Um novo curso será ofertado na Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) a partir do 1º semestre letivo de 2023: o bacharelado em Administração Pública na modalidade presencial, que passa a compor a grade de cursos regulares da Instituição. O novo curso de graduação busca suprir a demanda por capacitação de agentes e servidores públicos em nível superior. O curso já é ofertado na modalidade EaD, no Centro de Educação a Distância (Cead) da UFOP, porém, haverá diferenças importantes entre as duas formas de oferta, que vão coexistir atendendo a diferentes públicos e proporcionando maior pluralidade na formação acadêmica dos alunos.
O bacharelado em Administração Pública tem como objetivo geral proporcionar ao egresso uma formação crítica, humanística e tecnológica, atenta a questões políticas e temáticas contemporâneas, que oriente a atuação do agente junto à sociedade. O projeto pedagógico do curso contempla a flexibilização curricular e valoriza a inter e a transdisciplinaridade, assim como a articulação com as demais áreas de formação e atuação profissional conectadas ao campo de públicas, além da qualificação e preparação inicial de futuros pesquisadores acadêmicos para a área.
Vão ser ofertadas 40 vagas, com entrada via Sistema de Seleção Unificada (SiSU), o mesmo utilizado para os demais cursos de graduação presencial da UFOP, em que são utilizadas as notas do candidato no Enem do ano anterior. Haverá abertura também, futuramente, para aqueles interessados em ingressar no curso por meio dos editais de vagas residuais. Com aulas ministradas no turno vespertino, pretende-se que o curso tenha uma identidade distinta daquela do curso em EaD, usualmente restrito a um público que já atua profissionalmente na área. As salas de aula estarão localizadas dentro do prédio do Cead, e também da Escola de Direito, Turismo e Museologia (EDTM).
Diferenças entre o curso EaD e o presencial
Há diferenças marcantes entre as ofertas presencial e a distância. Segundo a diretora do Cead, professora Kátia Gardênia Henrique da Rocha, por ser ofertado através do sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB), o curso em EaD segue a matriz estabelecida pelo Programa Nacional de Formação em Administração Pública (Pnap), voltado à necessidade de capacitação de servidores já vinculados ao setor público, o que não ocorre com o curso presencial, que conta com matriz própria.
Para a nova oferta, a matriz será atualizada, "em acordo com a realidade da região e com o contexto atual das demandas de um agente público", explica a professora Kátia, que afirma que isso não é possível para a matriz do curso em EaD, devido a suas particularidades. Elaborada em conformidade com a
Resolução do Conselho Nacional de Educação (CNE) nº 1, de 13 de janeiro de 2014, que institui as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) do curso de graduação em Administração Pública em nível de bacharelado, a matriz curricular para o curso presencial é distribuída em oito semestres.
Outro ponto interessante será a utilização de ferramentas digitais no curso presencial, a fim de aproveitar as possibilidades tecnológicas na formação dos alunos. O aluno matriculado no curso presencial vai cursar algumas disciplinas a distância, incluindo as eletivas e obrigatórias, além de atividades como a orientação de trabalhos de conclusão de curso. Com isso, será possível exigir menos presença do aluno em partes do percurso acadêmico, sobretudo nas fases finais da formação. Essa característica é apontada pelo coordenador do bacharelado em Administração Pública a distância, professor Lélis Maia de Brito, que também vai coordenar a modalidade presencial, como possibilidade de abranger também uma parte do público formada por pessoas que já trabalham e possuem menos tempo durante o dia para frequentar o campus.
O professor Lélis explica que haverá uma forma de integração entre os cursos presencial e EaD, ainda que se tratem de ofertas distintas, por meio de ferramentas digitais. Ambos os cursos estão localizados no Departamento de Gestão Pública e envolvem o corpo docente já estruturado, que conta com 14 professores com formação básica e doutorado em diversas áreas (Administração, Administração Pública, Arquitetura, Ciência Política, Economia, Direito, Sociologia, História, Educação, Engenharia de Produção, Engenharia Agrícola), os quais têm desenvolvido pesquisas e atividades de extensão ligadas ao campo de públicas.
