Criado por Nathalia Vergara em qui, 22/08/2019 - 14:55 | Editado por Rondon Marques há 5 anos.
O PNE determina diretrizes, metas e estratégias para a política educacional no período de 2014 a 2024. No caso da extensão, o plano estabelece a obrigatoriedade de que no mínimo dez por cento do total de créditos curriculares sejam voltados para programas e projetos de extensão universitária.
O processo de curricularização é debatido desde 2011, em reuniões entre a Pró-Reitoria de Extensão (Proex) e a Pró-Reitoria de Graduação (Prograd). Desses encontros, originaram-se atividades como o Seminário de Extensão e uma Comissão Interna de Extensão, responsável pela elaboração e aplicação do Manual de Curricularização.
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A curricularização será vinculada a projetos e programas, para que haja uma troca de saberes entre a Universidade e as comunidades à sua volta e, consequentemente, uma melhora no processo de aprendizado das duas partes. "Não adianta a gente colocar um aluno no mercado de trabalho sem ele compreender o que se passa em torno da Universidade. Durante muito tempo nós ficamos dentro de uma bolha da Universidade, então a gente precisa ter essa interrupção um pouco mais fácil, por meio dessa relação entre a Universidade e a sociedade. E o canal para isso é a extensão", acrescenta Marcos Knupp.
Para a estudante de Serviço Social e bolsista do projeto de extensão "Mineração do OuTro" Vitória Lattore, os projetos de extensão fazem parte da formação de ensino superior e são muito importantes. Ela ressalta ainda que "o tripé da universidade pública é justamente o ensino, a pesquisa e a extensão".
A bolsista diz perceber a garantia de um melhor diálogo e de uma troca de saberes entre o conhecimento acadêmico e popular, mas não vê a curricularização com bons olhos, principalmente, segundo ela, na conjuntura atual: "A tendência disso é a gente não discutir profundamente e não considerar qual é o caráter da extensão e como ela deve ser desenvolvida, fazendo com que a extensão seja um espaço que perde seu significado com as disciplinas extensionistas que podem ser feitas dentro da sala de aula. E eu acho que a extensão tem o papel de sair dos muros da universidade, de dialogar com a comunidade. E a gente está muito preocupado como isso vai ser, além de massificar a extensão e não garantir bolsas". Vitória conclui dizendo que o Seminário é bom para tirar as dúvidas sobre como a curricularização acontecerá de fato e tentar descobrir se ainda será mantida a troca de saberes.
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E, de fato, o Seminário foi polêmico, pois muitos comentaram sobre o Manual de Elaboração para a Curricularização, explicado por Flávio Andrade, assessor de relações comunitárias e comunicação da Proex. Flávio explicou que todos os departamentos atuarão em conjunto e com colegiados, que será alterada a matriz curricular, que a forma de cultura de extensão será alterada e que as bolsas de extensão acabarão e, no lugar, será como atividade complementar obrigatória. "Iremos informar internamente o mundo que tem lá fora", comenta.
A Pró-Reitora de Graduação, profª Tânia Rossi Garbin, diz que os alunos não precisam se preocupar e informa que os projetos de extensão dependem do projeto pedagógico de cada curso, que precisará definir por conta própria todas as questões burocráticas para então a Prograd atuar. "Não é a Prograd que vai definir como as atividades vão entrar no curso do aluno, é o curso que vai definir a partir do que é melhor para o curso, para os alunos e para a formação", explica.
A pró-reitora também esclarece que a carga horária não será alterada, mas que haverá mudanças internas para garantir que todos possam participar da extensão, inclusive os cursos mais teóricos. A ideia é implementar a curricularização na UFOP até 2021.
O pró-reitor Marcos Knupp defendeu a curricularização com o mesmo argumento ao defender a extensão: "esse diálogo é muito importante não só para nós, mas para a sociedade de modo geral. As comunidades também necessitam de um apoio de várias técnicas que temos aqui dentro e, por meio desse diálogo podemos levar essas técnicas, esse conhecimento e resolver problemas. É muito mais fácil de resolver de uma maneira que inclua alunos, professores e técnicos nesse processo".
Victória Palos, estudante de Arquitetura da UFOP, estava presente no Seminário e se interessou sobre o tema e espera que, com a curricularização, os projetos de extensão sejam mais abrangentes para todos os cursos e para mais alunos, pois, segundo ela, "a comunidade muitas vezes não sabe que eles podem entrar na UFOP, o que é passado aqui e muitas pessoas acham que a gente só está aqui para fazer festa e é muito importante mostrar o que nós fazemos, o que é desenvolvido e como podemos ajudá-los".