mulheres negras mais velhas. Esses dois primeiros estão associados às mulheres negras de pele mais escura. O terceiro é o mito da “mulata”, que vai recair sobre as mulheres negras de pele mais clara, que se torna a mulher hipersexualidade, “tipo exportação”.

Segundo Jussara, o feminismo negro surgiu quando as mulheres negras perceberam que o próprio movimento negro tratava suas questões como menores, e reproduzia o machismo, e que os movimentos feministas marjoritariamente brancos também não fazia recortes que contemplavam suas realidades específicas. 

“Tentava-se construir um conjunto de bandeiras que fosse únicas,  numa tentativa de entender a mulher como sujeito universal. São as mulheres negras que vão trazer a principal contribuição que a gente tem no feminismo, que é o feminismo de interseccionalidade, de entender que as opressões são multifacetadas (fatores como raça, classe e etnia são por exemplo) e existe um fio condutor que nos une”, afirma Jussara. 

A discussão ocorreu na última segunda feira, 18, no auditório do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas (ICSA). O evento foi organizado pela disciplina de Serviço Social, Raça, Etnia, Gênero e Sexualidade, em conjunto com o Núcleo de Estudo Afro-Brasileiros e Indígenas da UFOP (Neabi) e o Coletivo Negro Braima Mané.

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