Perfil do aluno no EaD e no ensino presencial
Com um mesmo curso sendo ofertado em modalidades distintas, é possível que fique a impressão de que há uma "competição interna" na Universidade. Na realidade, ambas as ofertas apresentam grandes diferenças, que devem ser consideradas pelos interessados, no tocante ao funcionamento e às grades curriculares, o que reflete também no perfil dos alunos que optam por cada modalidade. De acordo com a professora Kátia, os alunos que escolhem a formação no ensino a distância e aqueles que vão escolher o ensino presencial se encaixam em perfis distintos. Em geral, no ensino a distância, os alunos são em média maiores de 30 anos, alguns já possuem uma graduação e a maioria já atua profissionalmente no setor público e utiliza o curso como forma de complementar a formação e progredir na carreira. Vários desses estudantes têm famílias e filhos.
O curso em EaD chama a atenção desse público pois o atende melhor em função do cotidiano profissional, do perfil pessoal e da localização geográfica. Uma vez que há necessidade de deslocamento para os campi da UFOP e a obrigatoriedade de frequência em um mínimo de 75% das aulas no ensino presencial, frequentar a universidade mostra-se uma atividade pouco acessível para muitos gestores públicos. No entanto, a diretora explica que há uma grande diversidade de realidades entre os alunos, sendo parte do corpo discente originário de zonas rurais. Apesar de procurarem o ensino a distância, há alunos que não possuem internet em casa, por exemplo, e utilizam a estrutura dos polos presenciais onde o curso é ofertado.
O curso presencial é voltado para egressos do ensino médio — portanto, com uma média etária mais baixa que a do ensino a distância —, também moradores de cidades vizinhas a Ouro Preto, que possuem interesse pela área, independentemente de já possuírem formação ou atuação profissional. Assim, o perfil se aproxima mais do que já é conhecido nos cursos presenciais oferecidos pela Instituição.
De modo geral, em ambas as modalidades há uma prevalência de alunos da região, ainda que por razões diferentes. No EaD, há editais que exigem que os alunos sejam residentes a uma distância máxima dos polos presenciais, a fim de evitar que haja inscritos que não consigam frequentar as atividades presenciais obrigatórias e, consequentemente, desistências. Quanto ao curso presencial, o professor Lélis explica que há uma previsão para que o público principal também seja regional, levando em conta a própria concentração do curso em questões da própria localidade, ainda que seja possível que alunos de todo o país se inscrevam através do SiSU. "Com os estudantes mais jovens, a gente entende que eles serão mais engajados em causas sociais e que será um público mais crítico. Isso é muito bom tanto para a Universidade quanto para a área do campo de públicas", completa o professor.
Outro fator apontado pelo coordenador para se compreender o perfil dos discentes é o turno em que serão oferecidas as duas modalidades. O curso presencial será ofertado no período vespertino, atendendo majoritariamente alunos que não trabalham no horário. No EaD, com a maioria dos discentes trabalhando durante o dia, as interações síncronas são realizadas preferencialmente no período noturno.
Independentemente da modalidade escolhida, entende-se que o curso busca proporcionar a formação de pessoas que buscam uma carreira profissional que não se restrinja ao trabalho em organizações governamentais, mas compreenda também organizações sociais que lidam diretamente com o interesse público, incorporando áreas como: educação, saúde, cultura, esporte, sustentabilidade, empreendedorismo social, associativismo da sociedade civil, consultoria para órgãos públicos, articulação governamental, responsabilidade social das empresas e concessionárias de serviços públicos.
SiSU 2023
Como a primeira oferta está prevista para 2023, é necessário que os interessados na graduação em Administração Pública se inscrevam na edição de 2022 do Enem, a fim de utilizarem a nota obtida para concorrer às vagas pelo SiSU no ano seguinte. Com entradas regulares, currículo atualizado e oportunidades de engajamento com os órgãos locais e com a própria Universidade, a oferta presencial do curso em Administração Pública representa uma oportunidade de entrar no ensino superior tanto para quem se interessa por uma carreira no setor quanto pela vivência acadêmica proporcionada pela cidade de Ouro Preto e pelo campus Morro do Cruzeiro. Há também previsão de uma nova turma do curso em EaD no 2º semestre do próximo ano, atendendo assim ao público que tem preferência pela educação a distância. Nos editais de EaD também é utilizada a nota do Enem.